Jarra de cristal com mais de mil anos pode desvendar segredo sobre tesouro
Uma jarra de mais de 1000 anos pode ajudar pesquisadores a traçar uma das origens de um tesouro descoberto em 2014. A peça, envolta em ouro e esculpida a partir de um cristal, estava coberta por tecidos quando foi desenterrada em um condado da Escócia. Mas agora, restaurada, ela revelou uma inscrição em latim que fortaleceu a teoria de que sua criação veio de um presente pensado pelo Império Romano.
O item é uma das 100 peças que integram o chamado "Galloway Hoard", tesouro composto por objetos de inúmeros metais preciosos, barro, pedra e datados da Era Viking, que teriam sido deixados na região por volta do ano 900 d.C, segundo informações do Museu Nacional escocês, atual lar do patrimônio histórico.
No caso da jarra, apresentada ao público apenas no sábado (18), a restauração levou sete anos, com a equipe do museu utilizando um raio x 3D para visualizar como era a peça por baixo do tecido e do mofo que a cobria, para retirar a camada sem danificar sua estrutura original, informou a CNN Internacional.
Após o trabalho cuidadoso, foi revelada a inscrição em latim, que é vista pelos pesquisadores como uma possível chave para desvendar a utilização e origem da peça.
Eles acreditam que o recipiente servia a propósitos religiosos. Já quando o assunto é sua confecção, um dos experts teoriza que o jarro pode ter sido um presente diplomático do Império Romano para um reino Anglo-Saxão do Reino Unido.
Em nota à imprensa internacional, publicada na época da descoberta do tesouro, em 2014, o Museu Nacional Escocês o definiu como "a coleção mais rica de objetos raros e únicos da Era Viking já encontrados no Reino Unido e na Irlanda".
A jarra que pode dar pistas sobre os donos originais das peças tem cerca de cinco centímetros de altura e uma inscrição no fundo de sua estrutura, originalmente em latim: "Bispo Hygauld me encomendou".
Segundo pesquisadores britânicos, essa frase indica que ela foi feita sob medida no reino Anglo Saxão de Nortúmbria, onde atualmente ficam o norte da Inglaterra e o sul da Escócia.
"Existem elementos no trabalho a ouro que não são parecidos com algo que tenhamos visto no trabalho usual anglo-saxônico", explicou Martin Goldberg, curador da coleção medieval e viking do museu escocês, em entrevista à CNN norte-americana.
"Então ainda existe uma questão sobre onde ele foi feito", continuou. "Mas a razão pela qual nós pensamos na Inglaterra anglo-saxônica vem da inscrição no fundo (da jarra)".
Apesar de a idade do tesouro completo ser estimada em 900 anos d.C, pesquisadores do Museu Nacional afirmam que a jarra de cristal é ainda mais antiga, isso porque, seguindo a principal teoria até o momento, pensada por Goldberg, figuras notáveis do Império Romano, que terminou em 476 d.C, davam itens de cristal com perfumes ou outros líquidos "de grande valor" como presentes aos anglo-saxões. Estes frascos acabavam se tornando itens de decoração algum tempo depois, sendo adornados por ouro.
Essa ideia é apoiada por objetos da coleção do Vaticano e pelos estudos que apontam que apenas duas civilizações antigas eram capazes de manusear cristal de maneira parecida com o visto na jarra: o Império Romano e o Califado Fatímida, sediado no norte da África.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.