Pela primeira vez, presidente dos EUA reconhece genocídio armênio
Joe Biden reconheceu hoje o genocídio armênio, tornando-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a qualificar assim as mortes de 1,5 milhão de armênios massacrados pelo Império Otomano a partir de 1915.
"Os americanos recordam todos os armênios que morreram no genocídio que começou há 106 anos hoje", escreveu ele em um comunicado.
O anúncio de Biden não tem significado jurídico, mas pode piorar as tensões com a Turquia, que o secretário de Estado americano Antony Blinken chamou de "suposto parceiro estratégico" que "em muitos aspectos não se comporta como um aliado".
O presidente democrata afirma querer colocar a defesa dos direitos humanos no centro de sua política externa. Seu governo confirmou a acusação de "genocídio" feita nos últimos dias da presidência de Donald Trump contra a China pela repressão aos muçulmanos uigures.
"Estamos afirmando a história. Não estamos fazendo isso para atacar ninguém, mas para garantir que o que aconteceu nunca se repita", acrescentou.
Trata-se de "honrar as vítimas, não atacar quem quer seja", sublinhou uma autoridade americana, sob condição de anonimato. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan reagiu imediatamente denunciando "a politização por terceiros" sobre o debate.
Em contrapartida, o ministro de Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse que a Turquia "não tem nenhuma lição a receber de ninguém sobre sua história".
Já o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, considerou que o reconhecimento do genocídio por Biden representa um "grande passo", no 106º aniversário dos massacres entre 1915 e 1917 pelo Império Otomano.
Em uma mensagem em sua conta no Facebook, Pashinyan agradeceu Biden "pelo grande passo em direção à justiça e o apoio inestimável aos descendentes das vítimas do genocídio armênio".
O genocídio armênio é reconhecido por mais de vinte países e muitos historiadores, mas é vigorosamente contestado pela Turquia.
Entenda o que foi o massacre
O Império Otomano é acusado de ter cometido genocídio contra o povo armênio no início do sécio XX, no ano de 1915. As execuções ocorreram durante e após a Primeira Guerra Mundial.
Homens foram massacrados e sujeitados a trabalho forçado, enquanto as mulheres, crianças, idosos e pessoas que estavam doentes eram deportados em marchas que os levavam ao deserto sírio.
Os deportados eram privados de comida e água, e submetidos a roubos, estupros e massacres periódicos.
Grupos étnicos nativos e cristãos, como os assírios e gregos otomanos, também foram perseguidos pelo governo Império Otomano e seu tratamento é considerado por muitos historiadores como parte da mesma política genocida.
* Com informações da AFP
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