"Incendiou-se em questão de segundos": Sobreviventes relatam fuga de avião que caiu no México
A queda de um avião da Aeroméxico na cidade de Durango, no norte do México, na tarde de terça-feira (31), não deixou mortos entre os 99 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. Os sobreviventes, no entanto, tiveram que fugir rapidamente da aeronave, que começou a pegar fogo minutos após tocar o solo.
Segundo o governo de Durango, o avião, um E190 da Embraer que faria a rota AM2431, decolou do aeroporto Guadalupe Victoria às 15h30 do horário local (17h30 de Brasília) rumo à Cidade do México, caindo pouco depois da decolagem a cerca de 300 metros da pista.
A aeronave teria sido atingida por uma forte rajada de vento, que fez com que ela perdesse altura bruscamente. O avião caiu em posição horizontal, o que permitiu a ativação dos tobogãs de segurança e a evacuação dos passageiros. Logo em seguida, começou o incêndio.
"Foi muito, muito feio", disse Lorenzo Núñez, de Chicago, ouvido pela agência Associated Press. Ele escapou do avião em chamas com a esposa e seus dois filhos. "Ele se incendiou em questão de segundos", disse.
De acordo com a AP, muitos passageiros conseguiram deixar o avião ainda antes da chegada das equipes de emergência. Alguns buscaram atendimento médico. As autoridades mexicanas passaram a tarde em busca dos passageiros para assegurar que todos sobreviveram e foram atendidos.
A maior parte dos 49 hospitalizados teve ferimentos leves, segundo o governo de Durango. O caso mais grave seria do piloto, que precisou passar por uma cirurgia em virtude de uma lesão na coluna. Outros passageiros tiveram queimaduras em até 25% do corpo.
'Decolamos rumo à tempestade'
A passageira Jaqueline Flores, 47, contou a jornalistas sobre os momentos de angústia antes e durante o pouso forçado. Mexicana moradora de Bogotá, na Colômbia, ela disse ter perdido passaporte e documentos no incêndio, mas agradeceu por ter sobrevivida junto com a filha de 16 anos. "Sinto-me abençoada e agradecida a Deus."
Segundo ela, o avião começou a decolagem às 15h09.
Acionaram as turbinas, senti a força do avião para decolar, mas ainda na pista já não havia visibilidade. Quando subimos, logo entramos nas nuvens e na tempestade. Senti que ele iria manobrar para se estabilizar, mas aí caiu
A passageira afirmou que o avião bateu na pista e foi parar em um terreno cheio de mato. "Enquanto ele deslizava [pelo chão], caíram todas as bagagens no corredor (...) e as pessoas foram jogadas para frente e para trás", contou Flores.
"Quando o avião parou, havia um buraco [na fuselagem] exatamente ao nosso lado. Estávamos nas poltronas 8A e 8B e saímos na altura da [fileira] 10, onde estava aberto. O avião se partiu e, como havia fogo, disse à minha filha: 'vamos pular por ali'. E saltamos", relatou. Segundo ela, uma garota saiu do avião chorando porque suas pernas ficaram queimadas.
Investigação
O aeroporto de Durango suspendeu durante horas suas operações e centenas de pessoas sofriam com o atraso dos voos. O local do acidente foi isolado e as autoridades vão analisar a caixa preta e as gravações para determinar as causas do acidente.
A Aeroméxico emitiu um comunicado no qual "lamenta profundamente este acidente" e se diz "concentrada em resolver esta situação e fazer todo o possível para auxiliar nossos clientes e suas famílias".
O avião "estava em perfeita manutenção" e contava com "todos os padrões de segurança em nível internacional", disse a empresa, acrescentando que a aeronave, de dez anos, operava há quatro anos na companhia mexicana.
A Embraer divulgou um comunicado dizendo lamentar o ocorrido. "A Empresa já se colocou à disposição das autoridades aeronáuticas para auxiliar nas investigações e uma equipe de técnicos da Embraer prepara-se para deslocar-se para o local do acidente", diz o texto.
(Com AP, AFP e Reuters)
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