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Aranha venenosa que pode viver até duas décadas é descoberta em Miami

Nova espécie de aranha é registrada nos EUA - Reprodução/Instagram
Nova espécie de aranha é registrada nos EUA Imagem: Reprodução/Instagram

Colboração para o UOL, em São Paulo

27/04/2021 14h22

Cientistas registraram a existência de uma nova espécie de aranha, encontrada em Miami pela primeira vez em 2012 - e que figura em um estudo publicado neste mês. Descrita como uma "pequena tarântula preta brilhante", ela possui um veneno que induz picadas dolorosas como as de uma abelha.

A aranha-alçapão Pine Rockland (Ummidia richmond) foi encontrada em 2012 por um tratador do zoológico de Miami, na Flórida (EUA), que estava verificando armadilhas de pesquisa de répteis.

O funcionário do zoológico, então, enviou uma foto da aranha para o Departamento de Conservação e Pesquisa, mas lá não encontraram nenhum registro de espécies conhecidas na região.

Infelizmente, o exemplar de macho encontrado escapou do manuseio e só foi visto novamente em 2014, quando pode ser capturado. Os cientistas estimam que a fêmea, nunca vista, pode medir de duas a três vezes o tamanho do macho.

As descobertas

"Para mim, parece uma pequena tarântula preta brilhante", afirmou o chefe de conservação do Zoo Miami, Frank Ridgley, de acordo com o Daily Mail, ao falar sobre o achado.

O exemplar capturado em 2014 e encaminhado para especialistas chegou até a Dra. Rebecca Godwin, da Universidade de Piedmont, no estado da Geórgia. Ela estava pesquisando justamente esse grupo de aranhas do gênero "Ummidia".

Seu trabalho era focado em classificações e descrições detalhadas dos membros do gênero encontrados na América do Norte. Foi a especialista que confirmou que se tratava de uma espécie jamais descrita.

Habitando arredores de pinheiros e rochas, essa aranha é conhecida como "alçapão" justamente pela forma como captura presas desavisadas: deixando uma espécie de tampa no estilo de um alçapão próximo da toca, arrastando as presas para dentro.

Seu veneno

Frank Ridgley disse que para os humanos, o veneno da nova espécie de aranha é equivalente a uma picada de abelha. Mas seu poder é altamente eficaz para neutralizar e matar suas presas, geralmente pequenos invertebrados.

"Aranhas como esta geralmente dependem de seu tamanho e força para subjugar suas presas, e o veneno muitas vezes age para ajudar a quebrar e liquefazer o interior de suas presas", afirmou Ridgley.

A fêmea da espécie que ainda não foi encontrada, pode viver até 20 anos. Enquanto isso, os machos levam até sete anos para amadurecerem, saírem das tocas para acasalamento e morrerem logo em seguida.

"Os indivíduos que a equipe do zoológico encontrou eram machos errantes", explicou a cientista Rebecca Godwin.

Ameaça

Apesar de serem geniais na captura de suas presas, essas aranhas também servem de alimentos para pássaros ou parasitadas por vespas, cujo ovos eclodem e elas devoram a aranha. Contudo, a maior ameaça do aracnídeo é a perda do seu habitat.

"O fato de uma nova espécie como essa poder ser encontrada em um fragmento de floresta em extinção no centro da cidade ressalta a importância de preservar esses ecossistemas", ressaltou Frank Ridgley.

Segundo dados do Zoológico de Miami, como cerca de 1,5% das áreas rochosas com pinheiros estão fora do Parque Nacional Everglades, é provável que esta espécie endêmica e até então indescritível já esteja em perigo.

Caso essa espécie se perca sem maiores estudos, poderá ser perdido também diversos potenciais que outras aranhas do gênero já vinham mostrando cientificamente.

"Foi descoberto que venenos de espécies relacionadas contêm compostos com potencial uso como medicamentos para a dor e tratamentos de câncer", afirmou Frank Ridgley.