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Sabemos da importância da Notre-Dame para os franceses, diz brasileiro

Os turistas brasileiros Jeff Benício (à esq,) e Alex Freire, que estão em Paris - Tiago Leme/UOL
Os turistas brasileiros Jeff Benício (à esq,) e Alex Freire, que estão em Paris Imagem: Tiago Leme/UOL

Tiago Leme

Colaboração para o UOL, em Paris

16/04/2019 15h02

No dia seguinte ao fogo que destruiu parcialmente a Catedral de Notre-Dame, em Paris, o movimento hoje nos arredores do local foi até maior do que o habitual. Com celulares e câmeras na mão, uma multidão de curiosos, incluindo turistas brasileiros, esteve presente para testemunhar a cena triste dos escombros do incêndio em um monumento histórico que é um símbolo da França.

"Nós visitamos a Notre-Dame três dias atrás. Subimos em uma das torres e vimos do alto a torre central, que caiu, e o telhado que estava em reforma, com andaimes. É realmente chocante o que aconteceu, não dá para acreditar que uma construção tão grande pegou fogo desse jeito", afirmou o jornalista brasileiro Jeff Benício, que está de férias em Paris junto com o amigo Alex Freire.

"Viemos até aqui hoje na curiosidade para ver como a catedral ficou agora. Sabemos da importância dela para os franceses. Foi um dia triste, mas hoje já vemos que a vida deles segue normalmente", disse Benício.

No meio da multidão, apesar de alguns que destoavam querendo fazer selfies sorrindo e vídeos com brincadeiras, a maioria dos curiosos demonstrava tristeza e respeito com o incêndio em um dos pontos turísticos mais famosos do mundo, sagrado para os cristãos e motivo de orgulho para os franceses.

Paris comovida após incêndio em Notre-Dame

AFP

Brasileira que mora em Paris precisou de autorização

A Île de la Cité, pequena ilha no meio do rio Sena onde fica a Notre-Dame, teve o seu acesso fechado pela polícia desde ontem e ainda não tinha sido reaberto na tarde de hoje.

Apenas as pessoas que moram ou trabalham na região, munidas de documentos e uma carta de autorização da prefeitura, podiam passar pelas barreiras feitas nas ruas e pontes.

Foi o caso da jurista brasileira Marisa Reis, que mora na capital francesa há dez anos e trabalha em uma associação bem ao lado da igreja.

"É uma dor muito grande para todos, franceses e estrangeiros. Hoje pela manhã, cheguei bem perto da catedral e vi aquele cenário de destruição. É triste. Hoje só consegui chegar aqui depois de pegar a carta para poder entrar na Île de la Cité. Trabalho diariamente aqui e todos estão bem abalados", disse Marisa.

A jurista brasileira Marisa Reis, que mora trabalha perto da Notre-Dame - Tiago Leme/UOL - Tiago Leme/UOL
A jurista brasileira Marisa Reis, que mora trabalha perto da Notre-Dame
Imagem: Tiago Leme/UOL

Comércio fechado

Dentro da ilha e na praça em frente à Notre-Dame a movimentação é quase zero, com exceção de poucas pessoas autorizadas, bombeiros, policiais, autoridades e jornalistas.

Restaurantes, cafés e lojas de souvenir estão fechados. Por outro lado, nas ruas ao redor da barreira de segurança a quantidade de curiosos chama a atenção mesmo de quem está acostumado a estar ali todos dos dias.

"Hoje tem muito mais gente aqui do que o normal. O restaurante está lotado e com fila de espera. São muitas pessoas curiosas, querendo tirar fotos do que sobrou da catedral, querendo presenciar este fato histórico", disse o garçom Pierre Jardin, que trabalha no restaurante La Bucherie, que fica a poucos metros da igreja.

"Ontem foi uma correria grande aqui quando a fumaça começou e o fogo se alastrou pelo telhado. Teve muito cliente que saiu desesperado e sem pagar a conta do restaurante", contou Jardin.

Volta à rotina

Enquanto bombeiros continuam fazendo o trabalho de limpeza da Notre-Dame, e as autoridades avaliam o tamanho do prejuízo e quais obras de arte puderam ser salvas, os parisienses que moram na região tentam voltar à rotina depois de uma noite complicada.

Nesta terça pela manhã, o comerciante Enrico Tojat tentava convencer os policiais a deixa-lo voltar para sua casa, mas ainda aguardava uma autorização para entrar na área.

"Moro na rua ao lado da Notre-Dame, bem ao lado da rosácea. Ontem, fui evacuado de casa às pressas, saí apenas com meus principais documentos e um casaco. Preciso pegar minhas coisas lá e trabalhar", relatou Enrico.

"Hoje está tudo muito calmo, praticamente não tenho clientes pra comer aqui, acho que só jornalistas e policiais. Vamos ver quando a vida vai voltar ao normal. Mas o mais importante é preservar a história e reconstruir a Notre-Dame", disse Georges de La Rochebrochara, proprietário de um restaurante próximo à catedral.

O acesso à Île de la Citê ainda não tem previsão para ser reaberto, a a Notre-Dame deve ficar fechada para a visitação por anos, até passar por um longo trabalho de reconstrução, o que deve frustrar muitos turistas que pretendiam conhecer este monumento que começou a ser construído em 1163, há quase mil anos.

Vídeo mostra o interior de Notre Dame após o incêndio

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