Até não religiosos lamentam, diz brasileiro que rezou missa em Notre-Dame
Há seis anos na França, o padre brasileiro Anderson Antonio Pedroso, 44, diz que a tristeza pelo incêndio que atingiu hoje a catedral de Notre-Dame não se limita aos religiosos no país.
"Aqui há muita gente que não crê, mas que tem cultura, respeita. Estão consternados, porque se vão com as chamas parte da história da arquitetura, da religião, da Humanidade. Não é pouca cosia", afirmou.
Padre jesuíta, Pedroso chegou a celebrar missas em Notre-Dame. E entre 2015 e 2017, ouviu confissões de fiéis e turistas duas vezes por semana nas cabines instaladas nas laterais da igreja - Pedroso fala português, francês e outros idiomas.
"Queria conhecer [a catedral] menos, para doer menos", disse ao UOL por telefone.
Tão perto, tão longe
O padre Pedroso mora a 20 minutos a pé da catedral, o ponto turístico mais visitado da França, mas disse que não pôde ir ao local ver os estragos.
"Ninguém pode chegar perto", afirmou.
Ele conta que tem grande conhecimento das obras de arte instaladas no local. Elas são seu objeto de estudo no doutorado em história da arte que realiza na Universidade Sorbonne.
Dois anos atrás, ele acompanhou um técnico durante uma inspeção aos sinos das torres de pedra da frente da catedral, que não são acessíveis a visitantes.
"Fomos andando e ele foi me explicando: 'essa madeira tem mil anos', 'nessa parte não se pode mexer'. É muita história. Mil e duzentos anos que se vão no ar", disse.
O padre brasileiro se diz preocupado, em especial, com o órgão de tubos existente no fundo da igreja, que foi restaurado há cerca de 3 ou 4 anos, e diz não ter muita esperança de que ele se salve.
"Acho muito difícil, e, mesmo que não queime, vai ficar danificado, porque é muito sensível", diz.
Pedroso conta que a obra de restauração da torrezinha (chamada de pináculo) que veio abaixo devido às chamas começou há quatro dias, depois que toda a estrutura de andaimes foi montada.
"Estava ameaçada e há anos a Igreja tentava autorização para o projeto de restauro, porque igrejas como a Notre-Dame pertencem ao Estado francês, e não à Igreja Católica", diz.
"Agora, vão levar anos e anos para reparar tudo o que se perdeu", lamenta. Segundo ele, há muitas igrejas na França em situação parecida, carentes de obras.
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