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Taxista recebe alta após 222 dias enfrentando covid-19, infarto e AVC

Homem foi recebido com festa na vizinhança - Reprodução/Facebook
Homem foi recebido com festa na vizinhança Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/12/2020 12h00

Os filhos de Ali Sakallioglu, de 56 anos, chegaram a ouvir dos médicos em três situações que seu pai não sobreviveria. Após contrair o novo coronavírus, ter um ataque cardíaco, sofrer um suspeito AVC (acidente vascular cerebral) e ser submetido a coma induzido por três meses, Sakallioglu, agora em sua casa, em Londres (Inglaterra), testemunha sua própria superação.

No final de março desse ano, quando a Europa enfrentava a primeira onda de covid-19, o taxista foi infectado pelo vírus. Morosamente ele começou a perder o paladar, o olfato e sentir dificuldades para respirar, segundo o The Sun. Os filhos de Sakallioglu chegaram a fazer uma espécie de plantão no carro, em frente à casa dele, caso o homem precisasse ser levado ao hospital - como aconteceu em 3 de abril.

O motorista deu entrada no hospital com sintomas de covid-19 e, após testar positivo, viu seu quadro médico piorar gradativamente. Em 7 de abril, sofreu um infarto, depois, um sangramento cerebral acompanhado por uma sepse, que os médicos desconfiaram que fosse um AVC, além infecções no sangue e pulmonar, os filhos do enfermo tiveram que ouvir que seu pai, que só estava vivo por conta de aparelhos, não sairia do hospital com vida.

"Nesta fase, fomos informados em três ocasiões distintas de que ele tinha zero por cento de chance de sobrevivência, pois os antibióticos não eram eficazes contra a infecção fúngica [no pulmão]. Tivemos a oportunidade de vê-lo com EPI completo, de nos despedirmos e foi sugerido que fosse assinada uma ordem de não reanimação", falou Seniz, filha do paciente.

"Pacientes" também foram seus cinco filhos, que decidiram tentar uma última alternativa para salvar a vida do progenitor. "Discutimos isso em família e sentimos que (desistir) não era uma opção. Embora houvesse uma chance muito pequena de sobrevivência, pressionamos os médicos a considerarem a realização de uma traqueostomia. Isso permitiria que eles removessem o ventilador, reduzindo a chance de infecções e permitiria que eles verificassem se seus órgãos começaram a funcionar de forma independente da sedação", contou a mulher.

No entanto, após 222 dias sob os efeitos de sedativos, Sakallioglu caminhou rumo a uma recuperação surpreendente. Sem quaisquer condições de se manter em pé, o sobrevivente foi enviado a outro hospital para fazer fisioterapia. Em outubro, foi para um asilo do qual receberia alta um mês depois. Sete meses após de enfrentar o maior drama de sua vida, Sakallioglu deu alguns passos sem apoiar-se na bengala, e foi recebido com festa em sua rua.

"Esta foi uma jornada difícil de seis meses, tanto para meu pai quanto para todos nós. Tem sido um período difícil, mas estamos muito gratos por estar onde estamos agora", desabafou Seniz. O taxista ainda toma 26 comprimidos diariamente para se recuperar dos danos de saúde dos últimos meses.