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Paquistanês de 8 anos é preso por xixi em biblioteca; pena pode ser a morte

Destruição: Muçulmanos depredam templo hinduísta no Paquistão - Reprodução/Twitter
Destruição: Muçulmanos depredam templo hinduísta no Paquistão Imagem: Reprodução/Twitter

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/08/2021 15h16Atualizada em 09/08/2021 16h16

Uma criança paquistanesa de 8 anos passou uma semana em uma prisão no distrito de Rahim Khan, em Punjab (Paquistão), depois de urinar no tapete de uma biblioteca muçulmana, o que, segundo o código de leis do país, configura o crime de blasfêmia - insulto a divindades, religiões e demais símbolos sagrados.

Desde 1986, a pena prevista para a infração no país é a pena de morte. Apesar de ninguém ter sido levado ao corredor até hoje, segundo o jornal britânico The Guardian, há relatos de que várias pessoas acusadas do crime já foram mortas por grupos extremistas islâmicos.

Ainda de acordo com o jornal britânico, o menino que urinou no tapete foi preso pelo polícia em flagrante, mas liberado mediante fiança há uma semana. Não foi divulgada nenhuma informação sobre a religião da criança, mas a suspeita de que ele seja hindu desencadeou uma intensa onda de protestos por parte dos muçulmanos, maioria dominante no país.

Um vídeo do Twitter, compartilhado na quarta-feira (4), mostrou um templo hinduísta sendo destruído na região do incidente. Vários adeptos da religião desocuparam suas residências temendo novos ataques.

Ao jornal The Guardian, um membro da família do menino indiciado disse que fugiu e não pretende voltar à vila em que morava.

"Deixamos nossas casas e trabalho, toda a comunidade está assustada e temos medo de reações. Não queremos voltar a esta área. Não vemos que nenhuma ação concreta e significativa será tomada contra os culpados ou para proteger as minorias que vivem aqui", declarou o familiar, que não teve o nome revelado.

"Ele [o menino] nem mesmo está ciente de tais questões de blasfêmia. Ele ainda não entende qual foi seu crime e por que foi mantido na prisão por uma semana", continuou.

Um ativista de direitos humanos também se manifestou sobre o caso, pedindo auxílio do governo ao garoto e seus familiares.

"Exijo que as acusações contra o menino sejam retiradas imediatamente e aconselho o governo a fornecer segurança para a família e aqueles que foram forçados a fugir", disse Kapil Dev.

Já o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, repudiou as manifestações violentas e disse que a polícia já está agindo para encontrar os agressores do templo. Porém, nenhuma prisão foi feita.