Médico cita clima de guerra em Beirute: 'Tanta desgraça que não esquecerei'
O médico libanês Charbel el Hachem contou em entrevista para a CNN Brasil que a capital Beirute ficou em clima de "guerra" após a explosão que ocorreu ontem na região portuária. Segundo o governo, pelo menos 135 pessoas morreram e mais de 5 mil ficaram feridas.
"É tanta desgraça que nunca vou esquecer isso na minha vida. Eu era mais jovem quando teve a guerra [civil no país, de 1975 a 1990]. O que vimos ontem foi uma situação de guerra. Não sabíamos onde começar e onde ia terminar", contou o cirurgião, que morou por sete anos no Brasil.
"A situação é péssima, parece guerra. Ontem, a gente viu um inferno aqui, porque o sistema hospitalar, tanto público quanto privado, ficou lotado. Muitos feridos, muita gente internada", completou.
Charbel relatou que estava em casa, após um dia de trabalho, quando houve a explosão. Ele foi chamado para o hospital onde trabalha e ficou impressionado com o número de pessoas que já precisavam de cuidados.
Hoje, mais feridos foram levados ao hospital, já que as ambulâncias da cidade não conseguiram cuidar de todos após a explosão.
Situação econômica precária
Segundo o médico, o Líbano está em uma situação econômica precária e a pandemia do coronavírus segue forte na região, principalmente após o governo abrir os aeroportos.
"Os hospitais já estavam lotados. O governo abriu os aeroportos para ter mais dinheiro e assim não conseguiu controlar o número de pacientes com covid. Tem muitas pessoas que [chegaram e] não fizeram testes."
O cirurgião apontou que o sistema hospitalar, especialmente em Beirute, não está bem preparado para assegurar a saúde das pessoas que estão feridas após o acidente.
"Chegou essa explosão, que pegou quase 5 mil feridos, e isso gerou uma pressão alta sobre o sistema hospitalar privado e público. Em pouco tempo não teremos material hospitalar", acrescentou.
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