Recorde nunca foi quebrado: onde foi a temperatura mais alta já registrada

A Europa ganhou os noticiários nos últimos meses pelas ondas de calor. Agora, a China viu os termômetros baterem 45ºC num período de seca e altas temperaturas que já dura mais de um mês.

É a onda de calor mais longa e mais quente na China desde que os registros nacionais começaram em 1961, segundo o historiador do clima Maximiliano Herrera disse à revista New Scientist.

Relacionadas

Calor na Europa causa mil mortes, incêndios e deixa Espanha sob 43,4ºC

Onda de calor de até 40 ºC na Europa acende preocupação com uso de máscara

Por que calor de 40ºC é mortal na Inglaterra e no Brasil é "normal"?

A temperatura mais alta já registrada na Terra foi de 56,7°C, em julho de 1913, no Vale da Morte, no meio do deserto do Mojave, na Califórnia (EUA). Parece estranho que esse recorde de 109 anos ainda não tenha sido quebrado, e, de fato, essa marca tem suas controvérsias.

Por se tratar de um registro muito antigo, há algumas dúvidas se essa temperatura foi mesmo tão alta assim. Até porque o recorde não chegou a ser duplamente verificado.

De todo modo, o recorde já foi homologado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) que, recentemente, afirmou que irá revisar a marca.

Outros locais possuem registro de temperaturas ainda mais elevadas, apesar de as medições não terem sido comprovadas.

El Azízia, na Líbia, por exemplo, pode ter tido um calor de 58°C, em 1912, marca não considerada pelos órgãos internacionais.

Vale da Morte

Recentemente, o Vale da Morte voltou a registrar temperaturas extremas e mais confiáveis. Desde 1931, a Organização Meteorológica Mundial computa, de forma mais precisa, as temperaturas globais. Levando em conta essa data, em 2013, o Vale da Morte bateu o recorde de calor com 54°C.

Sete anos depois, em agosto de 2020, o local novamente bateu o recorde de calor quando os termômetros chegaram a marcar 54,4°C, em marca ainda não validada pela WMO. O Vale da Morte também detém o recorde de mês mais quente de todos os tempos. Em julho de 2018, a temperatura média no local foi de 42.3°C.

Além de ficar em um deserto, a profundidade e o relevo fazem com que o Vale da Morte seja um lugar muito quente no verão. Por ficar em baixa altitude, o calor não se dissipa e volta para o solo. O vale também colabora para que o ar quente fique "preso" e volte para o fundo do local.

O Vale da Morte é o único representante das Américas na lista dos locais mais quentes da Terra. Conheça abaixo outros lugares de calor elevado, com altas temperaturas registradas nos últimos anos:

• Ouargla, na Argélia: localizado no deserto do Saara, o local registrou 51,3ºC, em julho de 2018.
• Mitribah, no Kuwait: essa área remota já marcou 53,9ºC, em julho de 2016.
• Basra, no Iraque: o aeroporto da cidade registrou os mesmos 53,9ºC, também em julho de 2016.
• Turbat, no Paquistão: a cidade no sul do país já sofreu com o calor de 53,7ºC, em maio de 2017.
• Quriyat, em Omã: essa cidade detém o recorde de noite mais quente de todos os tempos, quando os termômetros marcaram 42,6ºC, em junho de 2018.

No Brasil, o recorde de calor foi de 44,8ºC, registrado em Nova Maringá, no Mato Grosso, em novembro de 2020, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia. Das dez marcas mais quentes da história no Brasil, oito foram registradas de 2005 para cá.

Aquecimento global

As temperaturas elevadas nos últimos anos não são coincidência. Os sete anos mais quentes já registrados vieram todos depois de 2015, com 2016, 2019 e 2020 no top 3. O ano de 2021 não foi tão quente, mas está no top 7. Desde os anos 1980, cada década foi mais quente do que a anterior. O calor extremo que vem sendo registrado na Europa mostra que 2022 deve seguir na lista.

Segundo os cientistas, a razão de tanto calor é o aquecimento global.

O ano passado foi o sétimo ano seguido em que a temperatura global ficou mais de 1°C acima dos níveis pré-industriais. Parece pouco, mas não é.

Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), ligado à ONU (Organização das Nações Unidas), estamos no período mais quente da história dos últimos 125 mil anos.

A culpa disso tudo é, sobretudo, das emissões de gases de efeito estufa causadas pela queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás, que retêm o calor em nossa atmosfera.