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Congresso prosseguirá com impeachment de Trump, diz presidente da Câmara

4.jan.2021 - O presidente dos EUA, Donald Trump, durante um comício em apoio candidatos republicanos na eleição para o Senado em Dalton, na Geórgia - Mandel Ngan/AFP
4.jan.2021 - O presidente dos EUA, Donald Trump, durante um comício em apoio candidatos republicanos na eleição para o Senado em Dalton, na Geórgia Imagem: Mandel Ngan/AFP

Do UOL, em São Paulo

10/01/2021 21h32

Presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi afirmou, na noite de hoje, que a Casa prosseguirá com os trâmites do processo de impeachment do presidente Donald Trump, por ter incitado os manifestantes que invadiram o Capitólio, a menos que ele seja destituído do cargo nos próximos dias.

Pelosi, a principal democrata no Congresso, disse que "prosseguiremos com a apresentação da legislação de impeachment" ao plenário da Câmara dos Representantes se Trump não for removido por seu gabinete sob a 25ª emenda da constituição como inapto para permanecer no cargo.

"Ao proteger nossa Constituição e nossa Democracia, agiremos com urgência, porque este presidente representa uma ameaça iminente para ambos", disse. "O horror do ataque contínuo à nossa democracia perpetrado por este presidente é intensificado e assim é a necessidade imediata de ação."

De acordo com a Associated Press, os líderes da Câmara trabalharão amanhã para aprovar rapidamente uma legislação. Se o documento for travado pelos republicanos, o que é quase certo, a Câmara se reunirá para votação em plenário na terça-feira (12).

Em seguida, a Casa analisará os artigos do impeachment, disse Pelosi. O dia para a votação de impeachment não foi marcado.

Embora o tempo esteja se esgotando, os democratas provavelmente têm votos suficientes na Câmara Baixa para aprovar um novo pedido de impeachment de Trump, e podem até atrair algum apoio republicano para a medida.

O receio de Pelosi é que, por ainda ser presidente, Trump comanda as forças militares. Mesmo que possam se recusar a cumprir ordens consideradas ilegais, remover o presidente da linha de comando seria considerado um golpe militar.

Com menos de duas semanas de mandato presidencial, antes da posse do democrata Joe Biden no dia 20, remover Trump depende de uma maioria de dois terços no Senado. Como a próxima sessão no Congresso acontecerá apenas na segunda-feira (11), é improvável que o processo de impeachment seja introduzido até lá.

Pelosi responsabiliza Trump pela invasão de apoiadores dele ao Capitólio, na tarde de quarta-feira (6). O ataque interrompeu a sessão de certificação do presidente eleito Joe Biden, que precisou ser realizada mais tarde no mesmo dia, e provocou caos e tumulto. Cinco pessoas morreram.

Ao ser questionado sobre o processo para retirar Trump do cargo, Biden respondeu estar focado em conter a pandemia do novo coronavírus, com uma vacinação rápida. "Essa é uma decisão a ser tomada pelo Congresso. Estou focado no meu trabalho", disse ele, que não poupou críticas a Trump, dizendo que seu rival é "inapto".

Trump já foi a julgamento uma vez na Câmara, controlada pelos democratas, em dezembro de 2019 por pressionar o líder da Ucrânia a encontrar podres políticos sobre Joe Biden, na época seu provável adversário nas eleições presidenciais de 2020. O presidente, porém, foi absolvido pelo Senado, de maioria republicana.

Uso de código nuclear

Nesta semana, Pelosi já tinha relatado ter conversado com o principal comandante militar do país sobre tomar precauções para garantir que Trump não ordene um ataque nuclear em suas duas últimas semanas no cargo.

Esta manhã falei com o presidente do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, para discutir as precauções disponíveis para evitar que um presidente instável inicie hostilidades militares ou acesse códigos de lançamento e ordene um ataque nuclear
Nancy Pelosi em carta a congressistas

Procuradores dizem que Trump pode ser investigado por invasão

Trump, seu filho Donald Trump Jr, e seu advogado Rudy Giuliani — ex-prefeito de Nova York — podem ser investigados por incitarem a invasão ao Capitólio. Em entrevista à emissora ABC, o procurador-geral de Washington DC, Karl Racine, afirmou que o trio ajudou a disseminar a ideia de "justiça combativa" nos manifestantes;

"Donald Trump Jr., Giuliani e até mesmo o presidente dos Estados Unidos, convocaram apoiadores e grupos de ódio para ir ao Capitólio (...) Vamos investigar não apenas os criminosos, mas também aqueles que invocaram a violência", disse Racine.

Segundo o jornal New York Post, o Departamento de Justiça dos EUA avalia apresentar acusações contra Trump após o dia 20 de janeiro, quando ele deixar a presidência e voltar a ser considerado um cidadão comum.

"Qualquer pessoa que tiver desempenhado um papel, e com evidências que se encaixem nos elementos de um crime, será acusada", disse Michael Sherwin, outro procurador.