Pedra esculpida pode ajudar a desvendar história de civilização dos pictos
Arqueólogos desenterraram recentemente uma rara pedra com símbolos esculpidos, na Escócia, e acreditam que ela deva ter pertencido a uma comunidade conhecida como pictos há cerca de 1.500 anos.
A pedra de 1,7 metro de comprimento foi localizada por acaso em uma fazenda em Aberlemno, no interior do país, por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Aberdeen. Os especialistas estavam trabalhando na região para entender mais a fundo as mudanças que o vilarejo passou desde a Idade Média e possíveis vestígios deste período.
O projeto chamado "Comparative Kingship" ("Realeza Comparada", em tradução livre) é liderado pelo professor Gordon Noble. Em entrevista ao tabloide britânico DailyMail, ele afirmou que tropeçar em uma pedra-símbolo em uma escavação preliminar, por si só, é um acontecimento incomum.
"Encontrar algo assim enquanto se cava um pequeno poço de teste é absolutamente notável e nenhum de nós podia acreditar em nossa sorte", disse Noble.
Segundo o professor, até o momento, poucas dessas pedras e outros artefatos associados aos pictos foram encontrados. Contudo, a novidade se configura como uma nova chance para descobrir o que está por trás dos símbolos gravados.
"Existem apenas cerca de 200 desses monumentos conhecidos. Eles são ocasionalmente desenterrados por fazendeiros que lavram os campos ou durante a construção de estradas. Mas, quando conseguimos analisá-los, já ficamos perturbados com todo o mistério que os envolvem".
O vilarejo de Aberlemno já é bastante conhecido no Reino Unido por sua herança picta, que abrange uma coleção de pedras eretas únicas.
Os pictos - cujo nome significa "os pintados" em latim, pois tinham o hábito de pintar seus corpos com tinta - eram uma grande comunidade que habitava a Escócia durante a Idade das Trevas.
De acordo com historiadores, eles entraram em extinção por volta do final do primeiro milênio. Mas, deixaram várias pistas de sua existência em muitas partes do país. A mais famosa delas é uma laje cruzada elaborada para retratar cenas de uma batalha de vital importância para a criação do que se tornaria a Escócia, a 7ª Batalha de Nechtansmere, em 685 d.C.
O conflito, segundo especialistas, consistiu na resistência dos pictos contra as conquistas dos romanos e dos anglos.
Os arqueólogos estavam realizando levantamentos geofísicos do solo no início de 2020, em um esforço para entender melhor a história das pedras existentes. Por meio de equipamentos de imagem sobre o terreno, eles identificaram anomalias que pareciam evidências de um assentamento.
Um poço foi cavado para tentar averiguar se os restos de quaisquer edifícios poderiam estar presentes. Mas, em vez disso, os arqueólogos revelaram a pedra-símbolo.
James O'Driscoll, pesquisador que inicialmente descobriu a pedra, descreveu o momento em que o objeto raro foi desenterrado. "Pensamos em investigar um pouco mais antes de partirmos para a escavação. De repente, nos deparamos com estes símbolos", relatou.
Houve muitos gritos de euforia entre os membros da equipe. Então encontramos mais símbolos e houve mais agitação e um pouco de choro. É uma sensação que provavelmente nunca mais terei em um sítio arqueológico por um achado dessa escala.
James O'Driscoll, pesquisador
Por causa de várias restrições impostas pela pandemia de covid-19, os esforços para revelar mais informações a respeito da origem e da finalidade do objeto e do assentamento foram temporariamente suspensos. Mesmo assim, a equipe agora acredita que a pedra data do século V ou VI. Nas últimas semanas, eles escavaram meticulosamente parte do assentamento e a removeram do seu local de repouso.
Como as outras pedras em Aberlemno, a nova descoberta parece ser primorosamente esculpida com evidências de símbolos pictos abstratos clássicos, incluindo ovais triplos, um crescente, uma haste em V e discos duplos.
Excepcionalmente, a pedra parece mostrar diferentes períodos de escultura com símbolos sobrepostos uns aos outros.
A pedra foi transferida para o instituto de conservação Graciela Ainsworth, em Edimburgo, onde será realizada uma análise mais detalhada.
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