Como Biden deve enterrar planos de Sanders na corrida pela oposição a Trump
Resumo da notícia
- Partido Democrata, de oposição a Trump, tem mais uma rodada de primárias amanhã
- Joe Biden, que foi de vice de Obama, está na liderança
- Sanders, mais à esquerda no espectro político, precisa vencer no estado de Michigan
- Mas pesquisas mostram vantagem para Biden
Nos Estados Unidos, a próxima rodada das primárias do Partido Democrata, amanhã (10), tende a aproximar ainda mais Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, de ser o indicado para enfrentar o presidente norte-americano Donald Trump em 3 de novembro, abrindo distância em relação ao colega de partido Bernie Sanders.
Para se tornar candidato pelos democratas, é preciso apoio de 1.991 dos 3.979 delegados do partido nas primárias. Biden já tem 664 — 91 a mais do que Sanders.
Nessa matemática, um dos estados que tem primárias amanhã, Michigan, deve ser crucial.
"Se Biden vencer em Michigan, ele será o indicado", disse ao UOL Lincoln Mitchell, professor de Ciência Política na Universidade Columbia.
Entenda:
Contagem até o momento
Há 1.397 delegados escolhidos, e a maioria dos pré-candidatos democratas abandonaram a corrida, restando basicamente Biden e Sanders na disputa. A contagem é esta:
- Joe Biden - 664
- Bernie Sanders - 573
- Elizabeth Warren - 64 - que se retirou da disputa
- Michael Bloomberg - 61 - que se retirou da disputa
- Pete Buttigieg - 26 -- que se retirou da disputa
- Amy Klobuchar - 7 -- que se retirou da disputa
- Tulsi Gabbard - 2
Biden pode se isolar na liderança
Nesta terça, a disputa ocorre em:
- Michigan, que tem 125 delegados e 29% dos eleitores preferindo Biden e 22,5% a favor de Sanders, segundo pesquisa da última quarta (4) encomendada pelo jornal Detroit News e pela WDIV-TV
- Mississippi, com 36 delegados, e Missouri, com 68 delegados. Nesses estados, Hillary Clinton, com posições mais ao centro, como Biden, venceu em 2016
- Idaho, com 20 delegados; Dakota do Norte, com 14 delegados; e Washington, com 89 delegados. Nesses locais, repetindo-se o comportamento de quatro anos atrás, Sanders pode levar vantagem
Para o analista político Mitchell, o cenário é mais favorável a Biden.
Ele afirma que mesmo no caso de uma vitória de Sanders em Michigan, o adversário de Biden poderia "manter vivas suas esperanças, mas, na semana seguinte [na Flórida], o prognóstico é muito ruim para ele".
Isso porque na Flórida, no dia 17, as primárias devem garantir a Biden mais 219 delegados.
"Perder em Michigan realmente fecharia a porta para a candidatura de Sanders", afirmou Mitchell ao UOL.
Segundo o portal Real Clear Politics na última quinta (5), que compila e publica resultados de pesquisas eleitorais nos EUA, Biden tem 51,5% da preferência dos democratas na Flórida. Sanders registra média de 14% no estado e, se não atingir 15%, sua candidatura é considerada inviável pelo Partido Democrata, e ele não obtém os delegados proporcionais aos votos que receber.
Vantagem em Michigan e em Mississippi
Mitchell ressaltou que o fato de Michigan ter cidades com grande eleitorado afro-americano contribui para uma possível vitória de Biden no Estado. "E também há o voto de uma classe trabalhadora composta de brancos mais velhos, eleitores de Biden. Como muitos deles, Biden é mais velho, branco e católico".
Segundo o analista, o voto afro-americano deve garantir nesta terça uma vitória a Biden também no Mississippi, estado com maior percentual de negros nos EUA — 36,33%.
Há um outro fator que pode beneficiar Biden este ano. No Estado de Washington, a escolha do candidato democrata este ano será por primárias, e não por caucus — sistema em que as pessoas se reúnem em escolas, casas, bibliotecas ou outros espaços para debater e escolher o candidato.
E as primárias, diz Mitchel, devem beneficiar Biden: o eleitorado mais velho e mais economicamente ativo não costuma ter tanto tempo para participar das longas discussões, diferentemente da realidade dos jovens eleitores de Sanders.
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