Aumento de reações nucleares em câmara de Chernobyl alertam cientistas
Após 35 anos da explosão de um reator na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, cientistas que monitoram as ruínas do local identificaram um aumento nas reações de fissões nucleares em uma câmara inacessível do complexo. A descoberta levantou preocupações entre os pesquisadores.
Conforme reporta a revista científica New Scientist, os cientistas identificaram que o processo tem acontecido na câmara conhecida como sala do sub-reator 305/2. O local foi inundado por um grande material radioativo na época do desastre e, desde então, não foi visto por humanos ou robôs tornando-se inacessível.
As fissões nucleares, reações registradas pelos cientistas, consistem na quebra de núcleos atômicos instáveis em núcleos menores por meio de nêutrons. Segundo o monitoramento, o aumento nas emissões de nêutrons na referida sala está com níveis crescentes em torno de 40% desde o começo de 2016.
Os pesquisadores agora estão investigando se esse crescimento vai se estabilizar, como em casos semelhantes anteriores, ou se necessitará de uma intervenção para evitar uma reação descontrolada.
"[São como] Brasas em uma churrasqueira", comparou a situação o professor Neil Hyatt, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, em entrevista para a New Scientist.
"É um lembrete para nós de que [Chernobyl] não é um problema resolvido, é um problema estabilizado", reforçou o especialista.
Possível causa
Quando urânio ou plutônio combustível decaem por fatores diversos, eles emitem nêutrons que podem promover uma reação de fissão se forem capturados por outro núcleo radioativo.
Contudo, é possível impedir que isso aconteça se houver uma quantidade significativa de água, que irá reduzir a velocidade desses nêutrons, impedindo que eles sejam capturados.
A hipótese levantada para o aumento das reações nucleares na câmara inacessível da sala 305/2 vai de encontro com a nova estrutura colocada sobre as ruínas da usina em 2016, que vedou totalmente o local, impedindo a passagem de água.
O abrigo original construído às pressas após o desastre em 1986 era repleto de buracos e permitia a entrada de água da chuva.
Caso essa água estivesse ajudando a suprimir as reações na sala 305/2, pode ser que sua ausência significativa agora não permita mais a diminuição da velocidade dos nêutrons.
Porém, ainda pode haver água suficiente para causar problemas, já que se a sala secasse completamente, os nêutrons seriam capturados mais rápido, evitando a fissão. Dessa forma, a água pode estar em nível crítico, de acordo com a New Scientist.
"Estamos falando de taxas muito baixas de fissão, então não é como se [fosse] um reator nuclear efervescente", lembra Neil Hyatt.
"Nossa estimativa de material físsil naquela sala aponta que podemos estar bastante confiantes de que não haverá uma liberação tão rápida de energia nuclear a ponto de causar uma explosão. Mas não temos certeza", pondera.
Membro do Comitê de Gerenciamento de Resíduos Radioativos do Reino Unido, Hyatt diz que já viu casos anteriores parecidos em que a taxa de base de nêutrons aumentou, estabilizou e diminuiu novamente. "Isso é obviamente o que esperamos que possa acontecer [agora]".
Afirmando que a situação é "motivo de preocupação, mas não de alarme", o professor ressalta que se a taxa de produção de nêutrons continuar aumentando, os pesquisadores precisarão intervir.
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