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Vídeo mostra soldados israelenses festejando após atingir palestino com tiro

Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra palestinos em protesto - Jaafar Ashtiyeh/AFP Photo - Jaafar Ashtiyeh/AFP Photo
Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra palestinos em protesto
Imagem: Jaafar Ashtiyeh/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

10/04/2018 12h20

O Exército israelense confirmou nesta terça-feira (10) a autenticidade de um vídeo polêmico que mostra soldados de Israel disparando contra um palestino perto da fronteira com a Faixa de Gaza e, depois, celebrando com gritos de alegria após atingi-lo.

O vídeo mostra alguns palestinos perto do muro que separa Israel e Gaza. Na sequência, um soldado acerta com tiros uma pessoa, que estava parada em pé próximo à fronteira, e outro militar filma. No momento em que o palestino cai no chão, ouvem-se gritos de alegria. "Que vídeo, filho da p***, que vídeo! É claro que eu filmei", diz um militar.

As imagens foram divulgadas primeiramente por uma emissora de televisão israelense, em um vídeo que não tem data. Depois, o vídeo polêmico circulou pela imprensa israelense e pelas redes sociais.

Segundo a cúpula militar, a ação ocorreu em dezembro do ano passado. "Após tentar dispersar os arruaceiros (...) uma bala foi disparada na direção de um dos palestinos suspeitos de ser o líder. Ele foi atingido na perna", afirmou o Exército em um comunicado.

Nas imagens, não é possível ter certeza se o palestino estava desarmado ou não. Não há informações sobre o estado de saúde do homem atingido.

O vídeo surge num momento em que o Exército israelense recebe críticas pela morte a tiros de mais de 30 palestinos em confrontos na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza desde o fim de março.

O ministro da Defesa israelense, Avigdor Lieberman, confirmou a autenticidade do vídeo e disse que o atirador "deveria receber uma medalha", ressaltando que o militar que filmou a ação "merecia ser rebaixado".

A ação do soldado israelense no vídeo também foi defendida por outros dois ministros. "Exagerou-se muito com este vídeo. Não são disparos contra uma pessoa qualquer, mas contra um terrorista que se aproxima da barreira em uma zona de acesso proibido e procedente de uma região controlada pelos terroristas do Hamas", alegou o ministro de Segurança Interna, Gilad Erdan, à rádio pública. "Estou convencido que tudo está OK", acrescentou.

O ministro da Educação, Naftali Bennett, defendeu na rádio militar as ações das tropas israelenses. "Julgar os soldados porque não se expressaram de maneira elegante quando estão defendendo nossas fronteiras não é sério. Apoio todos os soldados", afirmou Bennett, líder do Lar Judaico, um partido nacionalista religioso.

Mais de 30 palestinos mortos desde o fim de março

No domingo (8), o ministro da Defesa de Israel já havia defendido as ações ofensivas do Exército. "Não há ingênuos na Faixa de Gaza. Todo o mundo está conectado com o Hamas. Todos recebem um salário do Hamas, e todos os militantes que tentam nos desafiar e ultrapassar a fronteira são militantes do braço armado do Hamas", afirmou Lieberman na ocasião.

O Exército de Israel não registrou nenhuma morte. A instituição afirma que os atiradores mobilizados ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza são autorizados a disparar em algumas situações: quando os manifestantes estão armados, ameaçam a vida de soldados, tentam entrar em território israelense ou sabotar a barreira de segurança.

ONU pede investigação sobre mortes

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e a União Europeia pediram uma "investigação independente" sobre o uso de munição real por Israel, um pedido rejeitado pelo Estado hebraico.

"A questão dos franco-atiradores não é nova e é hora de o mundo acreditar no que dizemos" sobre a repressão israelense, disse Hanane Ashraui, uma autoridade palestina. "Há muito tempo, ninguém nos escuta ou acredita em nós, a menos que apresentemos um documento de origem israelense", completou.

A ONG israelense B'Tselem lançou na quinta-feira (5) uma campanha convocando os soldados israelenses a não abrir fogo contra palestinos desarmados.

(Com AFP)