Gigante misterioso: O que é o peixe-lua, maior peixe ósseo do mundo?
Vivendo em profundidades que ultrapassam os 400 metros, o peixe-lua ou peixe-mola é considerado o peixe ósseo mais pesado do mundo. De aparição dispersa em várias regiões do mundo, muitos indivíduos desse grupo impressionam pelas marcas significativas, como o espécime encontrado em Portugal, em dezembro de 2021, com 2.744 kg e 3,25 metros de comprimento.
Peixes ósseos são aqueles que têm o esqueleto formado predominantemente por ossos, diferentemente dos cartilaginosos, que são formados por cartilagem, como os tubarões e raias.
Biólogo e mestre em ecologia e biomonitoramento, Clarêncio Baracho explicou ao UOL que os peixes-lua são divididos em cinco espécies e podem ser encontrados em todos os oceanos temperados e tropicais ao redor do mundo. Inclusive na costa brasileira, onde podem ser observados perto da região de Cabo Frio (RJ).
"É um peixe que embora possa mergulhar até regiões profundas, é muito encontrado próximo à superfície, mas sempre na região oceânica. Entretanto, na região produtiva de Cabo Frio, caracterizada pelo fenômeno da ressurgência, que traz águas frias e produtivas do fundo para a superfície, esses animais são mais facilmente encontrados próximos da costa", declarou.
"Eles são nadadores desajeitados, abanando suas grandes nadadeiras dorsais e anais para se mover", comentou a bióloga Cadidja Gomes, bacharel em biologia marinha e água doce pela Universidade de Kingston, na Inglaterra. "Seu alimento de escolha é a água-viva, embora coma também peixes pequenos e grandes quantidades de zooplâncton e algas. São inofensivos para as pessoas, mas podem ser muito curiosos e, muitas vezes, se aproximam de mergulhadores", diz.
Segundo a bióloga, é comum observá-lo quando a temperatura da água oscila entre 13°C e 17ºC. São peixes de águas profundas e podem se desenvolver em uma faixa que vai de 30 a 480 metros de profundidade. No entanto, costuma ser mais comumente encontrado entre 30 e 70 metros. Apesar das correntes marinhas, é capaz de mover-se tanto horizontal quanto verticalmente, graças ao uso de suas barbatanas.
Estima-se que o peixe-lua possa viver cerca de dez anos, sendo considerado o vertebrado mais fértil do planeta, pois uma única fêmea consegue produzir 300 milhões de ovos. Os peixes-lua eclodidos inicialmente pesam menos de um grama. Um dos aspectos particulares dessa espécie é sua incrível diferença de tamanho de quando nasce até se tornar adulto.
Apesar dos altos índices reprodutivos, no Brasil ele está na lista dos peixes ameaçados de extinção e, no mundo, encontra-se na categoria de vulneráveis da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), entidade internacional que estabelece as categorias de ameaça a fauna e flora do planeta.
"Os peixes-lua são frequentemente presos em redes de pesca, inclusive aquelas que estão à deriva, conhecidas como redes fantasmas", esclarece Baracho. "Eles também podem se sufocar ingerindo lixo marinho, como sacos de plástico, que se assemelham a águas-vivas, seu principal alimento".
Migrações alimentares
De acordo com Cadidja, os pesquisadores sugerem a ideia de que essa espécie faz movimentos migratórios para latitudes onde há mais concentração de zooplâncton, principalmente durante a primavera e o verão.
Também suspeita-se que faça movimentos em direção à superfície para capturar os animais que se desenvolvem principalmente nessa área, como algumas medusas e as espécies menores das que se alimentam.
Mas não se descarta também essa movimentação em direção a zonas mais rasas por conta da infestação de parasitas em sua pele. "Muitas vezes a infestação é tão grave que eles convidam pequenos peixes ou até mesmo pássaros, como gaivotas, para se alimentar das criaturas irritantes. Eles chegam até a saltar para fora da água, na tentativa de se livrar desses parasitas", conta a bióloga.
Avistamentos incomuns
Em dezembro do ano passado, um espécime de peixe-lua gigante foi encontrado por Rich German e Matt Wheaton, que estavam praticando remo em Laguna Beach, no estado norte-americano da Califórnia. "Tinha de dois a três metros de comprimento, muito maior do que eu", disse German ao tabloide britânico Daily Star.
Em março do mesmo ano, um peixe-lua da espécie Masturus lanceolatus foi achado por surfistas e chamou a atenção de quem passava pela praia da Leste-Oeste, em Fortaleza. Ele apareceu após a maré baixar e acabou morrendo na areia da praia.
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