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A mulher que trocou marido por condenado à perpétua, 21 anos mais novo

Toby Dorr, norte-americana famosa por viver romance com homem condenado á prisão - Reprodução/Facebook
Toby Dorr, norte-americana famosa por viver romance com homem condenado á prisão Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/09/2022 09h24

Uma mulher de 64 anos tomou uma atitude curiosa ao abrir mão de um casamento e uma vida estável com dois filhos para viver um romance com um homem 21 anos mais jovem. O detalhe é que o amado é um condenado a prisão perpétua por homicídio. O caso virou um livro e acabou na prisão dela própria, após ajudar o detento a fugir da prisão.

Residente em Washington, nos Estados Unidos, Toby Dorr sentiu que sua vida estava entediante e precisava de mudanças. No entanto, ela foi diagnosticada com câncer de tireoide, o que fez surgir o desejo de seguir um novo rumo.

Em entrevista ao jornal britânico The Sun, ela detalhou o seu drama e sua necessidade por aventuras, que a levou à paixão e a auxiliar na fuga do centro de detenção. Hoje, Dorr já é casada com uma terceira pessoa, mas ainda nutre carinho pelo condenado por homicídio.

"Em 2004, minha vida era tão monótona", relembra Toby Dorr, de 64 anos, moradora de Washington (EUA).

"Eu estava casada havia 26 anos. Como nossos dois filhos, então com 20 e 24 anos, se mudaram, simplesmente não tínhamos nada em comum. Queria seguir a minha paixão. Eu sempre amei animais, então decidi começar um grupo de resgate de cães, treinando filhotes abandonados e encontrando novos lares para eles".

Trabalho na prisão

Toby foi chamada para participar de um projeto de adestramento de cães em uma penitenciária no Kansas, que contaria com o apoio dos presos para o treinamento com animais. Para ela, não importava os crimes cometidos por eles, mas a forma como cuidavam dos cães. Depois de sete semanas de trabalho voluntário, ela conheceu um detento que a deixou perturbada.

"John era alto, com cabelos ruivos, mas o que realmente me impressionou foi sua confiança. Ele me disse que eu precisava dele para ser meu próximo adestrador de cães. A maneira ousada com que ele falou realmente se destacou para mim. Fiquei intrigada. Ele parecia diferente dos outros presos e havia uma conexão desde o início", declarou ela.

Após um ano de trabalho na penitenciária, Toby e John ficaram muito próximos e desenvolveram uma amizade. Ela ficou bastante sensibilizada com o carinho recebido por John quando descobriu que o pai estava com câncer e quando o homem a protegeu de um ataque de outro presidiário. Dessa maneira, surgiu uma paixão entre eles.

"Foi como um choque elétrico. A atração que eu sentia era esmagadora. Naquela noite, não consegui tirar John da cabeça. No dia seguinte, caminhando juntos, ele disse: 'Acho que me apaixonei por você'. Apesar de estarmos em uma prisão, parecia que éramos as duas únicas pessoas no mundo. Sim, eu era casada. Mas esse amor já tinha ido embora havia muito tempo. Quando finalmente tivemos nosso primeiro beijo, dois meses depois, foi incrível", declarou.

Fuga da prisão

Toby ficou ainda mais surpresa quando John pediu a ela para ajudá-lo a fugir, para que pudessem ficar juntos. No início, a mulher se recusou a cometer o crime e alegou ser uma loucura. No entanto, John havia planejado tudo e disse que ela poderia tirá-lo do complexo escondido em uma van.

"Pensei: 'Meu Deus, isso poderia funcionar!' Eu estava tão inebriada de amor que teria feito qualquer coisa. A lógica voou pela janela", afirmou.

Em fevereiro de 2006, a idosa retirou o dinheiro reservado para a sua aposentadoria, alugou uma van com um nome falso e conseguiu tirar o amante da cadeia. Ela o levou para uma cabana alugada nas montanhas do Tennessee onde se esconderam. Mas, para Toby, todo aquele cenário de fuga criminosa parecia com um filme de romance.

"Muitas mulheres têm fantasias loucas. Isso era meu e eu estava realmente fazendo isso. Foi tão inebriante que não pensei no meu marido ou nos meus filhos", afirmou. "O sexo era tão apaixonado que não nos cansávamos um do outro. Mas a pressão de estar fugindo nos deixou tensos. Colocamos perucas para ir ao cinema e jantar, mas não conseguimos relaxar".

O clima romântico não durou muito tempo, doze dias após a fuga, o casal foi localizado pela polícia e, assim, se iniciou uma perseguição. Apesar dos esforços, John e Toby foram pegos e condenados à prisão. Ele recebeu mais dez anos de detenção, enquanto a idosa foi condenada a dois anos e três meses.

"A vida que eu tinha antes acabou. Meus filhos e o meu marido não falam comigo. Meu divórcio saiu um dia antes de a minha sentença começar. Mas meus pais incríveis me deram todo o apoio".

Toby deixou a prisão em 2008. Ela recomeçou sua vida trabalhando como web designer e conheceu Chris, com quem se casou mais tarde. A mulher também decidiu transformar suas memórias em livro e escreveu a obra "Living With Conviction" ("Vivendo com Convicção", em tradução livre), lançada em junho de 2022.

Em 2016, ela finalmente tomou coragem e foi visitar John na cadeia, com o apoio do novo marido.

"Dar um abraço em John naquele dia teve um poder tão curativo. Eu ainda me importava com ele e queria saber se ele estava bem. Saí muito mais leve. Agora enviamos e-mails como amigos. Agora não reconheço a mulher triste e infeliz que ajudou John a escapar da prisão. Mas eu me recuso a ter vergonha. Porque tudo o que fiz, o bom e o ruim, me tornou a mulher que sou hoje", concluiu Toby, em seu livro.

Errata: este conteúdo foi atualizado
O título informou incorretamente que o detento foi condenado à morte. Na verdade, ele pegou prisão perpétua. O conteúdo foi corrigido.