Por causa da guerra na Ucrânia, irmãs se reencontram após 20 anos: 'Feliz'
Duas irmãs que não se viam há 20 anos conseguiram se reencontrar na Espanha, após uma delas se ver obrigada a fugir da Guerra Russo-Ucraniana, que passa por uma escalada em território ucraniano desde que a Rússia iniciou, no final de fevereiro, uma ofensiva contra o país.
A história das duas foi contada pelo jornal britânico The Guardian. "Desde que éramos pequenas nós sonhávamos em nos encontramos novamente, mas nunca imaginaríamos que isso aconteceria por causa de uma guerra", disse Tatyana Kluge García, 25, ao periódico.
"O momento (do reencontro) foi, ao mesmo tempo, feliz e triste", afirmou Angelika Batiai, 24. "Estava eu vendo minha irmã novamente depois de 20 anos, mas, por outro lado, eu tinha acabado de deixar minha família e amigos em um país em guerra", acrescentou.
Angelika Batiai e Tatyana Kluge García nasceram em uma vila no sul da Ucrânia, no final dos anos 1990, e tiveram uma infância cercada por problemas familiares. Aos 5 anos de idade, a primeira foi enviada para morar com uma tia, e a segunda, aos 6, com uma avó.
Tatyana, posteriormente, acabou sendo colocada sob tutela do Estado ucraniano. Ambas até tentaram convencer a tia que cuidava de Angelika a ficar com a guarda das duas, mas ela, sem condições financeiras para tanto, não pôde realizar o desejo das irmãs.
A mais velha foi adotada por uma família da região espanhola da Catalunha quando tinha 8 anos. Mesmo distante, porém, ela cresceu com a ideia fixa de reencontrar a irmã que ficou na Ucrânia, desejo que também foi compartilhado por Angelika.
Tatyana chegou a criar um perfil na rede social VK, popular na Rússia, para tentar localizar a irmã, mas foi Angelika quem acabou encontrando-a, no Facebook, em 2019.
Ambas começaram a conversar e a combinar um encontro em solo espanhol, mas a pandemia de covid-19 frustrou o plano das irmãs. Em 2022, porém, o encontro acabou acontecendo após Angelika se ver temerosa em relação a bombardeios russos que avançavam contra a Ucrânia.
"Eu esperava que tudo isso passasse e ficasse bem, mas foi ficando cada vez pior", contou Angelika ao Guardian. "A Tatyana estava me mandando mensagens todos os dias, dizendo: 'faça as malas, estamos todos esperando por você e preocupados", acrescentou.
Antes de ir para a Espanha, Angelika, que vivia em Nova Odessa, localidade próxima da cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, buscou se abrigar, junto ao noivo, em um porão na casa do primo. Os bombardeios russos, porém, começaram a se aproximar da região.
Mesmo com os familiares querendo permanecer no local, Angelika optou por fugir da Ucrânia, embarcando em um veículo com outras pessoas que buscavam escapar do conflito e rumavam em direção à fronteira com a Polônia.
"Eu estava com medo de sermos detidos ou de haver um alerta de ataque aéreo", relembrou Angelika. "O caminho todo eu estava pensando em como seria ver minha irmã, disse.
Ao chegar em Varsóvia, capital da Polônia, Angelika embarcou em um avião rumo à Espanha, com passagem comprada por Tatyana. No total, a saga entre sair de Nova Odessa e chegar até a Catalunha durou cerca de 34 horas.
Atualmente, Angelika está vivendo no mesmo apartamento em que Tatyana reside. Como a irmã mais velha perdeu, com o passar do tempo, parte das habilidades que tinha com a língua ucraniana, ambas têm se comunicado com auxílio de ferramentas de tradução e gestos com as mãos.
"Eu simplesmente não consigo parar de pensar nisso", afirmou Angelika, descrevendo a sensação de rever a irmã como "maravilhosa e inacreditável".
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