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Morre o ex-presidente da Argentina Carlos Menem

Do UOL, em São Paulo

14/02/2021 11h58Atualizada em 14/02/2021 14h43

O ex-presidente da Argentina Carlos Menem morreu neste domingo aos 90 anos de idade. Ele estava internado em uma clínica em Buenos Aires, segundo agências de notícias.

De acordo com o jornal Clarín, a equipe de Menem disse que o estado de saúde do ex-presidente se complicou nas últimas horas. Ele estava internado em razão de uma infecção urinária. O ex-presidente também sofria com problemas cardíacos. O político já havia sido internado em algumas ocasiões no ano passado.

Em junho de 2020, ele foi diagnosticado uma pneumonia severa, agravando seus problemas com diabetes, segundo o jornal La Nación. Desde então, sua saúde vinha piorando.

Nascido em 2 de julho de 1930, Menem teve quatro filhos —um deles, Carlos Jr., faleceu em 1995—, recorda o La Nación. Seu corpo será velado no Senado argentino e enterrado no Cemitério Islâmico de San Justo, na capital argentina, onde está o corpo de seu filho, segundo Zulemita Menem, filha do ex-presidente.

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Menem governou a Argentina por dois mandatos
Imagem: Reprodução

Dois mandatos

De origem síria e advogado de profissão, Menem foi presidente por dois mandatos consecutivos, de 1989 a 1999, após ter sido governador de La Rioja, sua província natal, entre 1973 e 1976 —ano em que foi preso após o golpe que culminou na última ditadura (1976-1983)— e novamente de 1983 a 1987, quando iniciou sua campanha presidencial.

Junto a Eduardo Duhalde, seu candidato a vice-presidente, venceu as eleições presidenciais de 1989 em um complicado contexto econômico e social que havia levado Alfonsín a adiantar o pleito em vários meses.

Menem foi o presidente que governou a Argentina por mais tempo de maneira ininterrupta, lembra a imprensa argentina.

Atual presidente da Argentina, Alberto Fernández escreveu nas redes sociais que lamenta o falecimento do político. Fernández lembrou que Menem foi preso e perseguido na ditadura militar. O presidente decretou luto de três dias pelo falecimento.

Antecessor de Fernández, Mauricio Macri qualificou Menem como uma "boa pessoa, a quem recordará com muito afeto". Ex-presidente e atual vice de Fernández, Cristina Kirchner expressou suas condolências pela morte do político.

Governo Menem

Seu governo foi marcado pela transformação da economia, com uma grande abertura comercial e um intenso processo de privatização de empresas públicas, mas também pelas denúncias de corrupção, que teve de enfrentar nos tribunais nos últimos anos, enquanto era senador, cargo que ocupa desde 2005.

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Os ex-presidentes Fernando Collor de Mello (Brasil), Andrés Rodriguez (Paraguai), Carlos Menem (Argentina) e Luis Lacalle (Uruguai) se congratulam após assinatura do tratado que criou o Mercosul, em 26 de março de 1991, em Assunção, Paraguai
Imagem: AFP - 26.mar.1991

Durante sua gestão, na qual assinou polêmicos indultos a favor das juntas militares da última ditadura (1976-1983) e de líderes guerrilheiros, a economia passou por profundas transformações, com uma grande abertura comercial e um intenso processo de privatizações de empresas públicas, o que gerou fortes críticas de correligionários e adversários.

Depois de uma reforma da Constituição argentina, em 1995, foi reeleito para um segundo mandato, no qual se aceleraram os sinais de enfraquecimento do modelo econômico. Durante sua gestão, Menem estabeleceu a taxa de câmbio de um peso igual a um dólar, o que, mais tarde, resultou na grave crise desatada em 2001, durante a presidência de Fernando de la Rúa.

Menem se candidatou à presidência pela última vez em 2003, quando venceu o primeiro turno e desistiu da disputa no segundo, dando a vitória a Néstor Kirchner.

Condenações

Menem chegou a ficar preso por quase seis meses em 2001 em razão de uma investigação sobre a venda ilegal de armas para a Croácia e Equador. A condenação foi revisada a favor e contra Menem por duas vezes até que ele foi absolvido em 2018.

Na década passada, enfrentou outros processos na Justiça, mas nenhum teve sentença definitiva. Seu cargo como político também impediu sua prisão nesses casos.

Em 2015, por exemplo, foi condenado a quatro anos e meio de prisão em um caso por suposto pagamento de bônus. Em 2019, outra condenação: três anos e nove meses de prisão em um processo por suposta fraude na venda de um imóvel. No mesmo ano, foi absolvido no julgamento por encobrir o atentado contra a AMIA.

(Com agências)