De Gandhi a Bolsonaro: líderes mundiais acumulam ataques como o de Kirchner
A tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na noite de ontem, pelo brasileiro Fernando Sabag Montiel, de 35 anos, que atualmente mora em Buenos Aires, assustou a todos.
Ainda não se sabe por que o brasileiro teria planejado o ataque, mas esse caso entra para a lista de atentados contra lideranças políticas, que quase sempre são motivados por diferenças ideológicas ou pela disputa de poder.
Ao longo da história há dezenas de atentados contra líderes em todas as partes do mundo, mas ao menos sete deles trouxeram grandes abalos na geopolítica mundial e no Brasil.
Jhon Kennedy
Em 22 de novembro de 1963, o 35º presidente dos EUA, John F. Kennedy, estava com sua esposa, Jacqueline Kennedy, em um desfile de carro em Dallas, quando foi atingido por dois tiros.
Os disparos foram efetuados pelo ex-fuzileiro naval Lee Harvey Oswald, do 6º andar do depósito de livros da Texas School, com um rifle Carcano de mira telescópica.
Segundo as investigações, o motivo dos disparos teria relação com a disputa de ideias com o sul dos EUA, que ainda adotava políticas de de segregação contra negros. Kennedy, por outro lado, havia prometido uma lei que daria direitos civis a todos os americanos.
Shinzo Abe
Em julho deste ano, o ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe foi baleado enquanto fazia um discurso em ato de campanha eleitoral na cidade de Nara.
O suspeito do crime é um japonês de 41 anos identificado como Tetsuya Yamagami, que teria usado uma espingarda de fabricação caseira. A morte chocou o país, onde é rara uma morte por arma de fogo.
Abe era o líder japonês que ficou mais tempo no cargo de Premiê e ficou conhecido por pela estratégia de recuperação econômica chamada "abenomics".
O criminoso, que seria um ex-integrante da Força de Autodefesa Marítima do Japão, teria alegado uma insatisfação com Abe e por isso queria matá-lo. A informação foi dada à "NHK", mas a polícia não confirmou o relato da estatal.
Jair Bolsonaro
O então candidato a presidente Jair Messias Bolsonaro sofreu um atentado num ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro de 2018.
Bolsonaro estava com apoiadores e era carregado nos ombros quando uma pessoa se aproximou e enfiou uma faca no abdômen, atingindo parte do intestino.
Jair foi levado à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, onde passou por cirurgia e sobreviveu, mesmo precisando usar uma bolsa de colostomia temporária.
Segundo a Polícia Federal, o atentado foi planejado e executado por Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, que foi preso em flagrante.
Ao final das investigações, a PF concluiu que Adélio agiu sozinho e cometeu o crime por 'inconformismo político' com as ideias de Bolsonaro. Posteriormente, um laudo apontou que Adélio tem doença mental, o que o torna inimputável para uma condenação pelo crime.
Yitzhak Rabin
O então primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, foi assassinado em Tel Aviv, no dia 4 de novembro de 1995, em uma manifestação pela paz entre palestinos e israelenses.
O crime foi cometido por Yigal Amir, um extremista judeu que rejeitava a política de Rabin, que tentava um acordo de paz entre os dois povos.
Foi no governo de Rabin que saiu o primeiro acordo de paz com os palestinos, em 1993, o que o fez ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Rabin chegou até mesmo a conseguir os acordos de Oslo que poderiam levar a uma pacificação do conflito, mas, com o atentado e o passar dos anos, a tensão na região voltou a se acirrar a ponto da guerra perdurar até os dias atuais.
Francisco Ferdinando
O atentado sofrido pelo arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, é talvez a morte que causou a maior cadeia de eventos violentos na história, já que foi o estopim da 1ª Guerra Mundial.
Ferdinando e a mulher, duquesa Sophie, foram mortos a tiros em 28 de junho de 1914, na cidade de Sarajevo, quando viajavam para a Bósnia a fim de assistir a manobras militares e inaugurar obras.
O assassinato foi cometido pelo terrorista sérvio Gavrilo Princip, de 19 anos, que fazia parte de um grupo de jovens que não tolerava os supostos ideais expansionistas da monarquia sérvia.
O atentado foi tão grave, que a Áustria declarou guerra contra a Sérvia, acusada de cumplicidade no crime, o que culminou na 1ª Guerra Mundial.
Mahatma Gandhi
Mohandas Karamchand Gandhi, ou mais popularmente chamado de 'Mahatma Gandhi', foi um revolucionário hindu que promoveu uma campanha pela libertação da Índia, que foi mantida por dois séculos como colônia da Inglaterra.
A maior marca de Gandhi era a forma pacifista como lutava para garantir os intuitos do povo, sendo mais comum a realização de grandes greves de fome.
Mesmo após conseguir grandes direitos ao povo indiano e a independência do país, parte da população era contra Gandhi porque o revolucionário também combatia o tradicional sistema de castas da Índia, defendendo os direitos dos menos favorecidos da sociedade.
Em janeiro de 1948, Gandhi viajou para Nova Délhi e estava cercado de seguidores quando um fanático hindu o matou com três tiros. O criminoso, Nathuran Godse, era editor de um jornal nacionalista e membro de uma organização político-religiosa contrária a política de Gandhi.
Martin Luther King
O americano Martin Luther King sofreu diversos atentados durante o período em que lutou pelos direitos dos negros, o que garantiu a ele o Prêmio Nobel da Paz em 1964.
Assim como Ghandi, o americano pedia uma luta por direitos pacifista e, apesar de não ocupar um cargo de poder, sua influência com o povo o garantia grande força política.
Em 28 de agosto de 1963, uma marcha liderada por Martin, pelos direitos civis e pela paz, reuniu 250 mil pessoas em Washington, onde proferiu o discurso "I have a dream".
Mas logo após a premiação do Nobel da Paz, no dia 4 de abril de 1964, Luther King levou um tiro no rosto durante um atentado e morreu na sacada do Lorraine Motel, em Memphis.
O autor do crime foi o presidiário foragido James Earl Ray, que via em King um traidor. Ele também afirmou que as marchas organizadas por ele enfraqueceram o país.
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