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Irã: Boeing foi abatido sem ordem devido a bloqueio em telecomunicações

Avião ucraniano caiu no Irã logo após decolar  - Rohhollah Vadati/ ISNA / AFP
Avião ucraniano caiu no Irã logo após decolar Imagem: Rohhollah Vadati/ ISNA / AFP

Resumo da notícia

  • Um bloqueio nas telecomunicações teria provocado o engano do operador de mísseis
  • O governo do Irã pediu desculpas e prometeu punir os responsáveis
  • Mesmo assim, o governo responsabilizou parcialmente os EUA

Em razão de um bloqueio das telecomunicações, o operador de mísseis que abateu o Boeing ucraniano na quarta-feira (8) em Teerã realizou o disparo antes de receber a ordem, afirmou hoje um general iraniano Amirali Hajizadeh. O Estado-Maior das Forças Armadas iranianas admitiu que o Boeing 737 da Ukrainian Airlines, que caiu na última quinta-feira, foi abatido por um míssil por engano.

Hajizade explicou que o operador do sistema de defesa confundiu o dispositivo com "um míssil de cruzeiro". Antes de disparar, ele tentou entrar em contato com seus comandantes para obter aprovação, mas o sistema de comunicação deu erro e tomou uma decisão "ruim e precipitada".

"Todo o sistema defensivo estava no mais alto nível de alerta e foi anunciado através do sistema integrado que mísseis de cruzeiro haviam sido lançados contra o país. Naquela ocasião, o sistema estava diante, a uma distância de 19 quilômetros, de um alvo que se distinguia como um míssil de cruzeiro", afirmou.

Hayizadeh também reconheceu que havia dez segundos para decidir e que a Organização da Aviação Civil não foi informada de que cancelaria voos comerciais em Teerã.

"O erro foi nosso. Aceitamos todas as responsabilidades por este ato", reconheceu Hayizadeh, que isentou a Organização da Aviação Civil e o governo, justificando que essas instituições negavam a hipótese de responsabilidade pela queda, pois não possuíam as informações corretas.

O comandante esclareceu que eles não queriam ocultar o erro, mas que era necessário rever o que aconteceu antes de fornecer as informações oficiais.

Admissão

Segundo Teerã, a catástrofe foi provocada por um "erro humano", mas sua origem foi o "aventureirismo" dos Estados Unidos. O Irã pediu desculpas pelo incidente. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky exigiu a punição dos culpados e indenizações iranianas pela tragédia.

A aeronave, no qual viajavam 176 pessoas, foi identificada como um "avião hostil" e "atingido" no momento em que a ameaça inimiga se encontrava "no mais alto nível", revelou um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Irna.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou que seu país "lamenta profundamente" o incidente, que chamou de "grande tragédia" e "erro imperdoável".

A investigação interna das Forças Armadas concluiu que, lamentavelmente, mísseis lançados por um erro humano causaram o horrível impacto no avião e a morte de 176 inocentes.
Hassan Rohani, presidente do Irã

A maioria das vítimas era iraniana e canadense, mas também havia britânicos, suecos e ucranianos a bordo. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, exigiu transparência nas investigações e "justiça para as famílias e entes queridos das vítimas".

Hajizadeh disse que sua unidade assume "total responsabilidade" sobre o ataque ao avião ucraniano, que teria sido confundido com uma aeronave hostil ao país. Ele afirmou em pronunciamento transmitido pela televisão estatal que, ao saber do abate, desejou que ele próprio tivesse morrido. "Preferia estar morto a testemunhar um acidente semelhante."

O ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, também se manifestou sobre a catástrofe.

"É um dia triste", escreveu Zarif no Twitter, citando um "erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo dos americanos. Nosso profundo arrependimento, desculpas e condolências ao nosso povo, às famílias de todas as vítimas e às outras nações afetadas".

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, pediu admissão de culpa total por parte do país, além do pagamento de indenizações.

Esta manhã não foi boa, mas trouxe a verdade. Esperamos do Irã garantias de prontidão para uma investigação completa e aberta, levando os autores à justiça, devolvendo os corpos dos mortos, pagamento de compensações, desculpas oficiais por canais diplomáticos.
Volodymyr Zelenskiy, presidente da Ucrânia

Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Holanda já haviam antecipado que a queda era resultado de um míssil iraniano, e vídeos neste sentido foram publicados nas redes sociais. O jornal The New York Times mostrou um vídeo do avião explodindo durante o voo.

Governo americano impõe sanções ao Irã

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* Com informações da AFP e EFE.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Justin Trudeau é primeiro-ministro do Canadá, e não presidente. A informação foi corrigida.