UE vai reagir após Rússia reconhecer independência de áreas da Ucrânia
A presidente da Comissão da União Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou hoje que o bloco europeu e os seus parceiros vão reagir depois da assinatura de reconhecimento de independência de duas áreas separatistas ucranianas, feita pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante transmissão ao vivo em rede nacional.
Segundo ela, o reconhecimento dessas áreas se configura uma violação flagrante ao direito internacional e dos acordos de Minsk I e Minsk II. (Entenda os acordos abaixo)
O reconhecimento dos dois territórios separatistas em Ucrânia é uma violação flagrante do direito internacional, da integridade territorial da Ucrânia e dos acordos Minsk. A UE e os seus parceiros reagirão com unidade, firmeza e determinação em solidariedade com a Ucrânia. Ursula von der Leyen, em seu perfil, nas redes sociais
Assinado em setembro de 2014, seis meses depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia, Minsk I é um acordo de cessar-fogo, em 12 pontos, que nunca chegou a ser respeitado. Já o acordo de Minsk II, firmado em fevereiro de 2015, apresentou uma fórmula projetada para reintegrar à Ucrânia as regiões separatistas apoiadas pela Rússia, dando a Moscou alguma voz na política ucraniana.
A reação da União Europeia ocorreu minutos depois que Putin reconheceu a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia. A decisão, porém, não prevê anexá-las e adicioná-las formalmente a seu próprio território.
Após um longo pronunciamento, Putin assinou decretos reconhecendo a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk, e determinando "acordos de amizade e ajuda mútua". A cerimônia foi transmitida pela televisão estatal.
O presidente russo também pediu à Ucrânia que cesse imediatamente as "operações militares" contra os separatistas pró-Rússia. Caso contrário, o país será responsabilizado "por mais derramamento de sangue".
"Quanto àqueles que tomaram o poder em Kiev e o mantém, exigimos que cessem imediatamente as operações militares, caso contrário, toda a responsabilidade por mais derramamento de sangue recairá sobre a consciência do regime em território ucraniano", disse ele ao final do discurso.
Escalada de tensões no Leste Europeu
A Rússia tem mais de 190 mil soldados, tanques e mísseis concentrados ao longo da fronteira ucraniana, mas nega a intenção de invadir o país vizinho. No entanto, o regime de Vladimir Putin reclama de uma eventual adesão de Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar criada para fazer frente à extinta União Soviética.
Em contrapartida, os Estados Unidos e países aliados do Ocidente (como o Reino Unido, França e a Alemanha) têm dito repetidas vezes que a Rússia pode invadir a Ucrânia "a qualquer momento" e ameaçam o país com "sanções econômicas severas" e "resposta ágil", caso a invasão ocorra.
Moscou, por sua vez, acusa os países ocidentais —em especial os Estados Unidos— de fazerem "histeria e alarmismo" sobre um ataque russo à Ucrânia, o que, segundo eles, não estaria em seus planos.
A Rússia já anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014, o que culminou em sanções econômicas dos EUA e da União Europeia. O país também é acusado de financiar os rebeldes pró-Moscou que controlam as autoproclamadas Repúblicas de Lugansk e Donetsk, na região de Donbass.
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