Topo

O que se sabe sobre o estado de saúde do líder norte-coreano Kim Jong-un

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/04/2020 12h23Atualizada em 27/04/2020 11h55

O estado de saúde do líder norte-coreano Kim Jong-un ainda é cercado de dúvidas, mas a possível piora que foi noticiada pode não ter passado de especulações. Depois de ter sido dado como morto por alguns veículos ocidentais, autoridades da Coreia do Sul atestam que ele está "vivo e bem".

"Nossa posição no governo é firme", disse Chung-in Moon, consultor de política externa do presidente sul-coreano, Moon Jae-In, ao canal norte-americano Fox News no domingo (26). "Kim Jong-Un está vivo e bem. Ele está na área de Wonsan desde 13 de abril. Até agora, nenhum movimento suspeito foi detectado."

As suspeitas sobre uma possível piora da sua saúde começaram no meio de abril, quando Kim não se pronunciou em um dos mais importantes feriados nacionais da Coreia do Norte e ganhou força após a publicação da rede de televisão norte-americana CNN na segunda-feira (20) de que ele estaria em "estado grave".

Até então, a notícia havia repercutido principalmente no Ocidente. Com regime fechado, a Coreia do Norte não costuma divulgar boletins com informações sobre o estado de saúde de Kim nem reportou qualquer mudança em seu regime.

A Coreia do Sul nunca chegou a publicar um comunicado que mostrasse preocupações quando ao estado de saúde do ditador ao norte ou qualquer mudança no governo de Kim. A China, país que mantém boas relações com o regime norte-coreano, enviou médicos militares a Pyongyang no último sábado (25) para analisar a situação, mas não se pronunciou.

Neste mesmo dia, o portal norte-americano "TMZ" publicou que, após uma suposta cirurgia cardíaca, o líder asiático teria morrido ou estaria em estado vegetativo. As fontes seriam veículos asiáticos, mas a publicação não teria confirmado a informação.

Apesar de não falar em estado de saúde, a imprensa oficial norte-coreana, KCNA, tem divulgado notícias que envolvem o líder com normalidade. Após o levantamento de suspeitas por parte da imprensa, a publicação informou que Kim teria enviado uma carta ao presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, parabenizando-o pelo seu aniversário.

Rumores vão de "estado grave" a "morte cerebral"

Os rumores ganharam força no último dia 15, durante a comemoração de aniversário de Kim Il-Sung, avô de Kim, morto em 1994. Fundador do país, ele é até hoje considerado o líder supremo da nação e a data é um dos principais feriados do país.

Foi a primeira vez que Kim, como líder, não se pronunciou em meio à comemoração. Na época, foi especulado que ele estaria se protegendo do novo coronavírus, mas, na última segunda, o correspondente Brian Stelter, do canal CNN, divulgou que ele estaria internado "em estado grave".

A fonte, segundo Stelter, seria uma descoberta do Departamento de Inteligência dos Estados Unidos. O governo norte-americano não confirmou oficialmente a informação.

Os rumores também são fomentados pelo sumiço de Kim na mídia estatal. Nesta segunda, somam-se 16 dias que o líder norte-coreano não aparece publicamente ou na imprensa do país.

A explicação para o sumiço, segundo o "Daily NK", portal norte-coreano administrado por exilados do país com base na Coreia do Sul, é que o líder estaria se recuperando de um procedimento cardiovascular realizado no dia 12 de abril, em uma casa no campo.

Sem confirmar a cirurgia, a versão do isolamento foi reforçada pelo estado sul-coreano no último domingo, em entrevista à "Fox News" e pelo portal norte-americano "38North", especializado em notícias do país, que diz ter encontrado o trem do ditador em um balneário remoto.

O "38North" explica que a presença desse trem "não prova nada em relação ao local onde o líder norte-coreano está, nem indica nada sobre seu estado de saúde, mas confirma as informações de que Kim estaria em uma área reservada para a elite na costa leste."

De acordo com a revista "Business Insider", agências de inteligência dos EUA e da Coreia do Sul não acreditam que o ditador norte-coreano esteja morto.

Com o desaparecimento, no entanto, os boatos têm ganhado forma. Na semana passada, uma correspondente da rede de televisão norte-americana "NBC", Katy Tur, chegou a publicar em seu Twitter que o ditador havia sofrido morte cerebral, mas apagou a publicação pouco depois.

O "TMZ" também publicou uma nota, amplamente repercutida no Ocidente, em que atestava a morte de Kim. Segundo a publicação, uma chinesa com mais de 15 milhões de seguidores no Weibo teria publicado na plataforma que ele havia morrido e uma revista japonesa teria descoberto que ele está em "estado vegetativo".

Nenhuma das informações foi confirmada pelo "TMZ".

Em meio aos rumores, a jornalista Jean H. Lee, especialista no estado norte-coreano, publicou no sábado que "ninguém fora do seu pequeno círculo" sabe o que está ocorrendo com Kim. Segundo ela, é preciso esperar por "fontes confiáveis" com boletins sobre seu estado de saúde.

Não é o primeiro sumiço de Kim

Esta não é a primeira vez que o polêmico líder da Coreia do Norte some por diversos dias sem prestar satisfações. Em 2014, Kim ficou 40 dias sem aparecer publicamente ou em nenhum veículo oficial e o motivo é desconhecido até hoje.

Kim havia comparecido a uma apresentação musical no dia 3 de setembro de 2014, acompanhado por sua esposa Ri Sol Ju. No final daquele mês, faltou uma reunião da legislatura da Coreia do Norte e seu assento foi filmado vazio.

Como agora, logo surgiram rumores sobre seu estado de saúde. O ditador só voltou a aparecer no dia 14 de outubro daquele ano, andando com a ajuda de uma bengala. Nenhuma explicação foi dada pelo Estado norte-coreano.