Democrata diz que invasores do Capitólio queriam matar Pelosi e culpa Trump
Representante das Ilhas Virgens Americanas, a democrata Stacey Plaskett disse hoje durante o julgamento do impeachment do ex-presidente Donald Trump que manifestantes que promoveram a invasão ao Capitólio, sede do Congresso americano, em 6 de janeiro, queriam "encontrar" e "matar" a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.
"As evidências assustadoras mostram que, em 6 de janeiro, rebeldes armados e organizados voltaram seus olhos para a presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Eles a procuraram no chão e em seu escritório, declararam publicamente sua intenção de machucá-la ou matá-la, saquearam seu escritório e aterrorizaram sua equipe. E o fizeram porque Donald Trump os enviou nesta missão."
Enquanto Plaskett falava, foram exibidos vídeos inéditos do ataque e das tentativas violentas de localizar Pelosi. Em um deles, reproduzido pelo BuzzFeed News nas redes sociais, é possível ver o exato momento em que os apoiadores de Trump invadiram o Capitólio.
Durante a apresentação, Plaskett disse ainda que mostraria aos parlamentares que Trump conhecia os seus apoiadores e sabia do que eram capazes.
"Quero mostrar por que essa violência era previsível e por que Donald Trump era diferente de qualquer outro político apenas dizendo a seus apoiadores, para lutar por algo. Você verá que Donald Trump conhecia as pessoas que estava incitando, viu a violência de que eram capazes", afirmou.
Mais cedo, o democrata Jamie Raskin, representante de Maryland, acusou Trump de ser o "incitador chefe" da invasão. Assim como Plaskett, Raskin também é um dos promotores do julgamento do impeachment no Senado, que chegou hoje ao seu segundo dia.
Segundo o democrata, que discursou diante dos 100 senadores que julgam o caso, as evidências vão comprovar que o ex-presidente "não foi um espectador inocente", tendo renunciado ao seu papel de comandante-chefe e se tornado o "incitador-chefe de uma perigosa insurreição".
Ele [Trump] assistiu à invasão pela TV, como se fosse um reality show. Ele se divertiu com isso. (...) Ele, enquanto comandante-chefe, não fez nada para nos ajudar. Em vez disso, ele atuou como o "incitador-chefe", publicando tuítes que apenas estimularam a rebelião violenta. Jamie Easkin, representante democrata de Maryland
Imagens inéditas
Vídeos inéditos da invasão de apoiadores de Trump ao Congresso foram exibidos durante o segundo dia de seu julgamento. São imagens câmeras do circuito de segurança e outra acoplada no corpo de um policial que tenta impedir a invasão.
Nas imagens, é possível ver a fuga de deputados e senadores do local, o pedido de reforços feito por policiais e o alerta de um agente ao senador pelo estado de Utah, Mitt Romney, sobre um grupo de manifestantes que se aproximava do Congresso.
Uma gravação publicada pela Bloomberg TV nas redes sociais mostrou ainda o momento em que o então vice-presidente, Mike Pence, foi evacuado do Capitólio.
Etapas
Os partidos Republicano e Democrata fizeram um acordo para iniciar o processo com um debate sobre a constitucionalidade do julgamento, aprovada ontem por 56 votos a 44, mesmo após apelo de correligionários de Trump. Era necessária a maioria simples dos votos — 46.
Agora, a defesa de Trump e a acusação terão até 16 horas — distribuídas entre hoje e amanhã — cada para apresentar seus argumentos.
Na sequência, os senadores farão perguntas para as duas equipes, e uma votação por maioria simples decidirá sobre a eventual convocação de testemunhas — o próprio Trump já rejeitou um convite para depor. A expectativa é de que o julgamento termine na semana que vem.
Atualmente com 50 votos no Senado, os democratas precisarão atrair o apoio de pelo menos 17 dos 50 republicanos da Casa para alcançar o mínimo necessário de 67 para condenar Trump. Se isso acontecer, o ex-presidente pode perder seus direitos políticos e ficar inelegível para 2024.
Trump é o primeiro presidente dos EUA a ser submetido a dois julgamentos como este, após ter sido absolvido em 2020 das acusações de abuso de poder. O republicano também é o primeiro a ser processado depois de ter deixado o cargo.
Este é o quarto processo de impeachment da história dos EUA, e todos os três anteriores terminaram com absolvição.
(Com AFP e ANSA)
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