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Como Biden deve enterrar planos de Sanders na corrida pela oposição a Trump

Sanders (esq) e Biden, pré-candidatos democratas -- de oposição a Trump - TIMOTHY A. CLARY / AFP
Sanders (esq) e Biden, pré-candidatos democratas -- de oposição a Trump Imagem: TIMOTHY A. CLARY / AFP

Guilherme Russo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/03/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Partido Democrata, de oposição a Trump, tem mais uma rodada de primárias amanhã
  • Joe Biden, que foi de vice de Obama, está na liderança
  • Sanders, mais à esquerda no espectro político, precisa vencer no estado de Michigan
  • Mas pesquisas mostram vantagem para Biden

Nos Estados Unidos, a próxima rodada das primárias do Partido Democrata, amanhã (10), tende a aproximar ainda mais Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, de ser o indicado para enfrentar o presidente norte-americano Donald Trump em 3 de novembro, abrindo distância em relação ao colega de partido Bernie Sanders.

Para se tornar candidato pelos democratas, é preciso apoio de 1.991 dos 3.979 delegados do partido nas primárias. Biden já tem 664 — 91 a mais do que Sanders.

Nessa matemática, um dos estados que tem primárias amanhã, Michigan, deve ser crucial.

"Se Biden vencer em Michigan, ele será o indicado", disse ao UOL Lincoln Mitchell, professor de Ciência Política na Universidade Columbia.

Entenda:

Contagem até o momento

Há 1.397 delegados escolhidos, e a maioria dos pré-candidatos democratas abandonaram a corrida, restando basicamente Biden e Sanders na disputa. A contagem é esta:

  • Joe Biden - 664
  • Bernie Sanders - 573
  • Elizabeth Warren - 64 - que se retirou da disputa
  • Michael Bloomberg - 61 - que se retirou da disputa
  • Pete Buttigieg - 26 -- que se retirou da disputa
  • Amy Klobuchar - 7 -- que se retirou da disputa
  • Tulsi Gabbard - 2

Biden pode se isolar na liderança

Nesta terça, a disputa ocorre em:

  • Michigan, que tem 125 delegados e 29% dos eleitores preferindo Biden e 22,5% a favor de Sanders, segundo pesquisa da última quarta (4) encomendada pelo jornal Detroit News e pela WDIV-TV
  • Mississippi, com 36 delegados, e Missouri, com 68 delegados. Nesses estados, Hillary Clinton, com posições mais ao centro, como Biden, venceu em 2016
  • Idaho, com 20 delegados; Dakota do Norte, com 14 delegados; e Washington, com 89 delegados. Nesses locais, repetindo-se o comportamento de quatro anos atrás, Sanders pode levar vantagem

Para o analista político Mitchell, o cenário é mais favorável a Biden.

Ele afirma que mesmo no caso de uma vitória de Sanders em Michigan, o adversário de Biden poderia "manter vivas suas esperanças, mas, na semana seguinte [na Flórida], o prognóstico é muito ruim para ele".

Isso porque na Flórida, no dia 17, as primárias devem garantir a Biden mais 219 delegados.

"Perder em Michigan realmente fecharia a porta para a candidatura de Sanders", afirmou Mitchell ao UOL.

Segundo o portal Real Clear Politics na última quinta (5), que compila e publica resultados de pesquisas eleitorais nos EUA, Biden tem 51,5% da preferência dos democratas na Flórida. Sanders registra média de 14% no estado e, se não atingir 15%, sua candidatura é considerada inviável pelo Partido Democrata, e ele não obtém os delegados proporcionais aos votos que receber.

Vantagem em Michigan e em Mississippi

Mitchell ressaltou que o fato de Michigan ter cidades com grande eleitorado afro-americano contribui para uma possível vitória de Biden no Estado. "E também há o voto de uma classe trabalhadora composta de brancos mais velhos, eleitores de Biden. Como muitos deles, Biden é mais velho, branco e católico".

Segundo o analista, o voto afro-americano deve garantir nesta terça uma vitória a Biden também no Mississippi, estado com maior percentual de negros nos EUA — 36,33%.

Há um outro fator que pode beneficiar Biden este ano. No Estado de Washington, a escolha do candidato democrata este ano será por primárias, e não por caucus — sistema em que as pessoas se reúnem em escolas, casas, bibliotecas ou outros espaços para debater e escolher o candidato.

E as primárias, diz Mitchel, devem beneficiar Biden: o eleitorado mais velho e mais economicamente ativo não costuma ter tanto tempo para participar das longas discussões, diferentemente da realidade dos jovens eleitores de Sanders.