Pessoas estão derretendo neve para terem água, diz ex-presidente ucraniano
O empresário bilionário e ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko comentou a grave crise humanitária enfrentada por seu país e disse que as pessoas estão derretendo a neve para terem água, em meio à invasão das tropas russas na Ucrânia.
Poroshenko esteve em Irpin, cidade localizada a 20 quilômetros a noroeste da capital, Kiev, onde ajudou na evacuação de civis. Além da falta de água, o ex-presidente afirmou que a cidade já não tem eletricidade, gás, comida ou remédios. A declaração foi feita em entrevista à BBC, de Londres.
Questionado pela reportagem se ele acreditava que o Kremlin honraria o cessar-fogo nas principais cidades e manteria os corredores humanitários abertos, Poroshenko disse que quando estava no poder --ele foi presidente entre 2015 e 2019-- teve experiências muito "negativas" com Vladimir Putin e que alertou o mundo para não confiar no presidente russo.
Segundo ele, os ucranianos estão lutando pela liberdade, pela democracia e pela Otan (Organização do Tratado do Altântico Norte), e "pagando por isso com o maior preço que puderem - suas vidas e seu sangue".
Ataque russo
Militares russos lançaram hoje bombas em um hospital infantil e maternidade na cidade ucraniana de Mariupol, no sul do país —crucial para a estratégia russa na Ucrânia—, informaram o governo e o porta-voz da polícia local. O ataque teria deixado pelo menos 17 feridos, segundo funcionários do centro de saúde.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou a ação como uma "atrocidade" e voltou a pedir que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) proteja seu espaço aéreo contra a Rússia.
"O ataque direto de tropas russas na maternidade. Pessoas sob os escombros. Crianças sob os escombros. Isso é uma atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será cúmplice em ignorar o terror? Feche o céu imediatamente! Pare os assassinatos imediatamente! Você tem poder. Mas você parece estar perdendo a humanidade", escreveu em suas redes sociais o mandatário.
Sul da Ucrânia
O sul da Ucrânia é crucial para a estratégia da Rússia na guerra. Nos dias que antecederam a invasão, a Rússia posicionou ao longo da costa ucraniana navios carregados com tanques de guerra, veículos blindados e soldados, prontos para desembarcar no mar Negro e no mar de Azov.
A meta era cercar as cidades da região para impedir o acesso da Ucrânia ao mar e criar uma conexão direta com a península da Crimeia —dominada pelos russos desde 2014— e a região de Donbass, à leste, aliada da Rússia e com duas regiões que já declararam independência: Lugansk e Donetsk.
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