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Ucrânia: Sargento médica que perdeu marido na guerra morre em Mariupol

A médica e sargento Olena Kushnir, morta em Mariupol - Reprodução/Redes sociais
A médica e sargento Olena Kushnir, morta em Mariupol Imagem: Reprodução/Redes sociais

Do UOL, em São Paulo

20/04/2022 10h15Atualizada em 20/04/2022 11h18

A médica e sargento Olena Kushnir foi morta em Mariupol, na Ucrânia, no domingo de Páscoa, segundo informações da agência de notícias italiana Ansa. A cidade portuária está sitiada por tropas russas e é uma das mais atingidas pela guerra, que já dura 56 dias.

Olena era uma das cerca de cem mulheres que estavam no front de batalha na cidade. Mesmo tendo perdido o marido nos primeiros dias da invasão ao país, ela decidiu ficar para lutar e tratar os feridos.

Quando o conflito se intensificou, ela conseguiu levar o filho em segurança até um dos poucos corredores humanitários que funcionavam.

Em março, a médica postou nas redes sociais um vídeo que ficou famoso, no qual testemunhava o martírio da cidade, pedia ajuda ao Ocidente e explicava sua decisão de ficar em Mariupol: "Não tenha pena de mim, sou médica, lutadora, sou ucraniana, cumpro meu dever".

Giorgia Meloni, jornalista e política italiana, lamentou a morte da sargento nas redes sociais. "Olena Kushnir, militar e médica, morreu em Mariupol no dia da Páscoa. Ele salvou o filho através de um corredor humanitário em Mariupol e depois voltou à luta (...) Uma patriota que deu a vida para ajudar seu povo e por amor ao seu país. Descanse em paz."

Militares ucranianos fazem apelo em Mariupol

Comandante da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais da Ucrânia, Serhiy Volynsky pediu para que militares e civis em Mariupol sejam retirados da fábrica de Azovtal. Em mensagem em vídeo, divulgada hoje por veículos ucranianos de imprensa, Volynsky disse que "este pode ser o último apelo". "Podemos ter alguns dias ou horas restantes." Ao menos 500 militares estariam feridos no local, que também abriga civis.

O Ministério da Defesa da Rússia renovou o ultimato aos militares ucranianos na siderúrgica de Azovtal, em Mariupol. O prazo era até as 8h, horário de Brasília, desta quarta-feira (20). Passado o horário, não houve rendição ucraniana até o momento nem nova manifestação russa a respeito. A fábrica é o principal local de resistência restante em Mariupol.

As autoridades ucranianas conseguiram chegar a um acordo com Moscou para retirar hoje milhares de mulheres, crianças e pessoas idosas da cidade.

O acordo foi anunciado nesta manhã pela vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Verechtchouk. "Levando em consideração a situação catastrófica em Mariupol, é lá que vamos concentrar nossos esforços hoje", publicou em sua página no Facebook.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Em entrevista a canais de TV da Ucrânia, o prefeito de Mariupol, Vadim Boïtchenko, afirmou que a expectativa é retirar cerca de seis mil civis de Mariupol. No total, 90 ônibus transportarão as pessoas para a cidade de Zaporijjia, no sul.

Segundo Boïtchenko, cerca de 100 mil civis, no total, aguardam para serem retirados de Mariupol. As autoridades locais também indicam que milhares de pessoas foram mortas nessa cidade portuária, em ruínas devido aos bombardeios russos.

* Com informações da RFI