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Tensão na fronteira: Roraima trata 7 venezuelanos feridos por arma de fogo

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

22/02/2019 17h53Atualizada em 22/02/2019 18h48

A Secretaria de Saúde de Roraima confirmou hoje que sete venezuelanos foram atendidos no hospital de Boa Vista, todos com ferimentos de arma de fogo. Eles são parte dos mais de 15 feridos em um confronto entre indígenas e forças de segurança chavistas no lado venezuelano da fronteira com o Brasil. A fronteira entre os dois países está fechada desde ontem por ordens do ditador Nicolás Maduro. Dois indígenas morreram.

Como não há insumos para atendimento médico na cidade venezuelana da fronteira, Santa Elena do Uairén, a passagem foi aberta para duas ambulâncias que transportaram os feridos até Boa Vista. O estado de saúde dos pacientes é considerado grave, e três deles estão em situação crítica. 

A fronteira venezuelana em Pacaraima (RR) foi fechada na noite de ontem para impedir a entrada de ajuda humanitária solicitada pelo presidente interino, Juan Guaidó --Brasil e cerca de 50 países, incluindo os EUA, não reconhecem a legitimidade de Maduro como presidente, e consideram Guaidó, que é presidente da Assembleia Nacional, como mandatário interino.

Em declarações para a agência de notícias Associated Press, o prefeito de Gran Sabana, Emilio Gonzáles, afirmou que os soldados dispararam balas de borracha e gás lacrimogêneo, e não armas de fogo.

Segundo autoridades, os mortos são da comunidade indígena Kumaracapay. A primeira morte foi confirmada pelo presidente interino, Juan Guaidó: a indígena Zoraida Rodriguez. Segundo o presidente interino, dois soldados dispararam contra indígenas que se manifestavam em um posto de controle em apoio à entrada das doações. A segunda vítima é Rolando García, segundo informaram os deputados opositores Americo de Grazia e Jose Guerra.

O irmão de Zoraida, Tony Rodríguez, contou à associação venezuelana Kapé-Kapé, que atua na região defendendo os povos indígenas, que o confronto começou quando os indígenas da comunidade tentavam impedir de fecharem a via por onde passaria a ajuda humanitária na fronteira do estado de Bolívar quando os soldados começaram a atirar. Segundo a Kapé-Kapé, Zoraida é mulher de Rolando García.

Desde que o Brasil começou, há poucos dias, a organizar o envio de ajuda humanitária em Pacaraima, soldados e tanques venezuelanos foram enviados para a região de fronteira.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) se reuniu com representantes do governo federal e com o governador de Roraima, Antonio Denarium, para tratar da questão venezuelana. O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, foi enviado para Cúcuta, na fronteira da Colômbia com a Venezuela, onde um outro grande ponto de transporte de doações está sendo organizado. É em Cúcuta que um show em apoio aos opositores está sendo realizado hoje.

Segundo relatos de jornalistas venezuelanos, as emissoras de TV que transmitiam o show dos opositores tiveram os sinais cortados.