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Mais potente que bomba: erupção de vulcão em Tonga pode aquecer a Terra

Grande erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha"apa - Reuters: CIRA/NOAA
Grande erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apa Imagem: Reuters: CIRA/NOAA

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

04/08/2022 11h09

A grande erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, no arquipélago de Tonga, ocorrida em janeiro, lançou uma enorme quantidade de vapor de água na estratosfera da Terra, o que é capaz de influenciar temporariamente o clima do planeta, segundo a Nasa.

De acordo com reportagens da BBC e ABC, o vapor originado pela explosão foi detectado pelo Microwave Limb Sounder, da NASA, responsável por medir a emissão de gases atmosféricos.

A quantidade de água expelida na estratosfera, camada que fica entre 12 e 53 quilômetros acima da superfície da Terra, é o suficiente para encher mais de 58 mil piscinas olímpicas. Por isso, os cientistas consideram que o evento foi considerado mais potente que a bomba de Hiroshima.

Apesar de ainda não ter uma projeção adequada do impacto, a pesquisa publicada na "Geophysical Research Letters" examina a quantidade de vapor de água que o vulcão Tonga expeliu para a estratosfera e, segundo Luis Millán, cientista atmosférico do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa no sul da Califórnia e líder do estudo, "nunca foi visto nada parecido".

O raro evento de erupção deixou mortos no Peru e foi sentida até no Alasca. Foram lançados cerca de 146 teragramas (1 teragrama equivale a um trilhão de gramas) de vapor d'água na estratosfera. Isso representa 10% do vapor presente nessa camada.

Magnitude

Uma magnitude desta dimensão só foi possível devido à formação subaquática do vulcão. A estrutura do Tonga, também chamada de caldeira, fica localizada em uma profundidade no oceano que possibilitou a enorme expulsão de vapor.

Mas essa capacidade é rara, segundo os cientistas. Há 18 anos a Nasa rastreia esses dados, e apenas duas outras tiveram a capacidade de expelir grande quantidade de vapor: o evento Kasatochi, em 2008 no Alasca, e a erupção Calbuco, em 2015, no Chile.

Contudo, ao contrário do Hunga Tonga, em ambos os casos o vapor de água se dissipou rapidamente. Já no evento ocorrido este ano, o vapor ficará na atmosfera por muitos anos, de acordo com os estudos.

Esquentar ou esfriar?

A quantidade de vapor d'água foi tão grande que os cientistas temem que ela aqueça a superfície da Terra mais do que o esperado - embora seu efeito seja apenas temporário, diz a BBC.

"Essa erupção pode afetar o clima (...) por meio do aquecimento da superfície, devido à força radioativa do excesso de água estratosférica", segundo o estudo.

O artigo explica que se trata de um efeito anômalo, já que as grandes erupções vulcânicas normalmente esfriam o clima do planeta, devido às nuvens de cinza que encobrem o Sol. É o chamado "inverno vulcânico" — um exemplo aconteceu após a erupção do monte Tambora, na Indonésia (1815), que desencadeou o "ano sem verão" em 1816.

Os pesquisadores acreditam que o excesso de vapor d'água pode permanecer na estratosfera por vários anos, causando reações químicas que enfraquecem a camada de ozônio que protege a Terra.

Mas eles destacam que esse efeito terá menor escala e será temporário, dissipando-se à medida que o vapor excedente for reduzido.

Por isso, não se acredita que ele seja suficiente para ampliar as mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas, que todos já enfrentamos.

Como funciona a erupção

1 - O magma sobe em alta velocidade

2 - O contato do magma em alta velocidade com a água fria cria uma "interação combustível -refrigerante"

3 - O magma se fragmenta e os pedaços ficam expostos a uma maior quantidade de água do mar

4 - Reação em cadeia e grande explosão química

5 - As partículas saem em disparada com velocidade hipersônica.

*Com informações da BBC Brasil