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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Ucrânia diz ter atacado comboio militar e principal navio russo na região

Do UOL*, em São Paulo

14/04/2022 05h00Atualizada em 14/04/2022 11h09

No 50º dia da guerra promovida pela Rússia, a Ucrânia disse hoje ter atingido um comboio militar inimigo e também o navio mais importante da Marinha russa no mar Negro. Sobre o comboio, o Ministério da Defesa russo não fez menção até o momento. Já sobre o navio, a Rússia disse que houve uma explosão após munição a bordo ter sido detonada, mas não deu mais detalhes sobre o ocorrido.

Na região de Kharkiv, a Ucrânia informou que atingiu uma ponte por onde passava um comboio russo. O ataque aconteceu na área de Izium, cidade a cerca de 620 quilômetros a leste de Kiev, capital ucraniana.

"Alguns dias atrás, nossos soldados descobriram veículos inimigos na região de Kharkiv", disse o Ministério da Defesa da Ucrânia, que apontou que os russos "estavam se movendo para fortalecer seu grupo na região de Kharkiv", alvo constante de ataques. A Ucrânia, então, decidiu "realizar uma emboscada de engenharia".

"Era uma ponte no caminho dos veículos inimigos", explicou o ministério, indicando que colocou explosivos na via. "A ponte foi explodida junto com equipamentos russos de acordo com um determinado plano, destruindo toda a coluna inimiga." O Ministério da Defesa da Rússia ainda não se manifestou sobre o ataque ao comboio.

Chefe de gabinete da Presidência da Ucrânia, Andriy Yermak comemorou o ataque. "Costumava ser uma coluna militar da Federação Russa, mas agora virou sucata. Glória aos nossos soldados."

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Explosivo foi colocado pelas forças ucranianas embaixo de ponte em Izium, na região de Kharkiv, leste da Ucrânia
Imagem: Reprodução/Facebook/GeneralStaff.ua

Navio russo

O Moskva, que está no sul da Ucrânia, foi "seriamente danificado" após uma explosão a bordo, segundo a Rússia, que não identifica o incidente como um ataque. Segundo Kiev, porém, a explosão foi causada por mísseis lançados pelas forças ucranianas.

"O foco do incêndio foi contido, não há mais chamas. As explosões de munição cessaram. O Moskva mantém sua flutuabilidade", disse o Ministério da Defesa da Rússia. "Foram tomadas medidas para rebocar o navio de cruzeiro ao porto", acrescentou.

moskva - 27.jul.2017 - Pavel Rebrov/Reuters - 27.jul.2017 - Pavel Rebrov/Reuters
Foto de arquivo mostra o navio russo Mosvka no porto de Sebastopol, na Crimeia
Imagem: 27.jul.2017 - Pavel Rebrov/Reuters

O ministério russo não deu nenhuma indicação sobre as razões do incidente, mas disse que ele está sob investigação. Acrescentou ainda que a tripulação de várias centenas de pessoas foi retirada da embarcação, sem fornecer um número exato.

O Comando Militar do Sul da Ucrânia, por sua vez, disse, nesta quinta-feira (14), que atingiu o Moskva com um míssil Neptune no dia anterior, causando danos significativos, e que o navio tinha começado a afundar.

O Moskva foi originalmente construído na era soviética em Mykolaiv, na Ucrânia, e entrou em serviço no início dos anos 1980, segundo a imprensa russa. A embarcação foi anteriormente utilizada na guerra da Síria. O cruzador carrega 16 mísseis antinavio P-1000 Vulkan, bem como uma série de armas antissubmarino e outros tipos de armas.

O Moskva ganhou notoriedade no início da guerra na Ucrânia quando exigiu a rendição das tropas de fronteira ucranianas que defendiam a estratégica Ilha das Serpentes, mas estas se recusaram desafiadoramente.

moskva - 7.abr.2022 - Maxar Technologies/Reuters - 7.abr.2022 - Maxar Technologies/Reuters
7.abr.2022- Imagem de satélite mostra o navio Moskva (o maior na imagem) em Sebastopol, na Crimeia
Imagem: 7.abr.2022 - Maxar Technologies/Reuters

Preparação

Para o Ministério da Defesa ucraniano, "há uma ameaça constante" de uso de mísseis em todo o território, e vê "ataques sistemáticos" nas regiões de Kharkiv, Donetsk e Zaporizhzhia, no leste ucraniano.

Segundo a Defesa ucraniana, a Rússia "continua a construir um grupo de aviação perto da fronteira leste". As forças russas estariam fortalecendo "as unidades de artilharia", além de otimizar "os sistemas de gestão existentes, inteligência e apoio médico".

A expectativa da Ucrânia e de países aliados é que a Rússia faça uma nova ofensiva na região leste, principalmente pelo interesse russo no Donbass, área separatista. Áreas da Rússia estarem em "nível amarelo de ameaça terrorista" é outro indicativo para a Ucrânia de que novos ataques estão por vir. O governo russo também disse que pode voltar a atacar Kiev.

Vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar disse que "é muito cedo para retornar a Kiev". "Porque ainda existe uma ameaça de ataques de mísseis em toda a Ucrânia, e o inimigo não deixa o objetivo de capturar toda a Ucrânia —e Kiev em particular."

Para Maliar, "a fase ativa da guerra continua, o que significa que o risco persiste em toda a Ucrânia". "E, considerando que Kiev foi um objetivo fundamental para eles, e eles não deixam esse objetivo, ainda vale a pena esperar", completou.

Em 50 dias, a guerra russa na Ucrânia já tornou refugiadas 4,7 milhões de pessoas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Nesta quinta, a Ucrânia anunciou uma troca de prisioneiros com a Rússia.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Ataque na Rússia

Alexander Bogomaz, governador da região de Bryansk, na Rússia, disse, hoje, que as "Forças Armadas da Ucrânia bombardearam Klimovo", cidade que fica perto de Chernihiv, região do norte ucraniano.

"Como resultado do bombardeio, dois edifícios residenciais foram danificados", disse, indicando que houve feridos. A informação não pôde ser verificada com fontes independentes.

De acordo com a agência de notícias Interfax, citando o Ministério da Saúde da Rússia, sete pessoas feridas em Klimovo foram hospitalizadas, duas das quais são "graves". Klimovo está localizada a cerca de dez quilômetros da fronteira com a Ucrânia e tem cerca de 13.000 habitantes.

Já o governador da região russa de Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia, disse que duas cidades na região tiveram que ser evacuadas após bombardeios das forças de Kiev. De acordo com Vyasheslav Gladkov, o exército ucraniano primeiro bombardeou a cidade de Klimovo e depois a vila de Spodaryushino. Ele afirmou que não houve vítimas ou destruição significativa, mas que as autoridades evacuaram a segunda cidade atacada e outra cidade próxima por precaução.

A Ucrânia, porém, disse que não tem relação com essas ações e que elas seriam uma estratégia russa. Os russos teriam lançado "um plano para realizar ataques terroristas para injetar histeria anti-ucraniana", disse o Centro de Combate à Desinformação do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia.

Rendições em Mariupol

O Ministério da Defesa da Rússia disse, hoje, que "durante a operação para libertar a cidade de Mariupol", mais 134 militares ucranianos se entregaram. "Em apenas um dia, 1.160 militares ucranianos da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais se renderam voluntariamente. Entre eles, 176 oficiais."

O governo ucraniano, ontem, disse que "parte da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais foi capturada durante uma tentativa de invasão", sem mencionar rendições nem a quantidade de militares.

Cidade portuária, Mariupol é considerada um ponto estratégico no conflito entre Rússia e Ucrânia. Para a inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido, aliado dos ucranianos, "a defesa contínua de Mariupol pela Ucrânia está atualmente barrando um número significativo de tropas e equipamentos russos."

Negociações

Após o presidente russo, Vladimir Putin, declarar que as negociações com a Ucrânia estão em um "beco sem saída", a Turquia —país que mediou encontros presenciais entre as delegações das duas nações no final de março— disse hoje que elas foram afetadas "negativamente" após o massacre em Bucha, cidade próxima a Kiev.

"Criou uma atmosfera negativa do lado ucraniano", disse o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, ao veículo de imprensa NTV, da Turquia. O ministro ressaltou que o governo turco condena o massacre. A Turquia busca organizar uma nova reunião entre as delegações. Hoje, o governo russo disse que não há entendimento sobre a continuação de negociações presenciais.

Rússia e ampliação da Otan

Caso Suécia e Finlândia entrem na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o ex-presidente russo Dmitri Medvedev disse hoje que a Rússia pode ampliar sua presença militar na região próxima aos dois países. "A extensão das fronteiras terrestres da aliança com a Federação Russa mais que dobrará", disse Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia.

Ontem, as premiês dos dois países se reuniram e indicaram que a invasão russa da Ucrânia mudou o "cenário de segurança".

Medvedev indicou que, com suecos e finlandeses na Otan, será preciso fortalecer "seriamente o agrupamento de forças terrestres e de defesa aérea, implantar forças navais significativas nas águas do Golfo da Finlândia". "Até agora, a Rússia não tomou tais medidas, e não iria tomá-las", disse, indicando que a Rússia pode ser "forçada" a ampliar a presença militar. Ele chegou a indicar a possibilidade de se colocar armamento nuclear na região.

Conselheiro do gabinete da Presidência da Ucrânia, Myhhailo Podolyak ironizou a situação. "Rússia alega que iniciou a guerra para impedir que a Ucrânia se juntasse à Otan. Bem, quando Suécia e Finlândia se juntarem à aliança, a Rússia terá a Otan a 30 minutos de São Petersburgo", disse hoje no Twitter. "A economia [russa] sofre. Isolamento total. Mas 'a operação está indo de acordo com o planejado'. Então, qual era o plano?"

China defende posição

A China defendeu nesta quinta-feira (14) sua posição sobre o conflito na Ucrânia, dizendo que está "do lado certo da história", depois que Washington alertou que sua recusa em sancionar a Rússia pode afetar seu relacionamento com outras economias.

O porta-voz diplomático chinês, Zhao Lijian, assegurou que seu país é "objetivo e imparcial" e que "as preocupações legítimas de segurança russas também devem ser respeitadas". Pequim se recusou a condenar Moscou pela invasão da Ucrânia, buscando equilibrar o apoio ao seu aliado e evitar a violação das sanções ocidentais contra a Rússia.

(Com Reuters, AFP e DW)

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