Sob ataque, ucranianos dizem que parentes na Rússia não acreditam em guerra
Vivendo sob intensos ataques de militares russos e bombardeios aéreos, os ucranianos passam por um choque de realidade com familiares que vivem na Rússia.
Reportagem do jornal americano New York Times mostra que, fora da Ucrânia, parentes russos não acreditam que esteja em andamento uma guerra que já dura 13 dias. O desencontro de informações ocorre, segundo a reportagem, por conta da divulgação de mensagens oficiais do Kremlin que negam a existência do conflito.
Nos comunicados do governo russo, as autoridades têm afirmado que a atuação da Rússia em solo ucraniano não é uma guerra, mas uma "operação especial militar" para "desnazificar" a Ucrânia. Com essa narrativa, o NYT diz que está surgindo uma onda de desinformação na Rússia, enquanto o Kremlin reprime veículos independentes que fazem a cobertura dos confrontos.
Um dos relatos que retratam essa situação é o jovem ucraniano Misha Katsurin, de 33 anos. Ele é dono de um restaurante na Ucrânia e se questionou sobre o motivo de seu pai, um zelador que mora na Rússia, não entrar em contato para saber se ele estava bem. "Há uma guerra, sou filho dele, e ele simplesmente não ligou", disse Katsurin ao NYT.
Segundo o jornal americano, os canais de televisão russos não mostram o bombardeio de Kiev, capital da Ucrânia, e seus subúrbios, por exemplo, ou os ataques devastadores a Kharkiv, Mariupol, Chernigov e outras cidades ucranianas.
Também ficam fora da programação a resistência pacífica em lugares como Kherson, uma grande cidade no sul que as tropas russas capturaram há vários dias. Além disso, a população também não fica sabendo, por meios oficiais, de protestos da Rússia e no mundo contra a guerra. Em vez disso, as mensagens do governo se concentram em divulgar os sucessos dos militares russos, sem discutir as baixas entre os soldados.
Situação semelhante ocorreu com Valentyna Kremyr, que escreveu para seu irmão e irmã na Rússia para contar que seu filho havia passado dias em um abrigo antiaéreo no subúrbio de Bucha. A notícia foi recebida por seus familiares com descrença. "Eles acreditam que tudo está calmo em Kiev, que ninguém está bombardeando Kiev", disse ela ao jornal americano.
Corredores foram abertos para saída da Ucrânia
Após o acordo de ontem entre Rússia e Ucrânia, moradores têm conseguido deixar ao menos duas cidades do país invadido. Um corredor humanitário foi aberto hoje em Sumy, cidade ucraniana a cerca de 330 quilômetros a leste da capital, Kiev, perto da fronteira com a Rússia.
A Ucrânia, no entanto, acusa a Rússia de impedir a saída de mulheres, idosos e crianças de Mariupol. "O inimigo executou um ataque exatamente na direção do corredor humanitário", disse o Ministério da Defesa ucraniano. Ontem, a Rússia prometeu trégua em cinco cidades ucranianas para evacuação de ucranianos por corredores: Sumy, Kharkiv, Chernigov, Mariupol e a capital, Kiev.
Ataque em Sumy
O serviço de emergências da Ucrânia informou hoje que os socorristas eliminaram as consequências de um ataque aéreo que atingiu uma área residencial em Sumy ontem. Prédios foram atingidos. Ao menos 21 pessoas morreram, segundo a última atualização. Entre elas, duas crianças, segundo as autoridades.
Ofensivas em outras cidades
Onze incêndios, após bombardeios da Rússia, foram registrados também em Mykolaiv, segundo o serviço de emergências da Ucrânia. Deles, oito foram em setores residenciais. Ao menos quatro civis morreram, mas os números ainda são contabilizados.
Ataques a áreas residenciais também foram registrados em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia. Três adultos e uma criança ficaram feridos, segundo a polícia local, após um prédio ter sido atingido.
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