Política afegã teme Taleban: 'Virão atrás de mim e me matarão'
A prefeita afegã Zarifa Ghafari, de 27 anos, disse temer pela própria vida com a ascensão do Taleban em seu país. Ao site iNews, a política da província de Maidan Wardak afirmou que o grupo irá atrás dela e de outros ativistas contra a tomada de poder.
"Estou aqui sentada esperando que eles venham. Não há ninguém para me ajudar ou a minha família. Estou apenas sentada com eles e com meu marido. E eles virão atrás de pessoas como eu e me matarão. Eu não posso deixar minha família. E de qualquer forma, para onde eu iria?", disse.
Depois dessa declaração, Zarifa falou que não podia mais continuar a entrevista. Os medos da prefeita mais jovem da história do país não são infundados, uma vez que o próprio Taleban já ameaçou matá-la.
Ano passado, o pai dela, o general Abdul Wasi Ghafari, foi morto a tiros apenas dias depois de um terceiro atentado contra a vida dele ter falhado.
Com isso, a líder política recebeu um emprego considerado mais seguro no Ministério da Defesa, em Cabul. A declaração da ativista agora é bem diferente do tom usado por ela três semanas atrás.
Ao iNews, Zarifa tinha dito em julho haver esperança no Afeganistão. "Os mais jovens estão cientes do que está acontecendo. Eles têm mídias sociais. Eles se comunicam. Acho que eles continuarão lutando pelo progresso e por nossos direitos. Acho que há um futuro para este país", falou.
Outro motivo para o temor da política é por ela ser uma voz feminina influente no Afeganistão. Desde a tomada de poder do Taleban, a comunidade internacional, incluindo a ONU (Organização das Nações Unidas), chamou atenção para possíveis violações dos direitos das meninas e mulheres.
A preocupação ocorre apesar de no domingo o porta-voz principal do grupo ter garantido que as vidas femininas e de opositores seriam preservadas. O Taleban ofereceu também anistia a quem trabalhasse no antigo governo afegão ou com forças estrangeiras.
Mas, ontem, já começaram a circular na mídia internacional e nas redes sociais fotos que seriam de mulheres forçadas a usar burca, além de relatos de que elas foram coagidas a não saírem de casa sem a companhia de um homem ou a abandonarem a educação.
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