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Reunião de Trump com conselheiros tem "gritos" e ideias para anular eleição

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante cerimônia no Salão Oval, na Casa Branca - Saul Loeb/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante cerimônia no Salão Oval, na Casa Branca Imagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo

20/12/2020 09h04

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve uma reunião acalorada com conselheiros na última sexta-feira, no Salão Oval da Casa Branca. Assessores voltaram a sugerir que ele usasse a lei marcial para reverter o resultado da eleição presidencial, na qual ele foi derrotado pelo democrata Joe Biden, e que a Venezuela estaria por trás das fraudes.

Mesmo com a ratificação da vitória de Biden pelo Colégio Eleitoral, na semana passada, Trump segue questionando o resultado. Ele chegou a prometer "um protesto selvagem" em Washington no dia 6, quando o Congresso se reúne para confirmar os resultados da eleição. Trump foi derrotado por Biden por mais de 7 milhões de votos.

Segundo relatos do jornal New York Times, a reunião teve gritos e muitas desavenças. Participaram, além do presidente, Sidney Katherine Powell, advogada e ex-promotora federal; o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, por telefone; Michael Flynn, ex-assessor de segurança nacional do presidente, entre outros funcionários do alto escalão do governo.

Flynn teria sugerido novamente que Trump deveria invocar a lei marcial para reverter a derrota na eleição. No início da semana, ele havia feito o mesmo comentário. O jornal não informou qual teria sido a reação de Trump sobre a ideia.

Já Powel, advogada da campanha de Trump, vem insistindo na teoria de um plano venezuelano para fraudar urnas eletrônicas nos Estados Unidos. Assessores e pessoas próximas a Trump não estão convencidos da teoria, mesmo com ela apresentando alguns documentos para embasar a sua suspeita.

Na reunião, foi discutida também a indicação de Powell como advogada especial na investigação sobre as supostas fraudes cometidas no processo eleitoral do país, acusação que Trump vem fazendo desde o dia da eleição, mas até agora sem provas. Todas as tentativas dos advogados do presidente de levar o caso a justiça foram barradas pelos tribunais por falta de evidências.

Outra ideia que surgiu na reunião foi a possibilidade do governo emitir uma ordem executiva que permitiria o acesso às urnas para inspeção.

O advogado da Casa Branca, Pat A. Cipollone, e o chefe de gabinete, Mark Meadows, rechaçaram repetida e agressivamente as ideias propostas por Flynn e Powell, assim como outros integrantes da equipe de Trump que participara virtualmente da reunião, segundo disseram fontes ao New York Times.

Neste momento, uma fonte diz que a reunião "ficou feia", com Powell e Flynn acusando os outros de abandonar o presidente enquanto na tentativa de anular os resultados da eleição.

Vale lembrar que Flynn, general reformado, foi investigado por negociações secretas com o representante da Rússia em Washington. Ele se declarou culpado, em 2017, de dar falso testemunho ao FBI nas investigações sobre a interferência russa na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016, que elegeram Trump.

No ano passado, Flynn mudou de advogado e de estratégia de defesa, apresentando-se como vítima de manipulação política. Este ano, Trump perdoou o ex-assessor por ter mentido para o FBI.