Putin: EUA tentam prolongar guerra na Ucrânia e querem 'parasitar' o mundo
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse hoje que os Estados Unidos tentam prolongar a guerra na Ucrânia e acusou Washington de querer "parasitar" o mundo com interferências em outros países.
As declarações foram feitas pelo líder russo durante pronunciamento em uma conferência internacional de segurança realizada em Moscou. O discurso de Putin foi gravado em vídeo e exibido aos participantes da reunião.
Para Putin, além de tentar fazer a guerra na Ucrânia durar mais tempo, os EUA também querem causar conflitos em outras regiões para "provocar o caos" e aumentar a influência do Ocidente no mundo. "Eles estão agindo a mesma maneira ao incitar conflitos na Ásia, África e América Latina", disse o presidente russo.
"Os Estados Unidos e seus vassalos interferem grosseiramente nos assuntos internos de estados soberanos: eles organizam provocações, golpes de estado e guerras civis", acrescentou.
Ele ainda acusou o regime do presidente norte-americano, Joe Biden, de "forçar estados independentes a obedecer às vontades deles [Estados Unidos]" e "viver sob regras estrangeiras por meio de ameaças, chantagem e pressão".
Tudo isso é feito com um objetivo: manter seu domínio, o modelo que permite parasitar o mundo inteiro, como era séculos antes. Tal modelo só pode ser mantido à força. Vladimir Putin, presidente da Rússia.
A guerra na Ucrânia começou no dia 24 de fevereiro e já dura mais de cinco meses. Moscou, no entanto, diz que a invasão ao território ucraniano não se trata de um conflito, mas de uma "operação especial".
"Os objetivos desta operação são definidos de forma clara e precisa - isso é garantir a segurança da Rússia e de nossos cidadãos, proteger os habitantes de Donbass do genocídio", afirmou Putin no discurso de hoje.
Donbass é a região onde ficam localizadas Donetsk e Lugansk, dois territórios ucranianos que hoje são ocupados por militantes separatistas pró-Rússia.
"Para manter sua hegemonia, eles precisam de conflitos. Por isso prepararam o destino da bucha de canhão para o povo da Ucrânia, implementaram o projeto 'anti-Rússia', fecharam os olhos para a disseminação da ideologia neonazista, para os massacres de moradores de Donbass, inflaram e continuam a inflar o regime de Kiev com armas", disse o presidente russo.
Visita de Pelosi a Taiwan
Putin também traçou paralelos entre o apoio dos EUA à Ucrânia e uma recente visita a Taiwan pela presidente da Câmara dos Representantes americana, Nancy Pelosi, dizendo que ambos os gestos seriam parte de uma tentativa de Washington de fomentar instabilidade global.
"A aventura americana em Taiwan não foi apenas uma viagem de uma política irresponsável. Foi parte de um estratégia deliberada e consciente dos EUA com o intuito de desestabilizar a situação e criar caos na região e no mundo inteiro, numa aberta demonstração de desrespeito pela soberania de outro país e suas obrigações internacionais", afirmou.
'Sabotagem'
Na manhã de hoje, uma instalação militar na Crimeia pegou fogo, liberando grandes colunas de fumaça, segundo imagens compartilhadas nas redes sociais.
O depósito militar perto de Dzhankoi, no norte da Crimeia, "foi danificado na manhã de 16 de agosto por um ato de sabotagem", informou o exército russo em comunicado citado por agências de notícias russas.
O exército não apontou responsáveis e indicou que o evento não causou vítimas graves. Mais cedo, havia informado que o fogo começou às 6h15 (hora local) e provocou a detonação das munições armazenadas.
Há uma semana, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas por explosões semelhantes em uma base aérea russa na Crimeia.
A Ucrânia não reivindicou diretamente a responsabilidade por estes incidentes, mas altos funcionários e militares insinuaram tal envolvimento.
Crimeia tem alto risco de morte, diz Ucrânia
O assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak disse nesta terça-feira que "a Crimeia, em um país normal, é o Mar Negro, as montanhas, a diversão e o turismo. Mas a Crimeia ocupada pelos russos é de explosões de depósitos de munição e um alto risco de morte para invasores e ladrões".
A Crimeia, península ucraniana anexada em 2014 por Moscou, está na linha de frente da ofensiva militar da Rússia contra a ex-república soviética.
Aviões militares russos decolam quase diariamente deste território para atacar alvos em regiões sob controle de Kiev. Ao mesmo tempo, várias áreas desta península estão ao alcance de canhões e drones ucranianos.
Enquanto isso, na região leste do Donbass, epicentro do conflito, a Ucrânia denunciou que a Rússia lançou uma grande ofensiva contra uma refinaria de petróleo na cidade recentemente capturada de Lysychansk, na província de Lugansk.
Na província vizinha de Donetsk, que também faz parte do Donbass, uma mulher foi morta e outras duas ficaram feridas em um ataque russo, segundo a presidência ucraniana.
Esta importante região de mineração, cenário de um conflito com separatistas pró-Rússia desde 2014, está quase totalmente sob controle de Moscou.
Por outro lado, na frente sul, na região de Kherson, a tensão continua em torno da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, ocupada pelas forças russas desde o início de março.
Nesta terça-feira, o presidente francês Emmanuel Macron conversou por telefone por mais de uma hora com o ucraniano Volodymyr Zelensky sobre a situação na usina.
* Com informações da AFP e Agência Estado
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