Com Michelle, Bolsonaro abre campanha na cidade onde foi ferido com facada
O primeiro lugar em que Jair Bolsonaro (PL) pedirá votos na tentativa de reeleição será a cidade onde recebeu a facada na última corrida presidencial, Juiz de Fora (MG). Ele chega ao município com o mesmo pedido e o mesmo discurso de 2018. Em sua fala, o presidente deve criticar a esquerda, acenar aos evangélicos e martelar a pauta conservadora.
As diferenças serão as companhias. Ausente dos palanques em 2018, Michelle Bolsonaro deve estar com o presidente em todos os eventos do dia. Também houve uma troca de generais. Hamilton Mourão (Republicanos) deu lugar a Braga Netto (PL) como candidato a vice-presidente.
Qual é a programação? A organização deste primeiro ato de campanha contou com a participação do deputado estadual de Minas Gerais Bruno Engler (PL). A chegada de Bolsonaro está prevista para 11h no aeroporto.
Em seguida, haverá um encontro com lideranças religiosas —sugestão do senador e candidato ao governo Carlos Viana (PL), que pertence à igreja Batista e sugeriu um aceno aos evangélicos. Para dar um caráter mais amplo ao evento, foram chamados padres. Engler adiantou que não há confirmação de que a primeira-dama vá falar ao microfone.
Na sequência, Bolsonaro segue em motociata até rua Halfeld, esquina com a Batista de Oliveira. Haverá um carro de som para o primeiro discurso público de campanha. Engler não quis arriscar previsão de número de pessoas e ponderou que terça-feira é dia de trabalho.
O que ele deve falar: A respeito de discurso, Engler espera que Bolsonaro fale da alegria em fazer campanha na rua, que defenda a liberdade, os valores cristãos e lembre as diferenças entre seu governo e a esquerda —como já vem fazendo. Sobre o pronunciamento ocorrer onde aconteceu o atentado a faca, o deputado estadual avalia que há simbolismo.
Ele vai recomeçar a campanha pela reeleição o lugar em que teve de encerrar a última [campanha]."
Por que voltar a Juiz de Fora? Engler disse que a ideia de o primeiro ato ser realizado na cidade mineira partiu do núcleo da campanha. Depois de terminar os compromissos de campanha, Bolsonaro retorna a Brasília para a posse de Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Questionado se existe alguma orientação para o candidato à reeleição evitar falar de urnas eletrônicas ou criticar o sistema eleitoral, o deputado estadual afirmou que "ninguém" determina o que o presidente fala.
Desta vez, sem visita a hospital: A Santa Casa de Misericórdia, local para onde Bolsonaro foi levado depois de sofrer a facada, esteve próxima de ser um novo destino em Juiz de Fora, mas foi retirada da agenda. Mesmo assim, o salão nobre está preparado para a recepção. Também foram providenciados itens de segurança.
O candidato a reeleição visitou o hospital no mês passado na primeira vez que retornou à cidade desde a campanha de 2018. Na ocasião, integrantes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) perceberam que há janelas grandes e transparentes. Para fechar este gargalo, os vidros serão "acortinados".
- A questão integridade física é levada muito a sério por todos os candidatos.
- Lula (PT) cancelou um evento de abertura da campanha em São Paulo por questões de segurança.
Funcionários da Santa Casa que conversaram com o UOL disseram que o Bolsonaro é informal e mantêm a esperança de que ele mude o cronograma. Apesar da expectativa, alguns médicos incluíram nome na lista para estar num espaço reservado nos eventos em outros locais. A aposta deles para ver Bolsonaro é mais segura. A Santa Casa deverá se vestir de festa para ficar em casa.
Campanha em cidade comandada pelo PT. O ato de abertura da campanha de Bolsonaro escolheu uma cidade de administração do PT. Margarida Salomão está no cargo desde 2021. Ela orientou sua equipe a atender todas as demandas da campanha do candidato a reeleição.
A Secretaria Municipal de Comunicação informou que a organização ficou a cargo do GSI, que trabalha em parceria com o Exército. Mas a pasta acrescentou que as solicitações encaminhadas ao município foram providenciadas. Elas consistiram no apoio da Guarda Municipal e Secretaria de Mobilidade Urbana. Ambas ficaram responsáveis por garantir o fechamento de algumas vias e concessão de alvarás para circulação de carro de som.
Nas ruas, expectativa: A Lanchonete Internacional funciona bem no ponto onde Bolsonaro vai estacionar o carro de som nesta terça-feira. Não houve pedido para fechamento e a expectativa é de funcionar no momento do discurso. Eleitor do presidente desde 2018, o atendente Odair José, 48, espera tomar um café com o candidato à reeleição. Ele contou que a presença dele na cidade foi o assunto do balcão ontem (15).
Nem a goleada do Flamengo passou perto."
Mas, de acordo com ele, o público estava bem dividido entre Bolsonaro e Lula e não foram poucas as pessoas que reclamaram do presidente. Treinado o balcão, o comerciante concordava com todos os clientes.
Guilherme Gomes, 43, quer dinheiro e não afago de Bolsonaro. Ele já tem uma foto com o candidato, que fica no canto de sua barraca cheia de itens domésticos, como ralo e controle remoto. O eleitor de Bolsonaro lamentava que as vendas estavam fracas ontem, mas se resignava porque foi assim nas aparições anteriores. "É no dia que ele tá aqui que a coisa esquenta." Escolado, apostou em bandeiras e camisetas, os itens mais buscados.
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