Condenado é executado nos EUA mesmo após apelo do papa Francisco
Ernest Johnson, um homem de 61 anos que estava no corredor da morte, foi morto com injeção letal na penitenciária de Bonne Terre, às 18h11 (horário local) de ontem, no estado americano do Missouri. Johnson é um homem negro, o que levantou debates sobre como a Justiça norte-americana trata de forma diferente os condenados, de acordo com a cor da pele.
A execução foi feita após o estado ignorar apelos do papa Francisco e até mesmo de parlamentares americanos. Ele havia sido sentenciado à pena de morte pelo assassinato de três funcionários de uma loja em Columbia, crime ocorrido em fevereiro de 1994. O objetivo do assalto era conseguir dinheiro para comprar drogas.
A defesa de Johnson, no entanto, alegava que ele tinha graves transtornos mentais. Em um processo na Suprema Corte, os advogados de Johnson disseram que ele obteve uma média de 67 nos testes de QI, dentro da faixa para deficiência intelectual. Ainda segundo eles, a mãe e o irmão de Ernest também sofriam do mesmo problema. Suas vítimas, Mary Bratcher, de 46 anos, Mable Scruggs, de 57, e Fred Jones, de 58, foram mortas a golpes de martelo.
Contudo, a Justiça do Missouri rejeitou o argumento, que se baseava em uma decisão da Suprema Corte que proíbe a execução de pessoas com problemas mentais. Já o governador Mike Parson, do Partido Republicano, ignorou um apelo do papa Francisco para dar clemência ao condenado.
O pedido havia sido feito por meio do núncio apostólico do Vaticano nos EUA, Christophe Pierre. "Em nome do Santo Padre, eu peço a você que suspenda a execução de Johnson e garanta a ele alguma forma apropriada de clemência", dizia a carta enviada por Pierre ao governador no fim de setembro.
Segundo o anúncio, o apelo do pontífice se baseava na "sacralidade de todas as vidas humanas".
Congressistas também apelaram
Dois membros democratas da Câmara dos Representantes do Missouri, Cori Bush e Emanuel Cleaver, também apelaram por clemência, dizendo que a execução de Johnson "seria um grave ato de injustiça".
"Assim como a escravidão e o linchamento, a pena de morte perpetua ciclos de trauma, violência e assassinato sancionado pelo Estado nas comunidades negras", observaram.
Cori Bush, enfermeira e primeira ativista do Black Lives Matter a chegar ao Congresso dos Estados Unidos em janeiro de 2021, também se manifestou em seu Twitter. Segundo ela, "no Missouri, os assassinos de vítimas brancas têm sete vezes mais probabilidade de receber pena de morte que os assassinos de vítimas negras". Entre as vítimas que renderam a condenação a Johnson, havia pessoas brancas.
"A pena de morte é uma ferramenta que perpetua a violência racializada. Precisa ser abolido", acrescentou, afirmando que Ernest não deveria ser executado.
Na mesma rede social, diversas pessoas lamentaram a execução. "Ele não merecia isso", escreveu um usuário, utilizando uma hashtag que pede o fim da pena de morte.
*Com informações de Ansa e da AFP
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