Topo

Esse conteúdo é antigo

Cabul: Voos são retomados após invasão, mortes e queda de civis de avião

Do UOL, em São Paulo

16/08/2021 11h56Atualizada em 16/08/2021 18h17

A tomada de Cabul, capital do Afeganistão, pelo grupo extremista Taleban ampliou o cenário de tensão no país. Com o tumulto, os voos do aeroporto da região ficaram suspensos por algumas horas, mas logo foram retomados. Na tentativa de fugir do país, civis tentaram embarcar na parte externa de um avião militar, mas caíram após a decolagem. Ao menos sete pessoas morreram.

A aeronave partia de Cabul com funcionários da embaixada dos Estados Unidos. Informações divulgadas pelo Pentágono apontam que soldados norte-americanos mataram dois homens que estavam armados no aeroporto.

Ainda não há um balanço oficial de vítimas. Porém, oficiais militares dos Estados Unidos relataram à agência AP que ao menos sete pessoas morreram no local.

O grupo de militares não soube especificar se as mortes foram causadas por tiros ou pisoteadas durante o tumulto. Já o jornal norte-americano The Wall Street Journal fala em três mortos por armas de fogo. Também não é especificado se na conta estão os mortos que tentaram se agarrar à fuselagem do avião e que acabaram caindo.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram milhares de pessoas aguardando na pista do aeroporto.

A maior parte das pessoas que tentava sair do país eram jovens que, em um ato de desespero diante do avanço dos conflitos no país, se agarraram a escadas para tentar embarcar em um avião.

O governo dos Estados Unidos tomou o controle do tráfego aéreo em Cabul e afirmou que a prioridade do país é garantir a segurança do local, que se tornou sede temporária da representação diplomática do país. Por conta do conflito que deixou mortos, os EUA suspenderam os voos de evacuação.

ONU se reúne para discutir situação do Afeganistão

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) se reuniu hoje para tratar da situação do Afeganistão. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu moderação aos talebans, mas havia adiantado, horas antes, que a situação no país estava "saindo do controle".

"A comunidade internacional deve se unir para garantir que o Afeganistão nunca mais seja usado como plataforma ou refúgio de organizações terroristas", disse Guterres durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança sobre a crise afegã.

Guterres também chamou atenção principalmente para o fato de civis estarem no alvo dos extremistas e pelo retrocesso nos direitos das mulheres e das crianças que moram no país.

Fundamentalistas tomam capital do Afeganistão

16.ago.2021- Soldado americano aponta arma para um passageiro afegão no aeroporto de Cabul, no Afeganistão - Wakil Kohsar/AFP - Wakil Kohsar/AFP
16.ago.2021- Soldado americano aponta arma para um passageiro afegão no aeroporto de Cabul, no Afeganistão
Imagem: Wakil Kohsar/AFP

O grupo fundamentalista Taleban tomou ontem a capital do Afeganistão. O ato foi a maior movimentação do grupo em quase 20 anos e a tomada foi feita sem muita resistência, de acordo com relatos vindos do país.

Até o sábado (14), os extremistas haviam conquistado províncias que ficavam localizadas ao redor da capital, como uma forma de montar um cerco estratégico para avançar até Cabul.

Esta é a primeira vez desde outubro de 2001 que o grupo volta à capital. O risco de tomada de Cabul já era alertado por especialistas, que viam com apreensão a saída total das tropas americanas do Afeganistão depois de 20 anos de ocupação.

Presidente e vice deixam Afeganistão

O presidente Ashraf Ghani e seu vice, Amrullah Saleh, deixaram o país horas após a entrada do Taleban em Cabul, de acordo com relatos de um funcionário de alto escalão do Ministério do Interior do governo.

Ghani teria embarcado para o Tajiquistão, segundo informações da agência Reuters. O local não foi confirmado pelo funcionário por motivos de segurança.

Em uma publicação feita ontem nas redes sociais, Ghani disse ter deixado o país para evitar "um banho de sangue".

"Hoje, deparei-me com uma escolha difícil; deveria suportar e enfrentar os talebans armados que queriam entrar no palácio ou sair do país que dediquei a minha vida a proteger os últimos vinte anos."

Segundo a agência Reuters, o grupo tem o "controle do palácio presidencial afegão". Mais cedo, fontes ouvidas pela CNN afirmaram que oito pessoas do Taleban haviam entrado no palácio. Imagens exclusivas da Al Jazeera mostram integrantes do grupo no palácio presidencial.

Jato afegão é abatido no Uzbequistão

Um jato militar afegão foi abatido hoje pelas forças armadas do Uzbequistão. A aeronave caiu após cruzar a fronteira com o país ontem, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Defesa do país. O jato caiu na província de Surxondaryo, no extremo sul do Uzbequistão, adjacente ao Afeganistão.

"As forças de defesa aérea do Uzbequistão impediram uma tentativa de um avião militar afegão de cruzar ilegalmente a fronteira com o Uzbequistão", disse o porta-voz do Ministério da Defesa, Bahrom Zulfikorov.

Não foram divulgadas informações sobre quantas pessoas estariam a bordo ou se houve algum sobrevivente após a queda.

Bekpulat Okboyev, médico em um hospital da região, afirmou à AFP que dois pacientes com uniforme afegão foram internados no hospital no ontem à noite. Um deles se ejetou do avião de paraquedas, disse, antes de informar que os dois sofreram fraturas.

Taleban atira em homem que tentava fugir

Um membro do grupo radical Taleban mirou e atirou em um civil que tentava pular o muro do aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão. O momento foi registrado em vídeo e compartilhado por um jornalista local nas redes sociais.

Nas imagens publicadas por Rustam Wahab no Instagram é possível ver que um homem sobe no muro do aeroporto e vira alvo do extremista, que mira na direção do civil após vê-lo no topo do limite do aeroporto da capital, que foi tomada pelos grupo no sábado (14).

De acordo com o jornalista Wahab, não é possível saber se o homem tentava entrar ou sair do aeroporto. Após o disparo de fuzil, o homem desceu do muro pelo local de onde havia subido. Pelas imagens, não é possível saber se ele foi atingido diretamente ou se ficou ferido pelos estilhaços do muro.