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Jornal: Exército simulou guerra entre países da Amazônia e gastou R$ 6 mi

Imagem meramente ilustrativa - Exército fez simulação de guerra sem precedentes na Amazônia - Bumblee_Dee
Imagem meramente ilustrativa - Exército fez simulação de guerra sem precedentes na Amazônia Imagem: Bumblee_Dee

Do UOL, em São Paulo

14/10/2020 09h41Atualizada em 14/10/2020 10h35

O Exército gastou R$ 6 milhões em combustível, horas de voo e transporte para simular uma guerra entre dois países na Amazônia, numa operação que nunca havia sido feita no país, segundo reportagem do jornal O Globo, que obteve informações por meio da Lei de Acesso à Informação.

A simulação ocorreu entre 8 e 22 de setembro, envolveu 3,6 mil militares e se concentrou nas cidades de Manacapuru, Moura e Novo Airão (AM). No dia 18 de setembro, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, fez uma visita a Roraima, região de fronteira com a Venezuela, e se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.

A visita foi criticada por autoridades brasileiras, por ter ocorrido durante a campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à reeleição e por ter se passado na região de fronteira. Brasil e Estados Unidos estão entre os países que reconhecem o líder de oposição Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela, e não Nicolás Maduro.

A "guerra" também ocorreu num momento de animosidade com o país vizinho, quando o governo brasileiro emitiu uma nota pela qual retira o status diplomático de funcionários venezuelanos que, em Brasília, atuavam como representante de Maduro.

'Operação Amazônia'

A ação foi batizada de Operação Amazônia e a a Força informou que, da forma como foi feita, trata-se de ação inédita. Os militares criaram um campo de guerra em que um suposto país "Vermelho" invadiu um país "Azul", sendo necessário expulsar os invasores.

"Dentro da situação criada e com os meios adjudicados, foi a primeira vez que ocorreu este tipo de operação", informou o Exército ao jornal. Os R$ 6 milhões gastos saíram do Coter (Comando de Operações Terrestres), mas outros gastos com a operação, além de combustível, horas de voo e transporte de civis não foram informados.

"Foram empregados diversos meios militares, tais como viaturas, aeronaves (aviões e helicópteros), balsas, embarcações regionais, ferry-boats, peças de artilharia, o sistema de lançamento de foguetes Astros da artilharia do Exército, canhões, metralhadoras, 'obuseiro' Oto Melara e morteiros 60, 81 e 120 mm, além de veículos e caminhões especiais", afirmou o Exército.

Segundo a reportagem, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, visitaram a região no dia 14 de setembro.

O Comando Militar da Amazônia informou ao jornal que 20 foguetes foram disparados pela artilharia do Exército no dia 15, na altura do quilômetro 61 da rodovia AM-010. O objetivo foi "neutralizar uma base do Exército oponente". O Exército diz que trabalha na elaboração de lançadores de foguetes com alcance de 300 quilômetros.

Em nota ao jornal, o ministério da Defesa informou que "foi um exercício em campanha com tropa no terreno que simulou uma ação convencional no contexto de amplo espectro e em ambiente operacional de selva".

"As ações ocorreram sobre uma imensa área e tiveram como objetivo estratégico elevar a operacionalidade do Comando Militar da Amazônia. A operação consiste em importante preparação para a atividade-fim das Forças Armadas, de defesa da soberania nacional, principalmente em uma região que tem a prioridade do Brasil", acrescentou a pasta.

A reportagem de O Globo informou ter enviado questionamentos ao Itamaraty e à Embaixada dos EUA sobre a visita de Pompeo no mesmo momento da simulação de guerra pelo Exército, mas não teve resposta.