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Ucrânia encontra cemitério coletivo com 450 corpos em cidade reconquistada

Cruz em cova de desconhecido em uma floresta de Izium, na Ucrânia, com o número "187"; Ucrânia diz que cemitério improvisado tem 440 corpos - Oleksandr Khomenko/Reuters
Cruz em cova de desconhecido em uma floresta de Izium, na Ucrânia, com o número '187'; Ucrânia diz que cemitério improvisado tem 440 corpos Imagem: Oleksandr Khomenko/Reuters

Do UOL*, em São Paulo

16/09/2022 09h22Atualizada em 16/09/2022 09h40

O governo da Ucrânia anunciou nesta sexta-feira que 450 sepulturas foram encontradas perto de Izium, cidade do leste do país reconquistada recentemente das forças russas.

Ontem, o presidente Volodymyr Zelensky havia citado a descoberta de "valas comuns", sem detalhar o número de pessoas enterradas ou a causa das mortes. De acordo com Oleg Kotenko, secretário do governo para a busca de pessoas desaparecidas, "muitas pessoas morreram de fome" durante o período da ocupação nessa área.

No Twitter, o conselheiro da presidência ucraniana Mikhailo Podolyak referiu-se às 450 sepulturas encontradas no local como "enterros em larga escala".

"Durante meses, o terror, a violência, a tortura e os assassinatos em massa reinaram nos territórios ocupados", acrescentou.

Esquadrões antibombas trabalham na área para procurar possíveis minas ou artefatos explosivos.

Valas podem ter civis que morreram por fome, diz membro do governo. De acordo com Oleg Kotenko, a descoberta das covas coletivas foi possível graças a um vídeo publicado nas redes sociais.

Nas imagens, um homem afirma: "Temos que retirar os cadáveres dos soldados ucranianos do necrotério e enterrá-los, porque a Ucrânia não os quer".

Kotenko disse que as covas foram cavadas durante os combates no momento da tomada da cidade pelas forças russas em março, e também durante a ocupação russa, que terminou na semana passada. O local tem 443 sepulturas.

"Vi o número 443", declarou Kotenko à AFP, antes de informar que o total de mortos é calculado de acordo com os números, embora "algumas sepulturas possam conter duas ou três pessoas".

Kotenko afirmou que "as sepulturas sem nome são as de pessoas (encontradas) na rua".

"Muitas pessoas morreram de fome. Esta parte da cidade estava isolada, sem abastecimento. As pessoas estavam bloqueadas, nada funcionava".

Cemitério improvisado na cidade ucraniana de Izium - Oleksandr Khomenko/Reuters - Oleksandr Khomenko/Reuters
Cemitério improvisado na cidade ucraniana de Izium
Imagem: Oleksandr Khomenko/Reuters

Nesta sexta-feira, as autoridades ucranianas levaram um grupo de procuradores públicos, agentes de polícia e jornalistas para verificarem pessoalmente a fossa comum.

Para além da descoberta, os repórteres já relataram terem visto cemitérios improvisados nas residências e em áreas florestais, com dezenas de cruzes simples, e constataram a destruição de Izium por conta de ataques aéreos e terrestres. Estima-se que 80% das construções tenham sofrido danos estruturais ou foram destruídas.

ONU irá investigar cemitério coletivo. Após a divulgação das imagens, a ONU (Organização das Nações Unidas) informou que pretende enviar uma equipe de especialistas para investigar o local.

Contraofensiva ucraniana

Desde o início do mês, a Ucrânia recuperou o controle de milhares de quilômetros quadrados, graças a uma contraofensiva executada em várias frentes de batalha contra as tropas russas. Os avanços mais importantes aconteceram na região de Kharkiv, na fronteira com a Rússia.

Izium tinha quase 50 mil habitantes antes da guerra e foi cenário de combates intensos na primavera (outono no Brasil), antes de ser tomada pelos russos. Ela foi transformada em um ponto crucial para o abastecimento das tropas russas.

As forças russas foram acusadas pela Ucrânia de cometer atrocidades nos territórios ocupados, incluindo Bucha, uma cidade próxima a Kiev de onde as tropas de Moscou se retiraram no fim de março e onde foram encontrados dezenas de corpos de civis executados. A Rússia negou ter cometido os crimes.

O chefe da polícia nacional, Igor Klymenko, também informou que cerca de 10 "câmaras de tortura" foram encontradas em cidades recuperadas em toda a região de Kharkiv, incluindo as duas em Balakyia, que já haviam sido reveladas por políticos do país.

*Com informações da AFP, ANSA e RFI