Marca de seu pontificado: por que o papa Francisco lava os pés dos presos?
Era 13 de março de 2013 quando foi eleito o primeiro papa latino-americano da história e também o primeiro jesuíta. Hoje, o papa Francisco comemora seus 10 anos de pontificado, mantendo-se fiel a seu estilo simples e reforçando sua intenção de trazer novidades à instituição milenar da Santa Sé.
Naquela noite, o bispo de Roma, ao lado do amigo brasileiro, o cardeal Dom Cláudio Hummes, já indicava as linhas do seu pontificado: a Igreja deve ter misericórdia, estar presente nas periferias, olhar para os marginalizados e nunca esquecer os pobres.
Atualmente, ele vive em um apartamento sóbrio, rejeitando o suntuoso Palácio Apostólico, e frequentemente quebra outros protocolos:
- almoça com pessoas em situação de rua,
- lava pés de presidiários em cerimônias,
- prefere usar uma linguagem franca,
- anda em carro popular,
- propõe Sínodos (reuniões para avaliar os caminhos da Igreja)
Desde que foi eleito papa, decidiu continuar a tradição que mantinha quando era arcebispo de Buenos Aires: lavar os pés de presos, refugiados, doentes e outros desfavorecidos.
Lava-pés como símbolo de amor
O hábito do papa Francisco de beijar e lavar os pés é uma referência ao ato feito por Jesus em seus discípulos durante a Última Ceia.
Recorrentemente, ele visita presídios e repete a cerimônia, explicando que a lavagem de pés não é "folclore".
Segundo ele, era uma tarefa que os escravizados faziam antigamente quando chegava alguém em casa, para limpar o pó dos sapatos, e que Jesus utilizou com a intenção de "semear amor".
"Ele, que era o chefe, que era Deus, lavou os pés de seus discípulos (...) Isto era feito pelos escravos. Jesus deu a volta nisto e fez Ele próprio. Tinha vindo ao mundo para servir, para nos servir, para tornar-se escravo por nós, para dar a vida por nós, para nos amar até o final", disse o papa numa ocasião.
Francisco defende que o papa, como representante de Cristo, está destinado a ser o primeiro a "servir" e "semear o amor" no mundo.
"O chefe da Igreja é Jesus. O papa é a figura de Jesus e deve fazer o mesmo que ele fez", explica.
Durante uma missa na penitenciária Regina Coeli, a maior de Roma, ele falou: "Eu sou pecador como vocês, mas hoje represento Jesus, sou embaixador de Jesus. Quando eu me ajoelhar perante cada um de vocês, pensem: 'Jesus se arriscou neste homem, um pecador, para vir até mim e dizer que me ama'."
O papa também já estimulou os próprios detentos a seguir esse "símbolo" e ajudar os companheiros de cárcere.
"Eu não lhes digo para um lavar o pé do outro, seria uma loucura. Mas digo que, que se podem prestar uma ajuda, um serviço, a companheiros de cárcere, façam isso. Porque isso é amor, é como lavar os pés. Ser servo de outros."
Além disso, ele usa as cerimônias para pregar que "todos têm a oportunidade de mudar de vida, sem ser julgado".
"Não se pode conceber uma penitenciária como essa sem esperança. Os hóspedes estão aqui para aprender, para fazer crescer a esperança", falou. "Cada um tem a oportunidade de mudar de vida e não tem de ser julgado."
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