Israel: coalizão deve tirar do poder Netanyahu, aliado de Bolsonaro
Partidos de oposição anunciaram que estão montando uma frente ampla majoritária para derrotar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e tirá-lo do cargo que ocupa ao longo dos últimos 12 anos em Israel.
Hoje foi a vez do partido árabe Raam, liderado pelo islamita Mansour Abbas, formalizar o apoio ao projeto de coalizão. Abbas "assinou o acordo de coalizão para formar um governo de unidade", disse o gabinete do líder da oposição Yair Lapid em um comunicado, que tem até 23h59 — 17h59 no horário de Brasília — para anunciar ao presidente israelense que ele tem uma maioria para formar governo.
O chefe da oposição israelense, Yair Lapid, informou ao presidente Reuven Rivlin ter conseguido apoio para formar um novo governo e tirar Nethanyahu da gestão israelense.
"Eu me comprometo com o senhor presidente que este governo vai trabalhar para servir a todos os cidadãos de Israel, inclusive os que não são membros dele, vai respeitar aqueles que fizerem oposição, e fará tudo o que puder para unir todas as partes da sociedade de Israel", afirmou o centrista em uma carta.
Para conseguir os 61 votos necessários, o centrista Yair Lapid reuniu grupos cujo único interesse em comum é o de tirar Netanyahu. A aliança de conveniência tem o apoio de grupos tão diversos quanto a extrema direita do partido Yamina, de Naftali Bennett, e um partido árabe israelense Raam, de Mansour Abbas.
Lapid e o ultranacionalista Bennett concordaram em unir suas forças e revezar o posto de primeiro-ministro, começando por um mandato de Bennett.
Bennett e o ultraliberalismo
Na segunda-feira (31) o defensor do ultraliberalismo econômico e líder da direita radical, Naftali Bennett, apoiou a coalizão. O ex-empresário de 49 anos foi conselheiro de Nethanyahu, mas abandonou o apoio para se juntar ao grupo de deseja tirá-lo do poder em Israel.
O anúncio de apoio ao centrista Yair Lapid e ao projeto de um "governo de mudança" tem potencial de gerar popularidade entre os colonos judeus.
Relação de Bolsonaro e Nethanyahu
A relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o primeiro-ministro Benjamin Nethanyahu se estreitou e ganhou destaque após o avanço da pandemia do coronavírus. Bolsonaro chegou a tratar como "irmão" o premiê como irmão prejudica ainda mais o tabuleiro político internacional para o Brasil.
No entanto, a queda do líder israelense poderá isolar a relação lapidada pelo chefe do Executivo brasileiro com Israel, uma vez que as alianças com o Brasil poderão deixar de ser uma prioridade da nova coalizão.
A mesma situação foi vista com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Hoje o Brasil vive um relacionamento com os Estados Unidos que contrasta com a antiga gestão.
O encontro mais recente entre Bolsonaro e Nethanyahu ocorreu em março deste ano, quando uma comitiva nacional foi ao país para negociar a compra de um spray nasal e medicamentos que poderiam servir para o combate da covid-19.
A viagem que custou ao menos R$ 400 mil para transportar um total de dez pessoas retornou ao Brasil sem nenhum acordo formalizado. A maior parte dos custos se deveu ao jato da Aeronáutica usado na viagem.
Os valores foram calculados pelo engenheiro aeroespacial e consultor aeronáutico Marco Gabaldo e por uma advogada especialista em direito administrativo, ambos ouvidos pelo UOL.
Nethanyahu no poder
O primeiro-ministro de Israel é adorado por alguns e muito criticado por outros e, no momento, luta para sobreviver politicamente após mais de 10 anos de gestão.
Benjamin é o líder que mais permaneceu no poder no país e é apelidado de "o mago" da política e explora a pauta de defesa de Israel contra a ameaça do Irã e agora utiliza o enfrentamento da pandemia da covid-19 como pauta política.
Netanyahu é o único primeiro-ministro da história do país que nasceu após a criação de Israel, em 1948.
Nascido em Tel Aviv em 21 de outubro de 1949, ele herdou a forte bagagem ideológica de seu pai, Benzion, que foi assistente pessoal de Zeev Jabotinsky, líder da tendência sionista chamada "revisionista", favorável a uma "Grande Israel" que inclua a Jordânia.
* Com informações das agências AFP e RFI
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