"Zombaria" e "mentiras": como os jornais viram o debate de Trump e Biden
Marcado pelas trocas de insultos, acusações e por interrupções, o primeiro debate das eleições presidenciais nos Estados Unidos rendeu duras críticas ao presidente americano Donald Trump na imprensa internacional. Veículos tradicionais apontaram para uma "quebra de regras" de Trump e Joe Biden, o candidato democrata, afirmando que os dois se interrompiam sucessivamente.
O The New York Times afirmou que Trump "atropelou o decoro" no debate com Biden, e citou que ambos "expressaram um alto nível de desprezo um pelo outro, inédito na política americana moderna". A publicação disse ainda que o comportamento de Trump durante o debate foi de "zombaria".
"As táticas estilo 'escavadeira' do presidente representam um risco extraordinário para um governante que está atrás de Biden [nas pesquisas], porque os eleitores, incluindo alguns que o apoiaram em 2016, estão cansados de seus ataques e explosões quase diárias", publicou o New York Times.
O jornal norte-americano também afirmou que Trump "temperou seus comentários com afirmações enganosas e mentiras" e citou a fala do republicano sobre a vacina ser "iminente", contrariando as perspectivas científicas e as projeções de membros do governo.
O NYT também destacou que, durante o debate sobre racismo, Trump não condenou os supremacistas brancos. Ele chegou a ser provocado por Chris Wallace, jornalista da Fox News que moderou o debate, mas não se posicionou contra grupos de extrema-direita.
Já britânico The Guardian destacou o "cala boca" de Biden a Trump, em um momento em que o ex-vice-presidente perdeu a paciência com as interrupções do republicano. O Guardian também destacou a parte econômica do debate, que, em determinado momento, gerou discussão sobre a cobrança de impostos nos Estados Unidos.
Biden citou reportagem do The New York Times, que acusa o republicano de não ter pago o Imposto de Renda por 10 anos. Em resposta, Biden e sua vice, Kamala Harris, divulgaram hoje suas declarações no Twitter.
Questionado pelo moderador quanto de fato pagou em impostos, Trump respondeu ter sido "milhões de dólares". Também disse que Obama lhe concedeu o privilégio de prestar menos contas ao governo.
O jornal britânico destacou ainda os "insultos pessoais" proferidos pelos candidatos em meio às discussões. Biden, que falou a maior parte do tempo virado para a câmera, se virava para Trump para desferir insultos.
O democrata chegou a chamar Trump de "palhaço", "cachorrinho do [presidente russo] Putin" e "pior presidente dos Estados Unidos".
Filho de Biden e "Twitter Trump"
O The Washington Post também citou que Trump ignorou regras e fez ataques pessoais a Biden, incluindo a seu filho, acusado pelo presidente de corrupção em um caso que envolve um alto cargo em uma empresa de gás na Ucrânia. Em contrapartida, o jornal afirmou que Biden tentou "permanecer com sua mensagem".
Os movimentos deliberados de Biden para as câmeras também foram citados pela BBC, que publicou análise logo após o debate. O artigo aponta que Biden olhava diretamente para a câmera para se dirigir aos eleitores, tendo em vista que Trump está atrás nas pesquisas. Em mais de um momento Biden questionou os espectadores se eles poderiam confiar em Trump.
O repórter Anthony Zurcher citou que, no primeiro debate, "Twitter Trump — o aspecto não convencional, bombástico, insultuoso e fomentador de rumores deste presidente — esteve em plena exibição durante o evento de uma hora e meia".
Para Zurcher, o principal fio condutor da linha de argumentação de Trump estava focado no fato de Joe Biden ter trabalhado por décadas no serviço público e não ter conseguido resolver determinados problemas que assolam a sociedade norte-americana.
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