Extremistas do Taleban gritam "morte à América" após ocupar ruas de Cabul
Extremistas do grupo Taleban gritaram palavras de ordem como "Morte à América" depois de ocupar ruas de Cabul, segundo relatou a rede de TV americana CNN.
O grupo tomou a capital do Afeganistão sem muita resistência, além de 26 das 34 capitais provinciais em um período de 7 dias, em um avanço rápido embora não surpreendente para observadores internacionais. O atual presidente, Ashraf Ghani, e seu vice, Amrullah Saleh, fugiram do país às pressas.
A correspondente da CNN Clarissa Ward conversou com alguns integrantes do grupo radical, que usavam armas e gritavam palavras de ordem contra americanos, mas que pareciam "amigáveis" ao mesmo tempo, segundo ela.
"Eles estão apenas gritando 'Morte à América', mas parecem amigáveis ao mesmo tempo. É totalmente bizarro", relatou ela, pouco tempo depois do grupo tomar o controle de Cabul.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou o envio de mais mil soldados a Cabul. Segundo o Pentágono, o objetivo é auxiliar a evacuação de civis americanos e afegãos. Ao todo, 6.000 soldados americanos estarão em Cabul "nos próximos dias", disse uma fonte do órgão sob condição de anonimato.
Milhares de afegãos que trabalharam para os Estados Unidos durante a ocupação de 20 anos no país devastado pela guerra, como intérpretes ou motoristas, e suas famílias, tentaram partir o mais rápido possível, temendo retaliação do Talibã. Muitos deles solicitarão vistos especiais de imigrante (SIV) para permanecer nos Estados Unidos.
O Pentágono estima que terá de evacuar cerca de 30.000 pessoas antes de concluir sua retirada total do Afeganistão até 31 de agosto, prazo estabelecido por Biden.
O que é o Taleban?
O Taleban (palavra que significa 'estudantes') é um movimento fundamentalista islâmico, considerado pela ONU como organização terrorista.
Apesar de ser fundado oficialmente em 1994, a formação do grupo remonta aos anos 80, quando combatentes afegãos, chamados de mujahideens, e guerrilheiros islâmicos se uniram para combater a ocupação soviética no Afeganistão. A própria CIA (Agência de Inteligência Central) dos Estados Unidos é apontada como uma das apoiadoras da formação do grupo na época.
Entre 1992 a 1996, os combatentes lutaram contra outros grupos mujahideens rivais, até a tomada de Cabul, do então presidente Burhanuddin Rabbani. A partir de então, o grupo controlou 90% do país até 2001.
A queda se deu na esteira dos atentados de 11 de setembro nos EUA. Na época, o governo americano enfrentava outro grupo extremista, a Al-Qaeda, do então líder Osama bin Laden.
Em 1999, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) adotou uma resolução que vinculou Al-Qaeda ao Taleban como entidades terroristas e impôs diversas sanções contra os grupos.
Em 11 de setembro de 2001, membros da Al-Qaeda sequestram quatro aviões, jogando dois no World Trade Center em Nova York, um no Pentágono em Washington DC e o último em um campo em Shanksville, na Pensilvânia.
O então presidente americano, George W. Bush, declarou "guerra ao terror", prometendo caçar Osama bin Laden no Afeganistão. O republicano falou diretamente ao Taleban, ao pedir que o grupo "entregasse às autoridades dos Estados Unidos todos os líderes da Al-Qaeda que se escondem em sua terra", aameaçando com "o mesmo destino" a eles, caso não o fizessem.
Suspeitando que o Taleban estivesse abrigando Bin Laden, forças americanas e britânicas bombardearam o país em outubro do mesmo ano. Logo em seguida, em uma incursão terrestre, forçaram a retirada dos talebans das grandes cidades. Bin Laden, no entanto, conseguiu fugir. A ONU convidou depois as principais facções afegãs para formarem um governo provisório.
O grupo se refugiou nas fronteiras do país com o Paquistão e passou os últimos 20 anos buscando formas de retomar o poder.
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