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Morte de advogado lembra George Floyd e gera onda de protestos na Colômbia

Do UOL, em São Paulo

10/09/2020 11h53Atualizada em 10/09/2020 14h43

Pelo menos sete pessoas morreram e 362 ficaram feridas após uma noite de protestos contra a violência policial em Bogotá e Soacha, na Colômbia. Os atos foram motivados pelo caso do advogado Javier Ordóñez, 43, morto na noite de terça-feira (8) após levar sucessivos choques elétricos quando estava sob custódia policial.

Do total de mortes, cinco aconteceram em Bogotá e duas em Soacha, segundo o jornal El Tiempo. Entre os feridos, 248 são civis e 114, policiais — a maior parte da capital colombiana. Pelo menos 58 pessoas têm ferimentos por arma de fogo, cuja utilização, segundo a prefeita de Bogotá, Claudia López, não foi autorizada.

"Ontem à noite estive na MEBOG [Polícia Metropolitana de Bogotá] das 20h45 à 1h30 da manhã, coordenando o PMU [Posto de Mando Unificado] distrital. Ninguém deu ordem para usar armas de fogo, muito menos de maneira indiscriminada. Mas temos evidências de que assim aconteceu em vários lugares. Estamos reconstruindo os fatos com vítimas e familiares", escreveu ela em uma rede social.

A morte de Ordóñez gerou comparações ao caso George Floyd, um homem negro morto em maio pela polícia, nos Estados Unidos. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver policiais se ajoelhando em Ordóñez, como aconteceu com Floyd, enquanto o advogado leva choques elétricos e diz: "Estou sufocando".

"Atenção: isso aconteceu ontem à noite [8], na zona oeste de Bogotá. O homem detido por dois policiais, que usaram armas de choque, morreu horas depois em uma clínica. A polícia afirma que reagiu às agressões dessas pessoas [do vídeo]. Grave denúncia de abuso policial", relata um jornalista da BluRadio Colombia.

Os policiais dizem ter sido chamados por conta de uma suposta briga e, ao chegarem no local, segundo o coronel Alexander Amaya, encontraram oito pessoas alcoolizadas e discutindo.

"A polícia teve que controlá-las, e uma destas pessoas foi conduzida ao CAI [delegacia]. Uma delas apresentava ferimentos e imediatamente foi levada ao centro médico mais próximo. Infelizmente chegou sem sinais vitais", diz a versão apresentada por Amaya.

O episódio desencadeou uma série de confrontos entre civis e policiais, concentrados principalmente na capital Bogotá. Aos gritos de "assassinos!", como relata o El País, os manifestantes protestaram em frente à delegacia para onde Ordóñez foi levado. Veículos foram destruídos e lixeiras, incendiadas. A polícia revidou com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.

Pela manhã, a prefeita Claudia López também compartilhou um vídeo em que aparece lamentando os mortos e feridos nos protestos. Ela defendeu uma reforma estrutural da polícia, mas condenou os atos de violência e vandalismo registrados nas manifestações.

"Hoje é um dia que dói por onde quer que se olhe. Minhas condolências aos familiares e amigos daqueles que morreram ou estão feridos. Destruir Bogotá não consertará a polícia. Nos destruir não consertará nada. Vamos nos concentrar em conquistar justiça e uma reforma estrutural das forças de segurança", escreveu Claudia.