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Médico é investigado por oferecer falsa cura de infecção por meio de sexo

O ginecologista Giovanni Miniello, de 60 anos, virou alvo de investigação após "pegadinha" de programa de TV  - Reprodução/Facebook
O ginecologista Giovanni Miniello, de 60 anos, virou alvo de investigação após "pegadinha" de programa de TV Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

25/11/2021 00h09Atualizada em 25/11/2021 00h09

O ginecologista Giovanni Miniello, de 60 anos, é investigado pela polícia italiana após ser flagrado seminu em um quarto de hotel na companhia de uma atriz italiana, que fingia ser uma paciente em busca da "cura" do HPV, uma infecção sexualmente transmissível.

O médico virou alvo da armação, feita pelo programa de TV Le Iene, depois que uma de suas vítimas procurou a produção para denunciar que Miniello oferecia sexo como se fosse uma cura para as patologias de suas clientes.

A vítima em questão, uma mulher de 33 anos, visitou o médico depois de enfrentar dificuldades para engravidar, e ouviu dele que estava infectada com o HPV, o vírus do papiloma humano, infecção sexualmente transmissível que pode causar câncer e impedir gestações.

Por mais que os exames ginecológicos da mulher não tivessem apontado o problema, Miniello insistiu em "ajudá-la", afirmando que "salvou muitas mulheres do câncer". "Todas aquelas com quem eu tive contato tiveram (exames) negativos depois", afirmou o médico, segundo relato feito pela vítima ao jornal italiano La Repubblica.

Foi então que o programa de TV decidiu armar uma situação com a ajuda de uma atriz. Desde a exibição do quadro, outras 15 mulheres já vieram a público dizer que também receberam a oferta do "sexo milagroso" ao visitar a clínica do profissional em Bari, cidade no sul da Itália com cerca de 321.000 habitantes.

Homem afirmou que oferecia "liberdade de escolha"

Segundo a primeira vítima, identificada apenas como "Anna Maria", desde o início da interação entre os dois, Miniello não agiu de forma profissional. Ela contou que depois dos exames de check-up pedidos pelo próprio, o homem tocou em seu peito sem nenhuma explicação e comentou que "gostava de mulheres com seios pequenos".

Depois, quando ela entrou em contato para obter o resultado de seus exames, a paciente ficou chocada ao ouvir do ginecologista sobre a presença do HPV e a proposta de que ele poderia curar um possível câncer fazendo sexo com ela, oferecendo um horário para o encontro.

Anna Maria, que já havia buscado ajuda jurídica antes mesmo de ligar para o médico, gravou a conversa e enviou o conteúdo para o Le Iene, programa investigativo conhecido na Itália. A produção então contratou a atriz para visitar o especialista, que rapidamente disse que a moça tinha "pontos brancos" em seu cérvix que indicavam a presença de HPV e se ofereceu para dormir com a nova "paciente".

Dessa vez, para justificar a ideia, ele foi ainda mais longe em sua narrativa, afirmando que sexo com um homem "vacinado", como ele, daria a ela "imunidade", defendendo ainda que se ele usasse camisinha ela não receberia os "anticorpos".

Quando eles se encontraram no local combinado para pôr em prática a proposta, um quarto de hotel, a equipe da TV se revelou, com Miniello imediatamente afirmando que "estava fazendo aquilo por seus estudos e pelas outras pessoas que já salvou".

Anna Maria contou ao jornal italiano que tomou a iniciativa de denunciar o ginecologista por temer que ele fizesse a mesma coisa com outras mulheres "desesperadas por uma cura".

Em declaração à mídia local, por meio de sua defesa, Miniello declarou que "tratou centenas de mulheres ao longo de 40 anos de profissão, com sucesso, e que apenas propôs um tratamento alternativo que rendeu resultados". Ele alegou ainda que nunca coagiu mulheres a terem sexo com ele e que sempre ofereceu "liberdade de escolha absoluta".

A coordenadora do Centro Anti-Violência de Bari, Marika Massara, declarou que a instituição "tem recebido diversos relatos nos últimos dias, de mulheres que se uniram e passaram por uma situação similar".

"Algumas pensam em denunciar, outras têm medo, também porque o nível de vitimização que estamos presenciando é muito alta", afirmou. A procuradoria de Bari abriu uma investigação sobre o caso.