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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Ucranianos tomam rota de fuga e UE e ONU se preparam para refugiados

Pessoas evacuadas de regiões controladas por separatistas no leste da Ucrânia embarcam em trem em Taganrov (Rússia) - Sergey Pivovarov/Reuters
Pessoas evacuadas de regiões controladas por separatistas no leste da Ucrânia embarcam em trem em Taganrov (Rússia) Imagem: Sergey Pivovarov/Reuters

Colunista do UOL

24/02/2022 05h34

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A primeira grande crise de segurança na Europa em anos corre o risco de rapidamente se transformar em uma crise humanitária. A coluna apurou que agências das Nações Unidas, em coordenação com governos europeus, estão traçando planos e cenários para um fluxo importante de refugiados ucranianos. Algumas das projeções chegam a falar em 5 milhões de possíveis refugiados, dependendo da intensidade da guerra.

Nas primeiras horas desta quinta-feira, longas filas de carros deixando algumas das cidades já eram vistas na Ucrânia. Em Kiev, as imagens de um enorme trânsito circulam pelas redes sociais, enquanto outra parte da população busca refúgio em estações do metrô e os distribuidores de dinheiro são tomados por uma população que busca alguma garantia.

  • Veja últimas notícias sobre o ataque da Rússia e mais no UOL News com Fabíola Cidral:

Nos países vizinhos, a ordem também é a de se preparar nos postos de fronteira. A região já abriga há anos 2 milhões de ucranianos que deixaram seu país em busca de emprego.

No caso da Polônia, o governo estima que poderia ver um fluxo de refugiados que atingiria 1 milhão de pessoas. Há dois dias, a comissária de Migração da UE, Ylva Johansson, liderou uma missão de técnicos para Varsóvia para desenhar um plano de acolhimento.

Na Eslováquia, as autoridades também admitem que o êxodo poderá ocorrer "em grande número".

Na ONU, porém, o alerta é de que a situação crítica da Ucrânia nos últimos anos jamais gerou uma generosidade dos países europeus. O pacote humanitário solicitado pelas Nações Unidas de US$ 190 milhões no final de 2021 não conseguiu reunir nem 10% do valor que necessita para atender aos ucranianos mais necessitados.

O Conselho Norueguês de Refugiados também soou o alerta, apontando que "aposentados congelando" em áreas da Ucrânia sequer tinham recursos para se alimentar.

O novo conflito europeu, porém, coloca governos populistas do Leste Europeu em uma encruzilhada. Se muitos declaram apoio ao governo da Ucrânia, seus líderes chegaram e se mantém no poder usando uma retórica anti-imigrante e contra refugiados.

Um deles é Viktor Orbán, na Hungria, que literalmente colocou estrangeiros em prisões nas fronteiras quando a Europa viu o êxodo de sírios em 2015.

No caso dos ucranianos, alguns desses governos já indicaram que a resposta será diferente. Não faltam ainda vozes apontando que essa nova população pode até ser bem-vinda, diante da falta de mão de obra em alguns setores.

Já em 2015, um ano depois da anexação da Crimeia pela Rússia, o número de ucranianos nos países europeus saltou de forma importante. Na Polônia, eles passaram de 200 mil para 800 mil. Em Praga, o número aumentou em 65% em apenas alguns meses.