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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Rússia diz que concluiu 1ª fase da guerra; foco agora é região separatista

Nathan Lopes

Do UOL*, em São Paulo

29/03/2022 08h29Atualizada em 30/03/2022 05h36

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse, hoje (29) que, "em geral, as principais tarefas da primeira etapa da operação foram concluídas", em referência à invasão russa ao território ucraniano, que chegou ao seu 34º dia. "Operação" é como a Rússia chama a guerra que promove contra a Ucrânia.

"O potencial de combate das Forças Armadas da Ucrânia foi significativamente reduzido, o que permite concentrar as principais atenções e os principais esforços na consecução do objetivo principal: a libertação do Donbass", disse, em pronunciamento, citando a região separatista da Ucrânia.

A declaração foi feita no dia em que delegações dos dois países estiveram reunidas na Turquia para tratar sobre a invasão. A Rússia anunciou a promessa de uma redução radical na atividade militar em nas regiões de Kiev, capital do país, e Chernihiv, no norte, com a indicação da Ucrânia sobre neutralidade, ficando longe de alianças militares.

shoigu - Reprodução/Ministério da Defesa da Rússia - Reprodução/Ministério da Defesa da Rússia
Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia
Imagem: Reprodução/Ministério da Defesa da Rússia

Segundo Shoigu, "das 152 aeronaves que estavam na composição de combate das Forças Armadas da Ucrânia antes do início da operação, 123 foram destruídas". "De 149 helicópteros, 77 [destruídos], de 180 sistemas de defesa aérea de longo e médio alcance, 152 [destruídos]." A informação não pôde ser verificada com fontes independentes. Mas a Ucrânia tem recebido apoio militar de outros países, que criticam a guerra russa.

"Consideramos irresponsável a posição do Ocidente, que fornece armas letais à Ucrânia", disse Shoigu. "A sua distribuição descontrolada à população e aos mercenários só agrava a situação e, no futuro, pode criar uma ameaça para os próprios europeus".

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

"Confiança mútua"

Segundo os russos, as negociações a respeito de neutralidade da Ucrânia foram um dos fatores que permitiram a decisão de reduzir a escala russa na Ucrânia "A fim de aumentar a confiança mútua e criar as condições necessárias para novas negociações e alcançar o objetivo final de concordar com a assinatura do acordo", disse o vice-ministro da Defesa da Rússia, Alexander Fomin.

Para a delegação russa, se um tratado for trabalhado rapidamente e um compromisso for firmado, a possibilidade de fazer a paz ficará mais próxima. A Rússia, inclusive, sugeriu um encontro entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, caso seja feito o tratado entre os países; os ucranianos indicaram que ele é possível. Apesar do diálogo, hoje ainda houve registros de ataques pela Ucrânia.

Mykhailo Podolyak, um dos negociadores da Ucrânia, disse que "a chave é o acordo sobre garantias de segurança internacional para a Ucrânia". "Somente com este acordo podemos acabar com a guerra, como a Ucrânia precisa", disse Podolyak.

Pontos em debate

Além da neutralidade da Ucrânia, a Rússia exige o reconhecimento da anexação da Crimeia e da soberania do Donbass, região onde ficam as autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk. Essa é a questão mais espinhosa e será negociada de forma separada, segundo Podolyak.

Em troca do compromisso de não aderir à Otan, Kiev insistiu que sua candidatura para entrar na União Europeia não pode ser bloqueada. O pedido já foi formalizado por Zelensky, mas ainda aguarda um parecer da Comissão Europeia para iniciar sua tramitação.

A Ucrânia também exige a instituição de um mecanismo internacional de garantias de segurança similar ao artigo 5 da Otan, que determina que um ataque a um membro da organização deve gerar uma resposta conjunta da aliança.

Esse mecanismo prevê a formação de um grupo de países capazes de dar uma resposta dentro de 24 horas no caso de uma eventual agressão externa. Diversas nações já foram cotadas para esse instrumento, incluindo os membros do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), Alemanha, Canadá, Israel, Itália e Turquia.

"Continuaremos nossas negociações com a Rússia, mas também envolveremos os países garantidores", explicou Podolyak

"Ameaça significativa"

A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido disse, nesta terça, que "as forças ucranianas continuaram a realizar contra-ataques localizados ao noroeste de Kiev", citando as cidades de Irpin, Bucha e Gostomel. "Esses ataques tiveram algum sucesso e os russos foram afastados de várias posições." Os britânicos, porém, disseram que ainda há riscos para a capital ucraniana.

No entanto, a Rússia ainda representa uma ameaça significativa para a cidade [Kiev] por causa de sua capacidade de ataque
Ministério da Defesa do Reino Unido

O Ministério da Defesa da Ucrânia disse hoje que "nota a retirada de certas unidades das forças armadas da Federação Russa do território das regiões de Kiev e Chernihiv", também citando a região no norte do país.

Segundo a análise do Reino Unido, as "forças russas mantiveram sua ofensiva em Mariupol, com bombardeios contínuos" na cidade portuária. "Mas o centro permanece sob controle ucraniano." Os britânicos dizem que, "em outros lugares, as forças russas estão mantendo posições de bloqueio enquanto tentam reorganizar e redefinir suas forças."

As autoridades ucranianas ainda acreditam que a Rússia quer tomar Kiev e descartam a ideia de que o governo russo se concentrará na região leste. "Capturar Kiev é equivalente a capturar a Ucrânia. E esse é o objetivo deles", disse a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Malyar, que avaliou que a Rússia "está tentando romper o corredor ao redor de Kiev e bloquear as rotas de transporte".

(Com RFI)