Topo

Diplomatas consideram positiva viagem à Amazônia, mas cobram plano de ações

Vice-presidente Hamilton Mourão conversa com ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura) durante viagem à Amazônia  - Reprodução
Vice-presidente Hamilton Mourão conversa com ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura) durante viagem à Amazônia Imagem: Reprodução

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

10/11/2020 10h15

Diplomatas de países europeus sinalizaram que a viagem à Amazônia, organizada pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), foi um gesto de boa intenção política, mas cobram ações concretas com metas de preservação do meio ambiente. Representantes do Reino Unido e da Alemanha, que estiveram na viagem, pediram "plano transparente" e resultados "mensuráveis" da atuação brasileira.

Sob críticas internacionais pelo aumento do desmatamento e de queimadas, Mourão levou representantes de dez países, da União Europeia e da OTCA (União Europeia e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) para uma viagem de três dias pela Amazônia. Participaram os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tereza Cristina (Agricultura) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). A viagem terminou na sexta-feira (06).

A encarregada de negócios do Reino Unido no Brasil, Liz Davidson, cobrou ação com metas quantitativas e o fim do desmatamento líquido (relação entre a quantidade desmatada e restaurada de florestas) até 2030 "para vermos uma redução significativa e permanente no desmatamento da região".

Liz destacou que "foi uma pena não ter ido a áreas mais afetadas por desmatamento e não ter tido a oportunidade de conversar com organizações e lideranças sociais que atuam na região, o que teria ajudado a conduzir o nosso diálogo de forma mais equilibrada e transparente".

O embaixador da Alemanha, Heiko Thoms, considerou que "boas intenções" e "experiência" são importantes, mas não suficientes.

"O que é importante agora é ter um plano de ação para reduzir o desmatamento, com metas concretas, prazos fixos e resultados mensuráveis", afirmou em postagem no Twitter.

Ao UOL o embaixador da Espanha, Fernando García Casas, avaliou que o processo de diálogo do governo brasileiro foi um passo importante, mas que são necessárias ações com integração entre o governo, sociedade civil e empresas.

"A avaliação é muito positiva pelo esforço logístico e político, e estabelece um processo de diálogo que tem que continuar. Marca a agenda positiva da Amazônia", disse Casas.

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, avaliou que são necessários "resultados na luta contra o desmatamento para ampliar nosso engajamento em favor do desenvolvimento sustentável na Amazônia".

Para a embaixadora do Canadá, Jennifer May, o Brasil é um protagonista e guardião na proteção ambiental.

"Acreditamos que as vozes dos povos indígenas e da sociedade civil são fundamentais e precisam ser ouvidas, inclusive aqui no Brasil", escreveu no Twitter.

Antes da viagem do governo brasileiro, o Greenpeace enviou a diplomatas que participariam da agenda um roteiro alternativo com áreas vulneráveis no Pará e Amazonas.

Ação diplomática

A comitiva passou por Manaus, São Gabriel da Cachoeira (AM) e Maturacá (AM). Visitaram ações do governo relacionadas à regularização fundiária, combate à extração ilegal de madeira, encontro com etnias indígenas. Mourão defendeu que a viagem mostraria problemas reais e ações de sucesso do governo brasileiro.

Mourão preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, integrado por 14 ministérios. O órgão foi criado em 1995 e reativado neste ano para coordenar projetos desenvolvidos em cada pasta voltados à proteção e defesa da região. O objetivo do Conselho também é melhorar a imagem do Brasil no exterior.