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"Conseguimos", comemoraram passageiros de navio à deriva ao chegar em porto

Do UOL, em Brasília

24/03/2019 19h16

Passageiros que estavam a bordo do cruzeiro Viking Sky gritaram "nós conseguimos", de forma exultante, no momento em que o navio chegou ao porto de Molde, na Noruega, por volta do meio-dia de hoje (horário de Brasília, 16h no horário local). O relato é da emissora pública norueguesa "NRK", que acompanhou o processo de resgate iniciado ontem, quando a embarcação ficou à deriva no litoral oeste do país nórdico.

Os motores do Viking Sky, com 1.373 pessoas a bordo, pararam de funcionar devido a tempestades no mar. Os passageiros contaram à imprensa local que, por mais de 20 horas, o navio era a todo momento sacudido pelos ventos fortes e ondas de 6 m a 8 m de altura.

Ao menos 479 foram resgatados com a ajuda de helicópteros e 20 feridos receberam atendimento médico, de acordo com a empresa Viking Ocean Cruises, dona do navio. Entre as lesões, estão escoriações, ossos quebrados e cortes superficiais.

Os demais passageiros e tripulantes que permaneciam no navio chegaram em segurança depois que três motores do Viking Sky voltaram a funcionar, na manhã de hoje, possibilitando o deslocamento até o porto de Molde --a cerca de 370 km da capital Oslo.

Hans Vik, um dos policiais envolvidos na operação de resgate, afirmou que o cruzeiro ficou a cerca de 100 m de encalhar antes que os motores voltassem a funcionar. "Se ele tivesse encalhado, teríamos enfrentado um grande desastre", comentou.

O americano Jan Terbruegen afirmou à "Dagbladet", emissora afiliada da "CNN", que "móveis deslizaram pela sala e para trás" no período em que o cruzeiro era atingido pelo mar tempestuoso. Vídeos postados em redes sociais mostraram momentos de tensão no navio enquanto os turistas aguardavam resgate (veja a seguir).

Pessoas caíram no chão e havia muito vidro quebrado, segundo o turista. "Tentamos ficar mais na parte inferior do navio, perto do centro, porque era uma maneira de lidar com o enjoo", comentou.

Nós percebemos que o navio estava se deslocando em direção a algumas rochas. Isso foi o mais aterrorizante, eu acho. Mas felizmente esse não foi o nosso destino.

Jan Terbruegen, passageiro do navio

Também ao "Dagbladet", Beth Clark declarou ter sido uma das passageiras resgatadas de helicóptero pelas equipes de socorro. Ela descreveu a cena ao veículo de comunicação norueguês.

"O homem desceu do helicóptero, um dos guardas costeiros, ele tirou meu cinto e disse: 'segura!'. E eu me joguei 100 m no ar para chegar ao helicóptero", relatou. "Eu não olhei para baixo, então esse era meu grande medo. Todo mundo tinha medos diferentes, esse era o meu. Mas eles foram incríveis, quer dizer, assim que eles me levantaram, o guarda me agarrou e me puxou como se fosse um saco de batatas."

Região de navegação difícil

O Viking Sky, de 227 m de comprimento e 29 m de largura, fazia uma viagem de 12 dias, que havia começado no dia 14. A maioria dos passageiros era dos Estados Unidos e do Reino Unido, mas também havia canadenses e australianos a bordo, segundo a dona do navio, a Viking Cruises.

No momento do incidente, o cruzeiro navegava de Tromsø (norte) para Stavanger (sudoeste), e estava próximo da cidade de Alesund, a cerca de 370 km de Oslo. O comandante do navio lançou um alerta no começo da tarde de ontem (23), quando o mar agitado e problemas de motor fizeram com que ele começasse a flutuar em direção a uma costa rochosa.

A navegação é notoriamente difícil nesta região, conhecida como Hustadvika. As autoridades estudam a construção de um túnel para barcos em uma montanha do litoral para evitar a navegação em alto mar.

Apenas no fim da madrugada, no horário local, um dos quatro motores da embarcação voltou a funcionar e o cruzeiro pôde se estabilizar e ancorar na baía de Hustadvika, entre as cidades de Alesund e Trondheim, a 2 km da costa. A partir de então, começou a operação de resgate dos passageiros.