Como era a estação de trem na Ucrânia antes de ser destruída pelos russos
Ao menos 39 pessoas morreram e 100 ficaram feridas nesta sexta-feira (8) em um ataque russo a uma estação de trem, na cidade de Kramatorsk, a cerca de 690 quilômetros de Kiev, na região de Donetsk, leste da Ucrânia.
A destruição do prédio foi simbólica, porque era por ali que os civis tentavam fugir da guerra para partes mais seguras do país. Os mísseis atingiram uma sala de espera temporária, onde as pessoas esperavam o trem de evacuação.
O prefeito de Kramatorsk, Oleksandr Honcharenko, estimou que cerca de 4.000 pessoas estavam no local no momento do ataque, sendo que 90% delas eram idosos, mulheres e crianças.
A cidade, no leste do país, é a sede administrativa da região de Donetsk —a cidade de Donetsk está sob o controle da Rússia. E ali foi um dos primeiros lugares a serem alvos dos militares russos quando começou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
A estação de trem, a 957 metros do centro da cidade, era fundamental para para evacuar a região —dali partiam cerca de seis trens diariamente.
O local, além de ser o principal terminal de passageiros e carga da região, um importante centro de engenharia e entroncamento ferroviário.
Há dias, trens saíam lotados, porque os líderes regionais apelaram aos moradores para que fugissem das forças invasoras. Cerca de 8.000 pessoas estavam utilizando diariamente a estação nas últimas duas semanas.
Construída em 1868, perto do rio Kazenyi Torets, lidava com uma única linha da ferrovia Kursk-Kharkiv-Azov. A seção de via dupla era necessária para permitir que os trens passassem entre as estações de Sloviansk e Druzhkivka.
Em 1869, a administração ferroviária da estação abriu uma escola para filhos de trabalhadores da estação, correio e telégrafo.
Dez anos depois, foi construído o prédio de estação de pedra e o prédio de serviços de dois andares.
Com a construção de uma usina refratária perto da estação em 1887, começou o desenvolvimento da indústria e da atual cidade de Kramatorsk.
Hoje, a região é o centro mais importante de engenharia pesada, produção de joias e ciência da Ucrânia.
O primeiro trem do período pós-guerra passou pela estação. Após os danos causados pela Segunda Guerra Mundial, ao prédio projetado pelo arquiteto V. M., um novo foi construído por Syromyatnikov.
Em 2013, a estação foi reformada para ficar de acordo com os padrões europeus e poder funcionar 24 horas por dia.
De junho a julho de 2014, o tráfego foi suspenso devido a hostilidades causadas por um conflito armado na região leste da Ucrânia. No início de agosto de 2014, o tráfego através da estação Kramatorsk foi restaurado.
Atualmente, o local conta com 3 plataformas e cerca de 40 pistas.
Muitas cidades podem ser acessadas a partir de Kramatorsk, incluindo centros regionais: Kharkiv, Poltava, Odessa, Dnipro, Kropyvnytskyi, Lviv, Ivano-Frankivsk, Sumy e Kiev.
Repercussão após ataque russo
O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, declarou que o ataque em Kramatorsk foi um "massacre deliberado". O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também se pronunciou dizendo que a Rússia realizou o ataque na estação "onde milhares de ucranianos pacíficos esperavam para serem evacuados".
Em comunicado, o Ministério da Defesa Russo negou a autoria do ataque e chamou as acusações de "provocação" e "absolutamente falsa". Segundo o ministério, o país não realizou nenhuma missão de fogo hoje na cidade e disse que o ataque "foi realizado por uma divisão de mísseis das forças armadas ucranianas da área do assentamento de Dobropolye, 45 quilômetros a sudoeste da cidade".
O míssil que atingiu a estação tinha escrito a frase "para as crianças", de acordo com o jornal russo independente Meduza e o britânico Sky News.
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