Meus pais acordaram com bombas explodindo, diz ucraniano que vive no Brasil
O ucraniano Anton Uzhyk, que vive no Brasil há dez anos, afirmou ao UOL News que seus pais, que continuam morando na Ucrânia, acordaram com o barulho de bombas explodindo durante a invasão da Rússia ao país. O profissional de tecnologia da informação, que vive atualmente no interior de São Paulo, explicou que seus pais desejam sair da Ucrânia.
Minha família] está com medo. Acordar escutando as bombas explodindo não é uma coisa maravilhosa que você quer todo o dia. Está todo mundo assustado, não sabe o que fazer, se a Ucrânia vai conseguir resistir, se vão atacar as cidades. (...) Eu sou filho único, tenho mãe e pai, tenho um tio [na Ucrânia], e alguns parentes que falaram que não vão sair, vão defender [o país]. Minha mãe e meu pai querem sair da Ucrânia.
Ucraniano Anton Uzhyk ao UOL News
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O profissional de tecnologia, que é casado com uma brasileira, tem dois filhos e mora aqui há dez anos, explicou que pediu à embaixada brasileira para trazer seus pais para o Brasil com os demais cidadãos brasileiros que vivem na Ucrânia.
"Por enquanto, o previsto é que ela [a embaixada] retire apenas os brasileiros que querem sair da Ucrânia. Mas, talvez, ela pode trocar ideia e levar [meus pais], se tiver vaga, no avião. Eu entendo que eles vão retirar o povo que está sofrendo e que é o que o país tenta ajudar, mas eu estou pedindo, implorando, para se tiver vagas, levar os meus pais juntos porque para mim já deu", desabafou o ucraniano à apresentadora Fabíola Cidral.
Segundo o ucraniano, seus amigos que ainda vivem no país explicaram que a Rússia está atacando pontos estratégicos e ainda não invadiu as cidades, mas que isso poderá ocorrer caso a Ucrânia não ceda às imposições do país liderado por Vladimir Putin.
O Exército russo disse nesta quinta-feira (24) que destruiu 74 instalações militares na Ucrânia, incluindo 11 aeródromos, como parte da invasão ordenada por Moscou esta madrugada.
"É coisa muito séria, ninguém espera o que vai acontecer. Várias pessoas querem sair do país e estão pedindo ajuda aos outros países e da mídia. Está difícil, está todo mundo assustado."
Anton afirmou que enxerga as ações russas contra o seu país como uma "guerra" e não um "ataque ou invasão".
É guerra em força toda porque muitas cidades foram atacadas na mesma hora e em pontos estratégicos, onde tem arma e base [militar] para recuperar. Eu acho que não vai parar com isso, não.
Para Anton, os russos que invadiram o país e "apertaram o gatilho" das armas e os canhões precisam ser punidos pela ação contra a Ucrânia. Ele ainda disse que essa guerra pode "acabar muito rápido" se a Rússia realmente decidir invadir o país em razão do seu grande poderio de fogo.
"Meus ancestrais, bisavós, já sobreviveram às duas Guerras Mundiais, talvez essa seja a terceira, ninguém sabe. Eu cresci com o pensamento que tem que proteger o que é seu. Não pode deixar invadir e levar, mas não tem como brigar contra um tanque com pedra. Se eles querem invadir, de modo brutal, em dois ou três dias ele pode acabar com o país. Mas se eles querem invadir de verdade, não vai adiantar sanções de outros países, ele vai tomar de qualquer jeito."
Rússia inicia invasão na Ucrânia
A Rússia iniciou na madrugada de hoje (no horário de Brasília) uma operação militar de invasão da Ucrânia. Após o início das mobilizações russas, houve registro de explosões e ataques a unidades de fronteiras ucranianas, além de movimentações de tanques. Já há mortos em decorrência da ação militar. As ofensivas da Rússia fizeram as sirenes de emergência dispararem na Ucrânia e o presidente Volodymyr Zelensky adotar lei marcial no país.
Segundo guardas de fronteira ucranianos, as forças russas entraram na região do norte de Kiev a partir de Belarus para executar um ataque com mísseis contra alvos militares. Também há relatos de voos de helicópteros não identificados nas proximidades da capital ucraniana. Pronunciamentos oficiais não foram divulgados sobre essa situação. No Twitter, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, afirmou mais cedo que a "invasão é total", sem definir uma região específica.
Em comunicado divulgado horas após os ataques russos, o Kremlin declarou que a operação militar contra a Ucrânia durará o tempo que for necessário, dependendo de seus "resultados" e de sua "relevância", estimando que os russos apoiarão tal ofensiva.
O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, também disse a repórteres que Moscou pretende impor um "status neutro" à Ucrânia, sua desmilitarização e a eliminação dos "nazistas" que, segundo ele, estão no país.
Peskov ainda afirmou que a Rússia criou ferramentas de segurança suficientes para sobreviver à volatilidade do mercado e disse que a reação "emocional" do mercado financeiro à invasão russa da Ucrânia vai se nivelar.
Segundo o porta-voz, todas as medidas necessárias estão sendo adotadas para garantir que a reação do mercado seja a mais breve possível. Nos últimos dias, vários países adotaram sanções contra a Rússia, entre eles os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha e França.
Veja as últimas informações sobre ataque russo à Ucrânia e mais no UOL News com Fabíola Cidral:
*Com AFP
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